Dizem que a definição de insanidade é fazer a mesma coisa de novo, e de novo... e de novo, e esperar resultados diferentes. Eu entendo o sentimento por trás disso, mas está errado.
Eu entrei no prédio por causa de uma aposta, eu estava desesperado por dinheiro e eu nunca caí nessas velhas lendas do hotel, para começar. Cinquenta reais eram mais que suficiente para eu aceitar. Ha!, era simples! Bastava chegar no último andar — o quadragésimo quinto —, ligar a minha lanterna em uma das janelas lá de cima para provar que eu subi, e pronto, o dinheiro estaria na minha mão.
O hotel era velho e destruído, inclusive o elevador, o que significa que eu tive que subir pelas as escadas. Então lá fui eu. Degrau após degrau...
Enquanto subia, notei as antigas placas de bronze numerando cada andar. 15... 16... 17... 18... Eu me sentia um pouco cansado mas até então nada de fantasmas, nada de monstros, nada de demônios. Ah, moleza!
Eu não sou capaz de dizer o quão feliz eu fiquei quando cheguei no último lance de números. Com alegria, eu comecei a contá-los em voz alta: 40. 41. 42. 43. 44. 44.. 44...
Eu parei e olhei para as escadas atrás de mim. Eu devo ter contado errado. Então, eu comecei a subir.
44.
Mais um lance de escadas.
44.
Eu desci dez lances de escadas.
44...
Eu desci quinze lances de escadas!
QUARENTA E QUATRO!
E tem sido assim... desde onde sou capaz de me lembrar ha ha ha ha!...
Toda verdade, a definição de insanidade, não é fazer algo repetitivamente e esperar resultados diferentes. É saber... é saber que os resultados nunca vão mudar e que cada porta vai me levar sempre as malditas mesmas escadas. Para o mesmo número. 44... E perceber que você já não dorme mais. É não saber se você está correndo a dias, ou semanas, meses, ou anos... Enquanto o choro começa a se transformar em uma risada descontrolada. Hahahahahaha... 44.
44...
quarenta e quatro.
