Não Vai Ser Tão Ruim

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{Por Ele}

Já era tarde quando eu a vi pela primeira vez. Acertei tudo com o pai desesperado e aflito pela manhã e só me encarreguei de começar os planos de protege-lá depois de assinar o contrato.
Entre os carros estacionados à espera do sinal positivo do semáforo, eu a avistei falar empolgada ao telefone no encostamento. Não tinha pressa. Sorria. Seus cabelos delicadamente louros e encaracolados pairavam no vento que encarava o vidro do carro meio aberto. Era linda. Mais linda do que eu imaginei através da foto que me mostraram quando aceitei encarar essa tarefa.
Eu estou à par de todos os riscos que ela corre. Sei de tudo o que ela nem imagina que possa estar acontecendo. Aprendi a não me chocar com a bagagem de sustos e perdas inesperadas que trago no coração que quase endureceu. Mas, por alguns motivos que eu desconheço, tive vontade de mante-la segura desde o início. E não sei se isso tem a ver com a minha profissão.
- É... Parece que não vai ser tão ruim assim ter que ficar de olho nessa mulher. Murmurei enquanto a observava. É bonita! Muito bonita! Elogiei sem que soubesse.
Continuava presa ao celular. Sorria várias vezes. Não olhava para lugar algum a volta. Suas atenções estavam voltadas à um único entusiasmo: A sua conversa longa ao celular.
- Tem simpatia até falando ao telefone. Admirei. Nunca gostei de novela mas... Acho que vou começar a ver viu. Ironizei, bem humorado.
Permaneci idealizado por um tempo. Ela não largara o posto que mantinha desde que cheguei. O tédio já se aproximara quando finalmente abriu a porta do carro ainda presa ao celular. De pé era ainda mais encantadora. Também me levantei quando vi que sua desatenção ao atravessar a rua era muito pequena. Talvez até observasse tudo, sempre. Mas, por olhar apenas de um lado a outro, percebendo o asfalto totalmente abandonado decidiu seguir adiante.
- Cuidadoo!!! Me atirei sobre ela sem sequer me apresentar, quando vi que um carro preto de vidros foscos vinha apavorado em sua direção. Qualquer coincidência não era acaso algum. Eu devia mesmo estar ali. Ainda bem que estava. Era a minha primeira tarefa. Era preciso protege-lá. Senti pela primeira vez a responsabilidade enorme quando encarou assustada o fundo dos meus olhos e quase sorriu. Grata. Amedrontada. Inocente. E eu me deixei encantar. Me encantei por Malu desde já.
                       
                        ♡

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