Promessas impossíveis de natal

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Já se passaram três meses. Muitas coisas aconteceram em três meses. Só que eu não mudei, mas vamos primeiro falar das coisas boas. Primeiro foi minha irmã, Sally está completamente nova e feliz, ela descobriu que ama cozinhar doces e começou a trabalhar com isso, meus pais a apoiaram muito nessa vez já que viram como ela estava bem, os negócios estavam indo extremamente bem. Kay se mudou para Paris e trabalha como garçonete em um restaurante chique, ela e François estão dividindo um pequeno apartamento com uma colega de trabalho, ela está amando a cidade e tudo dela, ás vezes conversamos e ela prometeu vir me visitar quando tiver férias, depois daquele dia na praia nos tornamos amigos. Jamie e Penélope estão namorando, foi apenas vinte dias desde aquele dia que se beijaram para ele fazer o pedido e ela aceitar, ele está fazendo-a feliz, às vezes ele me pede dicas, mas quanto mais o tempo vem passando eu não ando conseguindo demonstrar felicidade com este fato e quanto mais passa, mais eu vejo que eles estão felizes.

Como eu estou? Eu não sei bem responder. Eu tinha um vespeiro dentro de mim, ele não me causaria nada se eu não fosse um estúpido e o atacasse com uma estaca de madeira fazendo tudo que estava lá dentro ser liberto com raiva. Era assim que eu me sentia. Eu poderia viver tranquilamente apenas com a ideia de não ter Penélope, agora sou obrigado a aceitar a felicidade dela que eu mesmo provoquei, eu fiz sentimentos voltarem á tona no momento mais desnecessário.

Estamos na época do natal, as aulas acabaram e todos estão no maior espírito de felicidade e caridade, fazem promessas ao vento dizendo ser melhores nos próximos natais, que promessas furadas, nunca vamos mudar. Somos condicionados á viver fazendo promessas e dizendo que estamos bem quando simplesmente isto é a maior desculpa para cometermos mais erros, querido Papai Noel, eu não fui um bom menino esse ano, mas prometo que no próximo eu serei e então mereço ganhar meu presente. Não vamos mudar.

Sozinho no meu quarto, o abajur de Stormtrooper iluminava as paredes vazias enquanto eu olhava para o teto ao som de Tom Odell, ele é o cantor favorito de Penélope Fell, foi por ele que ela atravessou o país apenas para ver seu show, aquelas músicas eram tão depressivas, mas cabiam ao momento. Recordo-me de nossa última vez, Penélope estava sentada ao pé de sua cama com os headphones no máximo volume, eles tocavam "Another Love", ela fingia não estar me vendo e concentrar-se apenas na música e quando ela acabou, pude ver seus olhos marejados e ela disse que aquela música cabia á mim certamente e então ela disse as piores palavras do mundo:

"Olha, quer mesmo saber, isso aqui está maçante faz muito tempo e agora eu entendo, eu não vou mais te incomodar e terei a sorte nunca mais te ver na minha vida, passar bem".

Aquelas palavras ecoavam em minha cabeça como um soar de sinos, eram lembranças demais colocadas na mesa, eu nunca iria superar o fato de ter tido um ano perfeito com a garota ideal e agora perceber que tudo está acabado e por minha culpa! Estaríamos felizes agora! Estaríamos construindo planos juntos assim como construo plantas de arquitetura, eu não me importaria em dizer que gostaria de passar toda a minha vida com ela e simplesmente no dia que eu me graduar-se a pediria em casamento sem hesitar, teríamos uma família ou qualquer coisa assim.

Eu me permiti fantasiar tudo isso, sem nenhum perdão de mim mesmo ou dos sonhos dela, eu me permiti chorar por ser um completo idiota e por ter estragado tudo, eu não quero acreditar que tudo acabou. Levanto-me e saio do quarto, vou em direção a pequena sala cujo um barulho acontecia, eu estava sozinho então precisava ver o que era. Ao chegar ao local vejo uma pequena arvore artificial colocada na mesa da televisão, várias caixas de presente estavam no chão e uma garota virada de costas, usando um casaco vermelho, enfeitava a pequena árvore. Era a projeção de Penélope Fell.

- Miles – ela disse amistosa quando me viu – que bom que saiu do seu quarto, preciso de ajuda com as luzinhas de natal.

- Está ficando tudo muito bom – disse sentando ao seu lado, Penélope estava feliz e sorridente, ela sempre amou o natal – porque você está aqui?

- Porque você quis eu esteja aqui – ela me respondeu, notei que seu semblante mudou, ela não parecia mais feliz e sim confusa, talvez seu semblante projete o que eu estava sentindo.

- Algum dia, eu vou viver feliz sem você? – perguntei, eu tinha muitas perguntas.

- Você só vai saber se me libertar... – disse Penélope tocando em minha mão, parecia tão real.

- Mas como te libertar Penélope? – indaguei – se eu fizer isso, tudo que vivemos terá sido em vão e vou me esquecer...

- Então você me quer aqui, se é assim precisa conviver com a dor – ela mostrou frieza quando disse aquelas palavras – você não percebe que tudo isso – ela mostrou nosso redor – é uma lembrança do passado, não vai se repetir mais, porque não cria memórias novas?

- Elas não serão com você – respondi, meu olhos começam a marejar.

- Faça esse favor por mim, por você, por nós. Enfrente isso – ela aperta com mais força minha mão, queria me confortar.

- Eu nunca devia ter terminado – confesso, uma lágrima escapa.

- Não importa como começamos ou como terminamos o que realmente importa foi o que vivemos.

Aquela frase de certa forma tocou meu coração. Era irrelevante como conheci aquela garota ou como terminei com ela, o que valia a pena era tudo que vivemos, cada recordação, cada palavra, cada risada, cada momento de tristeza.

- Liberte-me Miles... – a Penélope da minha mente some da minha frente. Era época de natal, eu devia fazer a promessa de enfim libertar isso de mim, de nós.

Como Conquistar Esta GarotaOnde histórias criam vida. Descubra agora