O vilarejo, o prisioneiro e a Rainha de Guerra

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Olhando para o horizonte vi um movimento um tanto quanto incomum, em um lugar como esse.

- Me chamo Alex. - Disse meu tigre, cortando meus pensamentos. - Prazer, vou ser seu parceiro por aqui, e no mundo real vou poder me disfarçar de qualquer coisa para estar sempre perto de você. Sou seu protetor.

- Então agora eu tenho um tigrinho? Que fofo. - Respondo, me abaixando para ficar à sua altura.

- Olha o respeito. - Avisa, em um tom desafiador.

- Oh, claro. Bom, acho que você já tem mais experiência que eu nesse game. Poderia me dizer se o que estou vendo realmente é uma vila?

- É sim, você é um tanto sortuda, certo? - Diz, olhando para mim curioso.

- Falamos disso depois. - Repreendo. O que eu menos queria neste momento era ter que contar ao meu mascote o quanto as pessoas do mundo real me odeiam. Descobri que tinha gente fazendo até oração pra eu sair da escola! Se eles soubessem que eu sou a "X", nunca mais me tratariam assim.

Começamos a andar em direção ao desconhecido vilarejo. Não levaria muito tempo, considerando o fato de que posso voar, graças a algumas poções que tinha comigo.

- Mas... Como são os humanos? - Ele puxa assunto. - São bonitos como você?

Senti corar. A única pessoa que me falou algo desse tipo havia sido minha mãe, e na época eu nem era totalmente capaz de compreender o que significava a palavra  "bonito".

- Ah... São legais.

- Eu sempre quis conhecer eles! Aqui na SkyLand, os Magical Humans e os Royal Humans não são muito legais. - Alex diz, com uma carinha triste.

- Olha! Estamos chegando! - Aviso, animada. - De cara já estou vendo...

- Guardas. - O mascote me responde. - Eles vão nos barrar.

- Vão nada, eu sou a filha da Meredyth!

- Ela ainda não disse oficialmente que encontrou sua filha. Vão nos barrar.

Quando fui perceber, já era tarde demais para tentar fugir.

- Quem são vocês? - Disse o homem barbudo cheio de armaduras. 

- Prazer, Chantelle se apresentando. 

- Ah, tá, e quem é Chantelle? - Ele responde, sarcástico.

- Éé... Sou filha da Rainha de Guerra.

- Ah vá, é mesmo? E eu sou o filho do rei de toda a SkyLand. - Diz.

- Querido, só me deixa passar e pronto. - Nesse momento, senti uma leve batidinha na minha perna. Olhei, e vi Alex mexendo a cabeça querendo dizer um "não".

Em uma tentativa falha de passar por debaixo de seu braço, ganhei uma lança espetando meu peito.

- "Querida", se continuar assim, vou ser obrigado a te mandar para as masmorras.

Coloquei meu dedo na ponta da lança e fui a afastando para longe de meu corpo, em uma área de distância segura.

- É mesmo, é? - Respondo. - Que interessante.

- Para com isso! - Alex grita. - Você é burra? Ele vai nos prender!

- Não, eu sou mais inteligente que esse guardinha, aí. - Aviso, sem me tocar que o homem desconhecido e armado estava olhando pra mim.

- Desacato à autoridade. Muito comum. Está presa. - Responde, calmamente, prendendo minhas mãos e amarrando o Alex.

- Você tem demência. - O pequeno tigre diz. - Muita demência.

A força, fomos levados até a prisão, e jogados em uma sela já ocupada por um homem.

- OI - Ele disse. - NOSSA, VOCÊ É DA MINHA ESPÉCIE!

- Claro. Eu acho que sou um ser humano. Mas só acho mesmo.

- Ah, me desculpe, estou aqui a tanto tempo que mal tenho visto outras pessoas.

- E o que vocÊ fez para estar aqui por tanto tempo assim?

- Nada demais, eu roubei uma fruta do pomar da Rainha, e pra servir de exemplo, ela me deixou por aqui com os ratos. Deve ter esquecido de mim.

- Tem ratos aqui? - Grito, desesperada.

- Oláá - Diz o tigre. - Eu ainda estou aqui.

- E quem são vocês? - Pergunta o prisioneiro.

- Sou Chantelle, filha da rainha de guerra.

- Sério mesmo? Ah, tá.

- Por que ninguém acredita em mim?

- Porque a Rainha não pode ter filhos. - Alex diz. - Você foi um milagre, concebido pelos deuses.

- Nossa... Tá, mas como é seu nome? - Respondo.

- Cody. - Fala. - Cody Thomps.

- Uh, belo nome.

- Não é não. - Diz o tigre. - Nome esquisito.

- Afe. 

- Precisamos sair daqui. Vamos começar a procurar.

Passei a mão em torno das coisas, e bati em algo parecido com um alçapão, que se abriu assim que meu salto azul o tocou.

- POR QUÊ ISSO NÃO ACONTECEU COMIGO? - Cody disse, indignado.

- Eu sou princesa, querido.

Victory - Muito além de um vídeo-gameOnde histórias criam vida. Descubra agora