Doubts

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A claridade presente no quarto era tanta, que abrir os olhos se tornara uma tarefa difícil por um breve momento. As lâmpadas de LED e as paredes brancas deixavam o ambiente intensamente claro, o lugar era frio e um tanto quanto melancólico. Depois de certo tempo, consegui acostumar-me com a claridade e analisar brevemente o lugar em que me encontrava.

Apoiando-me em minhas mãos, levantei vagarosamente a parte superior do meu corpo, tendo uma visão mais ampla do local. A cama de metal posicionada de frente para uma porta branca com uma pequena janela circular no centro, ao meu lado um criado-mudo de metal com duas gavetas pequenas, impulsionei-me de forma rápida tentando sair da cama, mas meu corpo se encolheu e soltei um murmurio doloroso com o movimento brusco quando minha cabeça doeu ligeiramente. Esperei por um longo tempo aquela dor se esvair até tentar me movimentar de novo, sutilmente colocando as pernas para fora, quando os meus pés descalços tocaram no chão senti um pouco mais de frio, tudo ali era incontestavelmente gélido e o silêncio era quase ensurdecedor.

Andei  cautelosamente até a porta que não tinha fechadura, apenas uma pequena luz vermelha, eu não reconhecia nem um pouco aquele local. Impulsionei-me para cima ficando na ponta dos pés, mas tudo que conseguia ver pela pequena janela era um corredor extenso e mais paredes brancas, sem sinal de qualquer presença ou movimentação de qualquer outro ser era existente ali.

Me dirigi até o criado-mudo, abrindo delicadamente a primeira gaveta. Existia uma única folha de papel ali, olhei novamente para a gaveta franzi o cenho ao ver que em seu canto estava cravada a sigla "MKU". Abri a segunda gaveta e nela havia um pequeno caderno com uma capa azul e uma caneta preta, tomei os dois objetos em minhas mãos e pude perceber a mesma sigla no canto da segunda gaveta, mas um barulho alto de rodas se arrastando contra o chão vindo do lado de fora me assustou, fechei ligeiramente as duas gavetas e escondi os dois objetos debaixo do meu travesseiro, toda a rapidez exercida na tarefa de voltar para a cama me deixou tonta, ainda me sentia fraca e os meus olhos pareciam nunca se acostumar com toda aquela claridade.

A pequena luz na porta que antes era vermelha tornou-se verde, e pude ouvir quando ela foi rigidamente aberta, o som assemelhava-se com uma sirene que soou por poucos segundos. Novamente o som de rodas se arrastando sob o piso soou. Apressei-me em manter os olhos fechados e fingir que ainda dormia, eu queria respostas mas não sabia quem era a pessoa que acabara de invadir o quarto em que me encontrava, nem o que queria. Meus pensamentos foram interrompidos por uma risada baixa.

– Você finge muito mal. – Me assustei quando voz feminina e suave soou próxima ao meu rosto.

Me permiti abrir os olhos e ver a mulher ao meu lado, os cabelos castanhos eram claros e jogados de lado, ela esboçava um sorriso fraco, vestida com um jaleco branco. Em seu jaleco estavam estampadas as iniciais LV em letras pretas. Ela deixou um carrinho de comida ao seu lado e segurava uma bandeja em suas mãos, um recipiente redondo ocupava aquele espaço e eu consegui sentir o cheiro de canja. Minha boca salivou um pouco e meu estômago fez um barulho, lembrando-me de que eu sentia fome.

– Onde eu estou? – Perguntei enquanto forçava meu corpo para cima para sentar na cama, gemendo baixinho por causa da dor de cabeça. Ela apenas permaneceu em silêncio, deixando a bandeja em meu colo, apressei-me para pegar a colher ao lado e capturar o máximo de comida possível. – Você poderia, por favor, responder a minha pergunta? – Levei a colher até a minha boca, sentido o gosto da comida um tanto sem sal, fazendo uma careta depois de sentir aquele sabor horrível. Ela riu novamente.

– Não tenho permissão para te dar respostas, eu só vim trazer-lhe comida. – Seu olhar intercalava entre meu rosto e o recipiente com canja, seus olhos eram castanhos claros, tão claros que chegavam a ser quase verdes.

Patient 27 {camren}Onde histórias criam vida. Descubra agora