02 - Sai demônio!!

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- EU VOU JOGAR ESSE BICHO DA JANELA - Amélia estava com toda a certeza da face da terra, ultra, mega power, on the best consternada. O que ela ia fazer com uma vaca?! Aquele bicho nojento e fedido só traria problemas para a menina.
- Senhorita se acalme, vamos arranjar uma solução - A empregada tentava controlar a fúria da menina, mas novamente a vaca mugiu trazendo outra onda de ira pela sala.
Amélia se levantou e foi até o pequeno bicho, a vaquinha recém nascida, olhava atentamente para os olhos da dona, com um interesse quase inspirador.
- Escute aqui sua... sua... - Amélia gritou consternada, sem saber como denominar o animal.
- Judite, senhorita - Pois é, ajudando era a última coisa que Gracie, a empregada, estava fazendo.
- Gracie agora não! - Então se voltou para Judite, que, parecendo entender a fúria recuou ao grito da dona - Você, se emitir qualquer som, qualquer sugeira, se você, ser nojento, ousar... Gracie, coloque ela no quarto de hóspedes... Ousar sair daquele cômodo, EU VOU TE TACAR DA JANELA!! ME ESCUTOU?!
A única resposta que obteve foi um mugido assustado. Amélia estava para gritar novamente com a pobre vaca, quando seu celular tocou.
- O QUE É?!
- Desculpe incomodar senhorita Gilbert, mas alguns funcionários relataram ver coisas estranhas nos elevadores.
- Tudo bem, vou ver isso!
- Use as esc...
E a ligação foi cortada, sem escutar um pingo da última frase, Amélia foi como um furacão para o andar de cima.
- Senhorita! Senhorita! - Gracie chamava incansavelmente, mas Amélia a deixava em um vácuo eterno, mas mesmo tendo o posto de empregada, ela era um ser humano, que por irônias da vida odiava com todo o seu ser, ser deixada no vácuo - SENHORITA AMÉLIA!!
- O QUE É GRACIE?!
- Onde a senhorita vai? Preciso saber, para poder alimentar a Judite.
Gracie, a pesar de odiar muitas coisas, continha uma calma interna, mas infelizmente Amélia não repartia o mesmo sentimento de calma, a menina era um poço de stress e agressividade.
- Para a empresa do meu pai!! Os funcionários tão vendo alucinações no elevador!
A menina revirou totalmente os olhos, logo voltando a sua corrida até o quarto.
- CADÊ AQUELA JAQUETA?! - Olhou debaixo da cama, no guarda roupa, mas não encontrava - GRACIE CADÊ A MINHA JAQUETA?!
A empregada cansada daquela muvuca, subiu as escadas lentamente.
- A senhorita usou ela ontem, está lavando, use aquela ali.
Novamente sua calma estava ali, mas Gracie e Amélia eram dois polos opostos, Amélia não sabia o que era calma.
- Ok ok - Saiu do quarto pondo a jaqueta sobre a regata cinza, correndo escada abaixo, tropeçando e batendo a cara no chão no último degrau, Judite vendo o tombo de Amélia, mugiu, trazendo mais raiva e menos paciência e calma para a dona.
- O QUÊ É BICHO?! VAI RIR?!
Amélia bufou e correu para seu carro. Mimada como sempre, Amélia esperava ganhar um motorista quando ganhou o carro, mas a única coisa que ganhou foi o carro mesmo.
Amélia tinha carteira de motorista, mas com toda a certeza o cara da autoescola foi subornado, porque se tinha uma coisa que Amélia não fazia direito, essa coisa é dirigir, agia como se estivesse no filme Velozes e Furiosos, super rápido e super arriscado, com um toque de Jogos Vorazes: "Pernas para que te quero!!" (Os pedestres), "Eu quero matar todo mundo aqui!! Meros humanos!!" (Amélia).
Ela fez o caminho que geralmente levava dez minutos, em pelo menos três e sem dúvidas assustou algum pobre pedestre que vivia sua vida feliz.
- Onde estão?! - Agressiva, irritada, sem paciência, eram palavras para descrever a vice-presidente da empresa.
- Na sala de reuniões, senhorita.
Não esperou que lhe aconselhassem ir pelas escadas, correu até o elevador, mas, sinceramente, a coitada deveria ter escutado o conselho.
Logo que entrou no elevador as luzes começaram a piscar, Amélia já começava a sentir medo, mas orgulhosa do jeito que era, não ia admitir, nem para si mesma, que sentia medo, pelo menos não tão cedo.
Não tão cedo? Pois é! Talvez ela tenha admitido até muito cedo, quando a menina com cabelos na cara, corpo cortado, camisola cheia de sangue, apareceu.
- Ai cassete!! - Amélia tentou se afastar, mas a meninas se aproximou mais.
- Amélia... - Aquela voz sinistra causava arrepios em Amélia.
- Como tu sabe meu nome garota?? - Seus olhos estavam para saltar das órbitas, de tanto medo.
- Améli...
- Sai demônio!! Sai!! Sai!! - Sim meu povo, Amélia havia mesmo tirado seu salto e atirado na menina - Vamo demônio!! Sai daqui Satanás!! Sai!! Sai!!
A menina, com algumas marcas roxas a mais, chegou mais perto ainda de Amélia.
- Puta que pariu, demônio!! SAI!!
Para piorar a situação, Amélia quase espancou a coitada da menina com seu salto.
Por que quase?? Porque no momento que a coisa ia ficar realmente feia, mais feia que a menina com a camisola, a porta do elevador se abriu, mostrando os funcionários responsáveis pela muvuca rindo, provavelmente esperando uma Amélia desesperada, mas encontrando uma Amélia com um salto na mão, gritando para o demônio sair e uma menina quase espancada pelo salto de Amélia.
- Amélia...? - Aquela era a voz de Vitor, seu namorado.
Sim senhoras e senhores, a senhorita Amélia Gilbert estava ferrada.

Uma vaca em minha vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora