Meu nome é Caio, inicio clichê não é? Talvez mas provavelmente não inventaram muitos outros jeitos de começar uma história. E essa é a minha, a história de como eu me apaixonei pela garota mais incrível das galáxias.
Era verão daquele ano, e abri os olhos naquela bela manhã, as janelas estavam fechadas mas eu ouvia os pássaros cantando do lado de fora do meu quarto. Vi meu relógio, eram 5:10. Tudo bem, eu ainda tinha cinquenta minutos. Sem vontade de me mexer, corri os olhos pelo quarto. Tinham múltiplos posters dos Beatles, eu era sem duvida um grande fã. Decidi que estava na hora de levantar, estiquei as pernas e desliguei o ar com os próprios dedos do pé, cada um com seus talentos estranhos, certo?
Me levantei de um salto, sai do quarto andando até o banheiro em silêncio para não acordar meus pais. Na frente da porta me deparei com um menino magrelo, alto, cabelos rebeldes e olhos verdes com o rosto coberto de sardas; esse menino era eu. Longe de ser um garoto mídia, com poucos amigos, viciado em xadrez, Beatles, livros e vivendo uma vida monótona mas de um certo modo confortável. Esfreguei os olhos e entrei no banheiro, verifiquei o relógio novamente 5:19, era melhor eu me apressar. Escovei os dentes, tentei pentear o cabelo, embora não tenha dado muito certo. E fui me trocar, colocando minha camiseta de Star Wars favorita. Assim, calcei meus tênis, peguei minha mochila e sai do apartamento.
No ponto de ônibus, encontrei meu amigo, possivelmente um dos únicos. João Pedro, ou JP como o costumávamos o chamar; era um garoto alto de pele cor de café com um senso de humor relativamente infantil e cursava economia como eu, éramos amigos desde pequenos, quando íamos um para casa do outro.
- JP, fala ai grande! - falei acenando ao ver se aproximar do ponto.
- E mais um dia quente no Rio de Janeiro. - disse esticando os braços. - Já está preparado para festa de carnaval na casa do Luca hoje?
- É, ele me falou. - disse. - Ainda não tenho certeza se vou.
- Oras! Por que não? Essa é sua chance de conhecer alguma menina tão certinha e chata como você. - disse dando um sorriso amarelo.
Dei-lhe um soquinho no ombro, ele riu.
- Soube que a Helena vai estar lá. - disse colocando as mãos no peito e fazendo uma cara sonhadora. - Também acho que a amiga dela Naomi vai estar lá.
- Naomi? - peguntei sem saber quem era.
- É, uma garota lá que cursa astronomia, sabe? - disse, fiz que não. - Uma baixinha de cabelos curtos, pintados de rosa, usa umas roupas meio esquisitas sabe?
- Não faço a menor ideia. - falei.
Assim nosso ônibus chegou, subimos nele, dei o dinheiro para o caixa e entrei. Sentei-me em uma janela e observei o céu, era um dia ensolarado, sem muitas nuvens; o clima estava árido e limpo. Um dia de verão ótimo. Senti JP sentar do meu lado, ele pegou um livro da mochila e pôs no colo.
- O que está lendo? - perguntei.
- Toda Poesia, escrito por Paulo Leminski. - disse mostrando o exemplar.
- Está se interessando por poesia? - perguntei. - Não sabia que você gostava.
- Na verdade, eu odeio poesia. - disse abrindo um sorriso, me deixando confuso. - Estou lendo por que não quero parecer um completo idiota na frente de Helena.
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Contos Terráqueos
Short StoryQuatro contos diferentes e de algum jeito, relacionados um com o outro. Viajaremos sobre as vidas que quatro pessoas diferentes, com histórias diferentes e de alguma forma ligam entre si. Amores, mistérios, felicidade, tristeza; e tudo isso em um "l...