Eu estava em dúvida entre o branco e o rosa, a indecisão estava me matando. Comprei dois biquínis no dia anterior e ainda não sabia qual usar para ir ao coquetel de verão dos Fasano. Eu estava indo totalmente obrigada por Maria, minha melhor amiga. Depois de algumas horas lutando com que roupa iria, decidi usar o branco, que apesar de ter a parte de baixo menor, as franjas e a renda de cima davam um toque de elegância. Me olhei no espelho e gostei do que vi. A festa seria na casa de praia que eu mais achava uma "mansão" propriamente dita. Não podia deixar de ficar nervosa pelo simples fato de que Afonso Fasano estaria lá. Fazia algum tempo que não nos falávamos, a última discussão fora crucial para passarmos um mês sem nenhum contato direto. Já vestida com a roupa de banho por baixo de um short jeans e uma blusa regata, me direcionei a geladeira para pegar o delicioso pavê que tinha feito especialmente para Mari.
Assim que saí de meu apartamento, já estava ansiosa para conduzir meu querido fusca azul que não era muito usado, já que eu morava ao lado de uma estação de metrô. Lá estava ele, lindo e glorioso. Claive havia sido de meu irmão Caleb, e agora que ele estava morando fora do país eu o estava usando. Não que ele usasse sempre, porque tinha outro carro... Claive era apenas... Da família. Coloquei minha bolsa de praia e a bolsa térmica com o Pavê no banco do carona e dei a partida.
As rodovias do Rio de Janeiro estavam bem movimentadas. Era véspera do feriado da independência do Brasil, e muitas pessoas aproveitavam para visitar cidades vizinhas, assim como eu. Naquele dia saí muito cedo de casa, demoraria umas quatro horas até chegar à cidade de Paraty e mais trinta minutos até a casa de praia. Meu celular começa a vibrar me tirando os pensamentos. Era mari.
- Mel! – Afastei imediatamente o telefone do ouvido por causa do grito dela.
- Já estou no caminho Mari, e estou levando uma surpresinha para você! – Disse.
- Surpresa?! Maravilha! O que é? – Por mais que eu quisesse falar, uma surpresa nunca seria um segredo se eu dissesse.
- O nome já diz.... É uma surpresa. Mas posso adiantar que é algo muito gostoso. – Falei sorrindo.
- Ah! Não é possível! Você fez meu Pavê! Você é a melhor amiga do mundo! – Não tinha como esconder nada de Maria, eu poderia ter feito qualquer outra sobremesa, mas ela acertou justamente a que eu levava.
- Você é Terrível. – Falei.
- Mel, mudando de assunto, estou escutando um barulho bem característico de um fusca.... Não me diga que você pretende passar as próximas três horas e meia nessa geringonça! - Revirei os olhos cansada dessa mesma discussão de sempre.
- Maria, não fale assim de Claive. Você sabe o apreço que tenho por esse carro antigo que me serviu muito bem e ainda me serve. Por favor, não vamos fazer com que isso seja o teor de uma discussão, principalmente agora que já estou a caminho. – Disse. Não mencionei o fato de que eu estava ignorando o irmão dela a quase um mês por conta de uma discussão parecida envolvendo meu fusca.
- Tudo bem, mas escute o que vou lhe dizer.... Se você não chegar aqui até o meio dia eu vou chamar equipes de busca! – Maria sempre era dramática.
- Pare de drama. Beijos. – Encerrei a ligação.
Viajar sozinha era bom. Você não precisaria colocar músicas que agradassem quem estivesse com você, e além de tudo, era um ótimo tempo para pensar sobre a vida. Enquanto conduzia tranquilamente escutando Dido, meus pensamentos divagaram para tudo o que eu havia passado. Caleb e eu sempre fomos muito unidos, ele era para mim a pessoa mais importante do mundo, sempre fazendo o impossível para me ver feliz. Ele me ajudara a pouco mais de um ano e meio a montar minha floricultura. Eu amava jardinagem e tudo que estava envolvido. Para mim era indispensável uma casa sem plantas. Passamos uma grande parte de nossa infância e juventude morando em Petrópolis, na pequena fazenda de tia Venusia, que ficava ao lado de uma das propriedades dos Fasano, uma família de origem Italiana, muito rica, que estava no ramo da exportação de grãos. Infelizmente nossa mãe havia falecido muito precoce e só nos restara titia, já que não sabíamos nem o paradeiro de nosso pai. Bloqueei meus pensamentos instantaneamente, não queria seguir por essa linha de raciocínio. Pensar nele era sempre muito traumático para mim.
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Ardente devaneio
RomanceMelina sempre foi rodeada de proteção por parte de seu irmão, mas ela não é mais uma garotinha. Hoje é uma mulher feita e sabe muito bem o que quer, apesar de ser um ímã para confusões. Depois que seu irmão vai embora para o exterior, ela se verá di...