Capítulo Sete

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O sol já brilhava lá fora e encontrava os corpos dos dois jovens deitados no chão graças a alguns buracos de ferrugem nas paredes do armazém abandonado.
Natasha foi quem acordou primeiro. A cor já tinha voltado ao rosto de Johnny, sua respiração havia se acentuado. Ele parecia bem. Então ela decidiu andar por aí, talvez encontra algo para comer.
Agora que estava claro, aqueles enormes galpões pareciam com hangar de aviões, mas na verdade era um tipo de píer, onde barcos enormes eram dispostos em vários estágios de construção. Felizmente era sábado, talvez ninguém aparecesse por lá.
Natasha andava distraída, enquanto pensava na noite passada, quando sentiu algo gelar sua nuca. Um cano de ferro. O cano de uma arma.
- Achou mesmo que poderia fugir de mim para sempre? – A voz de Saulo ressonava por de trás dela – Seu plano era perfeito não é mesmo? Se esconder aqui, ninguém ia notar. A não ser o segurança noturno.
Droga! Pensou consigo mesma. Como alguém poderia deixar um lugar como aqueles sem ninguém. Ela não tinha pensado nisso. Será que estou ficando mais devagar? Se indagou enquanto Saulo mandava que ela se virasse.
- E onde está o seu parceiro? – Perguntou ela.
- Aquele velho? – Ele riu – está te procurando a quilometro daqui. Não queria que ele me atrapalhasse de novo. Então eu o mandei para bem longe, enquanto resolvia esta ocorrência, invasão noturna nos galpões do píer.
Isso era ruim. Aquele cara estava atrás de Natasha a muito tempo, e agora que estava sozinho com ela, sabe-se lá Deus do que ele seria capaz.
Ele mandou que ela se ajoelhasse.
- Onde está aquele seu namoradinho? – Perguntou ele – Adoraria que ele visse isso.
- Vai se ferrar! – Ela cuspiu nele de novo. Dessa vez em seu rosto.
Saulo desferiu um golpe contra seu rosto, o que a derrubou no chão. Seu nariz sangrava agora.
- Já disse menininha! – Seus olhos emanavam raiva – Dessa vez o velho não vai te proteger!
Alguma coisa acertou Saulo bem na cabeça. Ele cambaleou e deixou a arma cair. Johnny havia o golpeado com um pedaço de madeira, mas não fora o suficiente para derruba-lo.
- Rápido Natasha! – Gritou Johnny – Pega a arma!
Ela pulou em direção a arma. Saulo também. Mas Natasha pegou primeiro.
- Afaste-se! – Ordenou ela.
- Calma garota – Saulo tentou coagi-la – eu sou o oficial aqui... se me ferir eles não vão acreditar em você.
- Não pretendemos voltar – sem hesitar Natasha atirou na perna de Saulo. Que caiu gritando de dor. Ela jogou a arma fora.
- Sua puta! – Gritou ele entre dentes, enquanto tentava papar o sangramento.
- Não se preocupe – respondeu ela – você não vai morrer.
Johnny estava sem palavras. Natasha acabara de atirar em um homem, como se não fosse nada. Algo como fascínio e terror tomavam seu ser.
- Natasha você atirou em um homem... – Johnny estava atônito demais para formular as palavras – Não podemos deixa-lo aqui.
- Ele não é um homem – ela respondeu fria – e não vai morrer. Logo estarão aqui, irão encontra-lo. Agora vamos.
- Não! – Johnny não conseguia se mover.
- Johnny – Ela disse calmamente – não há tempo para isso. Veja!
Ela apontou em direção a estrada, onde outras viaturas estavam vindo na direção deles. Então ele correu, junto com ela. Foi quando percebeu que se quisesse continuar nessa aventura teriam que fazer coisas inimagináveis para ele. E o melhor jeito parecia seguir Natasha.
Não pare! Pensou ele para si mesmo.
- Eu vi uma coisa enquanto andava por aqui – gritou Natasha, as viaturas já passavam pelo portão.
Logo a frente deles, uma pequena embarcação estava estacionada na água, amarrada no píer. Johnny entrou enquanto Natasha soltava as cordas.
- Se segura – ela disse para ele quando subiu a bordo – Já vi uma dessas antes, não são difíceis de guiar.
- Então vamos! – Gritou Johnny – já estão aqui!
Ela ligou o motor. Os policiais pularam para fora do carro, pegaram as armas, dispararam, atingiram a lataria. Natasha pegou firme no manche e acelerou, o barco ganhou velocidade.
- Não vai fugir de mim outra vez... – Murmurou Saulo, se arrastando, pegou a arma do chão e disparou.
Talvez por sorte, ou azar, a bala atingiu bem no tanque de oxigênio que estava na poupa do barco. Um único tiro. Uma faísca foi o suficiente. Uma grande bola de fogo engoliu a embarcação. Ela foi parando de se mover lentamente, enquanto queimava.
Saulo estava com um sorriso demoníaco no rosto.
- Eu consegui... Consegui! Eu matei... Matei aquela vagabunda...

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