O Anônimo

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Ei, tudo bem?
Te vi hoje cedo, desculpa não ter falado com você, quero lhe desejar as boas vindas à cidade, soube que chegou a pouco tempo. Seja bem vida, Lisa Morgan.

Olhando para a tela do celular, não entendi muito bem o por quê de alguém me desejar "boas vindas" no anonimato, mas educadamente o respondi:
- Muito obrigada, mas quem é? E como conseguiu meu número?
A pessoa não respondeu mais, achei que fosse brincadeira de alguém e deixei pra lá, mesmo com um pouco de curiosidade.
Mamãe apareceu para me desejar um boa noite, trazendo com ela uma xícara de achocolatado quente. Nos abraçamos e ela ficou deitada comigo até eu adormecer.
Na manhã seguinte, já estava em frente a escola esperando dar o horário. O portão abriu e logo entrei, indo direto para a sala de aula, quando recebi a seguinte mensagem:
- Oi, não tinha visto sua mensagem, me perdoe por está mandando mensagens anônimas e seu número consegui no grupo do whatsapp da sua turma. Obs: Você está linda hoje.
Ok, a pessoa que me manda mensagem é da minha escola e eu não faço a mínima de quem é. Virei pra Sam e disse:
- Sam, ontem me mandaram uma mensagem anônima e acho que essa pessoa é daqui da escola. - sussurrei
- An? Você tem um admirador secreto?
- Algum problema aí? - diz a professora.
- Uuuh! - vaia a turma
- Não, nenhum!
- Fala baixo, claro que não! Olha a mensagem...
- Meu Deus, será que é bonito?
- Isso é sério, eu não faço a mínima ideia de quem seja.
- E se for um estuprador?
- Acho que não, a pessoa estuda aqui...
- Continua falando com ele, mas sem entrar em detalhes da sua vida.
- No recreio, tenta ver se alguém está mexendo no celular ou me olhando, caso chegar alguma mensagem.
- Ok.
No intervalo, lancho com minha amiga, quando Ashley chega:
- Nossa, mal chegou e já tem admirador secreto, quem iria gostar de você?
- Não tenho, mas como você sabe?
- As notícias correm mais rápido do que você imagina, só espero não ter que ver uma garibalda querendo se aparecer.
- Mas eu não fiz na...
- Nada? - riu, derrubando meu lanche.
Todos estavam olhando para mim, Sam olhou para os meus olhos enchendo de lágrimas e me tirou dali. Eu fui humilhada na frente de todos, mesmo não fazendo nada.
O sinal bateu, indo todos para a sala de aula, quando esbarrei com "o menino gato", ele estava com os amigos dele, abriu um sorriso, me pediu desculpa e saiu. No final da aula, ainda pensando no ocorrido do intervalo, admito que meu coração está partido.
Fui pra casa e logo mamãe reparou meu rosto triste, mas evitei fala sobre o assunto. Entrei para o meu quarto, tomei um banho, deitei, peguei o celular e havia mensagens do "admirador".
- Sinto muito pelo que a Ashley fez com você, não liga pra ela.
Me vendo em uma situação "triste", resolvi conversar com ele:
- Eu estou bem! Quem é você?
Meia-hora depois ele me respondeu, mas ainda mantendo em segredo sua identidade. Comecei a conversar com ele e fiquei o dia todo no celular. Confesso, essa pessoa é incrível e à partir daquele momento nós não paramos de conversar.
Mora em Atlanta, tem 18 anos, seu pai é um empresário muito conhecido, gosta de jogar bola, nos dias livres faz musculação, estuda, viaja para vários lugares. Simpático e educado, essa pessoa com quem eu converso me faz muito bem.
Passando se algumas semanas, eu ainda vou a escola, aguentando a implicância da Ashley, estando com a Sam e conversando com o anônimo. Eu não faço a mínima ideia de quem seja, mas estou me apaixonando, isso é loucura, pois eu nem o conheço.
Eu e Sam, fomos ao shopping. Chegamos, assistimos à um filme, lanchamos e eu logo disse:
- Sam, eu estou apaixonada!
- Mas Lisa, você nem o conhece...
- Sim, eu sei. Mas a tal pessoa, me faz tão bem, ele consegue fazer eu me sentir especial.
- Você está caidinha por ele, deveriam se encontrar...
- Você acha?
- Lógico, tira essa dúvida.
Eu olhei para ela e balancei a cabeça, concordando. Fomos embora.
À caminho de casa, duas pessoas começaram a nos seguir, logo percebi e alertei Sam, com muito medo. Mandaram ficarmos quieta, roubaram nossos pertences e me empurraram, fazendo com que eu bata a cabeça no chão, desmaiando.
Acordo, tento abrir os olhos e me vejo deitada em uma maca no hospital, logo em seguida chamo minha mãe, dizendo:
- Mãe, o que houve comigo? E a Sam?
- Você caiu filha, mas nada grave, a Sam está bem. Que bom que está tudo ótimo com você, te amo.
- Também te amo. -respondi
- Filha, tem uma pessoa querendo falar com você, disse que é seu amigo da escola.
Eu olhei pra ela com cara de desconfiada, e pedi que entrasse.
- Olá, Lisa Morgan! Sou eu com quem você conversa nas últimas semanas, desculpa ter demorado para contar. Soube que você estava em um hospital, fiquei preocupado.
Eu esfreguei os olhos, olhei novamente e quase tive um mini infarto ali no hospital mesmo, parecia ter borboletas no meu estômago. Ele estava com uma regata listrada, bermuda preta, com um buquê de rosas vermelhas em sua mão e um sorriso encantador. Olhei nos olhos dele e respondi:
- É você?

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