30. letters

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"O que está fazendo?" Perguntou se escorando no batente da porta e observando o homem sentado no sofá coma televisão ligada em sua frente enquanto o mesmo tinha o rosto voltado em direção à parede.

"Assistindo um filme." Ele respondeu com a tranquilidade costumeira, os óculos escuros sobre os olhos que insistia em esconder. "Ou ouvindo, eu acho."

Sinuhe suspirou, encarando a televisão onde um filme cheio de sons era reproduzido e negou com a cabeça.

"Sofia já deve estar chegando." Murmurou e Alejandro apenas fez um som em concordância, parecendo realmente concentrado no que fazia. "Ela está realmente gostando da universidade. Eu preferia que ela fizesse um curso mais sério como Direito ou Medicina, mas ela parece estar se dando bem com Cinema."

"Ela não é Camila para seguir tudo o que queremos." O homem murmurou, então o silêncio se seguiu por dois minutos seguidos fazendo com que ele suspirasse. "Me desculpe."

"Camila é médica."

"Eu estou orgulhoso dela."

"Você acha que ela fez isso por nós?"

"E não faria?" Alejandro voltou a perguntar, virando o rosto em sua direção. "Ela sempre foi apaixonada por música, sempre achei que seguiria esse caminho."

A mulher suspirou, se sentindo desconfortável de repente com o assunto repentino.

"Não falamos sobre ela faz mais de dois anos."

"Desde o casamento, eu sei."

"Sente falta dela?"

"Por mais que eu não concorde com tudo, ela ainda é minha filha." Alejandro passou uma das mãos pelo rosto e bufou irritado. "Já fazem mais de dez anos!" Socou a guarda do sofá. "Não se parece com uma fase. Você sequer se lembra do por que fizemos isso? Eu nunca mais vou ver o rosto da minha filha, Sinuhe. Eu não vi ela crescer, não a vi se formar na escola ou na universidade! Não vi e nunca vou ver porque eu estou cego!"

"Alejandro..."

"Isso deve ser pouco por tudo o que fizemos com nossa própria filha."

Sinuhe respirou fundo, observando que o rosto do homem se voltou para o barulho da televisão permanecendo sério. Uma lágrima escorreu pela bochecha de Alejandro e era como se sentisse a dor dentro de si.

Porém, então, a campainha tocou. Duas vezes seguidas.

"Eu vou atender, já volto." Avisou, por mais que não fosse obter resposta. Encarou-o uma última vez e então caminhou em direção a porta da frente da casa.

Assim que a abriu, viu um homem com uma pequena caixa em mãos e com um uniforme completo dos correios.

"Sinuhe Cabello Estrabão?" Ele perguntou lendo algo em sua prancheta antes de a encarar.

"Sim."

"Entrega para a senhora." Virou a prancheta em sua direção. "Poderia assinar aqui?"

"Eu não me lembro de ter pedido algo." Resmungou, mas assinou o papel que lhe foi estendido. "Quem enviou?"

"A senhora..." Encarou a caixa com uma expressão concentrada. "Lauren Cabello-Jauregui." Assentiu com a cabeça, pegando a prancheta com papéis e entregando a caixa para Sinu que parecia petrificada. "Passar bem."

Assentiu estupidamente com a cabeça, observando o carteiro sumir do seu campo de visão subindo em uma moto e acelerando rua abaixo.

Cabello-Jauregui.

"Quem era?!" Ouviu Alejandro gritar de dentro da casa e suspirou, finalmente saindo do seu transe e fechando a porta para poder retornar para dentro da casa.

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