Namoro Virtual (Romance Lésbico)

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Anne:
Acordo cedo e fico relembrando por alguns minutos o sonho que tive nessa noite, fecho meus olhos e ainda consigo sentir o cheiro de álcool com facilidade. Alguns sonhos são tão reais que parece que todas aquelas coisas realmente aconteceram, muitas das vezes eu até consigo sentir o gosto de algumas coisas que como durante meus sonhos. Fico me perguntando, como será que meu inconsciente pode me fazer lembrar com tanta nitidez até dos sabores?
Essa noite eu sonhei que estava trabalhando em um hospital​ e eu era uma anestesista. No sonho eu acabava cometendo um erro na hora de dar anestesia em uma paciente, e ela morria na mesa de cirurgia. Depois disso o meu sonho começou a ficar em câmera lenta. Todas aquelas enfermeiras, os médicos, cada detalhe daquele hospital, cada instrumento cirúrgico. Tudo era gravado nitidamente pelo meu cérebro, o cheiro de álcool era o que eu mais lembrava quando acordei. Mesmo que eu trabalhe em uma clínica odontológica, nada é comparado com aquele cheiro de álcool que todos hospitais tem, e aquele cheiro sem dúvidas é o que mais me causa calafrios em hospitais. Toda vez que eu sinto aquele cheiro dentro de um hospital, só me vem lembranças ruins.
Me alongo e vejo Alaska deitada nos meus pés. Vou até ela e dou um beijo em sua cabeça, e ela em seguida se espreguiça.
Me levanto e vou até o banheiro, faço minha higiene matinal e quando abro a porta vejo Mariana vindo em direção ao banheiro.
-Bom dia _ ela diz esfregando os olhos.
-Bom dia. Vai precisa de carona hoje? _ pergunto e ela acena positivamente com a cabeça.
Vou até meu quarto e escolho a roupa que irei usar hoje: uma blusa cinza de mangas curtas, e um jeans rasgado. Depois de alguns minutos olhando para minhas roupas Brunella aparece na minha porta.
-Bom dia, Bru_ digo e me aproximo para abraça-lá.
-Bom dia, Anne. _ ela diz e me aperta com força. - Você lembra o que me prometeu hoje né? _ ela pergunta me soltando de seus braços.
-Lembro sim. _engulo seco me lembrando o que havia prometido_ Quer escolher uma roupa bonita pra ir ver a mamãe? _ digo tentando parecer entusiasmada.
-Sim, eu irei escolher uma. _ ela diz e sai correndo para o seu quarto.
Me sento na cama e respiro fundo, eu havia esquecido completamente que tinha prometido para Brunella que iríamos na clínica. Mas, eu não posso simplesmente dizer que não iremos porque estou com medo da reação da minha mãe.
O grande problema de se conviver com um alcoólatra e que todas as atitudes que o indivíduo toma sob efeito da droga não pode se justificada, é como entrar em um trem sem destino e esperar em qual estação irá cair.
Me lembro da última visita que fiz a minha mãe, ela não estava aceitando bem a ideia de ter que ficar em uma clínica de reabilitação, ela achava que não precisava está lá, e com isso ela me agrediu verbalmente e fisicamente. Naquele​ dia eu decidi não ir mais visita-lá. Por mais que isso me doesse, eu não conseguia mais vê-lá me culpar por ser uma alcoólatra. Ela devia ter sido liberada da clínica há 2 meses, mas ela acabou fugindo e ido direto para um bar, então os médicos da clínica resolveram começa o tratamento novamente. Brunella nunca tinha ido na clínica, eu sempre inventava uma desculpa. Mas dessa vez, não vou conseguir persuadir-lá.
-Anne, você​ não vai tomar café da manhã? _Mariana me pergunta chamando minha atenção.
-Vou sim, eu só estava procurando a roupa que eu vou vestir. _ digo tentando disfarçar.
-Seria essa em cima da cama? _Mariana pergunta arqueando uma sombrancelha.
-É ... Acho que estou no mundo da lua hoje.
-Ou será que você está preocupada com o fato da Bru querer ir visitar a mamãe? _ Ela pergunta se aproximando.
-É.. Acho que isso serve também. _ digo e olho fixamente para seus olhos. - Você também vai querer ir? _ pergunto e a expressão dela muda.
-Não, eu não faço questão de ir vê-lá. Minhas lembranças sobre ela ainda são bem marcantes, eu prefiro só lembrar da mamãe antes do papai morrer. Aquela sim era a mamãe. _ ela diz e respira fundo.
-Tudo bem, vem cá _ digo estendendo os braços e ela se aproxima e se entrelaça em mim.
-Estou pronta _ Brunella diz e sorri.
-Tudo bem, vamos tomar café _ digo e me levanto indo em direção a porta.
Desço as escadas e vou direto para cozinha, me sento e logo depois Mariana e Brunella se sentam.
-O que você está aprendendo na escola, Brunella? _ pergunto e em seguida dou um gole no meu suco de morango.
-Eu estava aprendendo sobre como utilizar os pronomes adequadamente. _ ela diz e depois torce o nariz.
-Pronomes? Na minha época nessa idade eu ainda estava aprendendo os significados das palavras. _ Mar diz dando risadinhas.
-Mas, você está meio velha, Mar. _ Bru diz e pega mais um pão.
-Então, você deve me achar uma idosa né? _ pergunto fingindo indignação.
-Ah! Como minha professora diz: O que importa é como você se sente por dentro. _ ela diz e se levanta. -Irei pegar minhas coisas. _ e ela vai saltitando até o andar de cima.
- E você? Como está indo na faculdade? _ pergunto e Mar engole seco.
- Nada bem, finalmente eu entendi o que você queria dizer com "cansaço emocional". _ ela diz e dá um gole em seu suco.
-Pode ter certeza que nos próximos períodos as coisas iram melhorar. _ digo e dou um sorriso.
-Assim espero, as vezes me pergunto o porquê escolhi nutrição. Parecia bem mais fácil na teoria. _ ela diz e solta uma risada. - Vou pegar minha mochila, não quero te atrasar. _ ela se levanta e vai até o segundo andar.

                    Nina online
Nina: Bom dia amor! Você irá ver sua mãe hoje né?
Anne: Bom dia, amor. Irei sim, cruzes os dedos e torça por mim. Rs
Nina: Vai dar tudo certo. Me conta depois como foi, tá? Agora, tenho que ir limpar o vômito de uma criança. Kkk 
Tenha um bom dia, eu te amo.
Anne: Obrigada! Eu te amo.

Fico olhando fixamente para meu celular e me lembro do beijo que Luciana roubou de mim. Eu sabia que devia contar para Nina, não só sobre o beijo, mas também sobre meu envolvimento com Luciana. Mas, só faltava um mês para que eu finalmente conseguisse está frente a frente com ela. Eu não posso colocar tudo a perder sem ao menos está pessoalmente com a garota que eu me apaixonei.
-Anne? No que você está pensando? Brigou de novo com a Nina? _ Mariana me pergunta me tirando do transe.
-Não, eu só estava pensando em alguns problemas.
-Esses problemas por um acaso se chama Luciana? _ ela pergunta pegando uma maçã em cima da mesa.
-Sim, eu não sei como contar pra Nina. Querendo ou não, eu trair ela.
-Traiu, mas também não beijava alguém há mais de 3 anos. Eu sei que não foi só uma vez, mas você pode esperar mais algum tempo pra contar isso pra ela. Agora, ela deve está todo animada porque vocês iram se ver. Não estrague isso. _ ela diz e coloca uma das mãos em meu ombro.
-Talvez você esteja certa.
-Anne, você precisa se trocar. _ Mariana diz e eu olho para baixo e vejo que ainda estou de pijama.
Vou em direção ao me quarto e visto a roupa que eu havia escolhido mais cedo. Me olho rapidamente no espelho e dou um amasso em Alaska, e em seguida desço e com Brunella e Mariana saio de casa e entro no carro.
-Deixa eu escolher a música? _ Brunella me pergunta.
-Tudo bem _ digo e ela liga o rádio e escolhe Hey Jude dos The Beatles.
Depois de alguns segundos Mariana começa cantarolar​ a música e Brunella fica balançando a cabeça de um lado para o outro como se estivesse gostando da melodia da música.
Em 20 minutos chego na frente da faculdade de Mariana e ela desce do carro.
-Obrigada, Anne. _ ela diz e manda um beijo pra mim. Ela se aproxima da porta da frente do carro e deu um beijo na bochecha da Bru. - Se comporte em mocinha, até mais tarde.
Sigo em direção à escola da Brunella e depois de alguns minutos chego em frente à escola dela.
-Ah! Eu preciso ir senão, irei entrar atrasada. _ Bru diz e vem até mim e beija minha bochecha. - Não se esqueça de sair mais cedo para irmos até a clínica hein. _ ela diz e sai do carro apressada.
-Não irei esquecer, te amo, Bru. _ ela sorri e sai correndo para a entrada.
Meu celular toca, é Renata.
-Bom dia, Dr. Anne. _ Renata diz e eu escuto uma outra voz feminina no fundo.
-Bom dia, Renata. Aconteceu alguma coisa? _ pergunto estranhando seu telefonema.
-Não, eu só gostaria de lembrar que hoje a Dr. terá que atender os pacientes da Dr. Fernanda.
-Ai, eu havia me esquecido que hoje eu teria que cobrir ela. _ digo e levo uma das mãos a cabeça.
-A senhora quer que eu a avise que você não estará disponível mais tarde? _ ela pergunta e eu aperto o volante.
-Não, tudo bem. Eu disse que faria isso, só espero que termine mais cedo do que eu imagino que irá terminar.
-Ok. Então, até mais tarde. _ Renata desliga o celular.
Dirijo até a clínica odontológica e quando entro vejo uma fila de pessoas me esperando.
-Acho que eu demorei um pouquinho _ digo envergonhada a Renata.
-Só um pouco, eles estão esperando há uns 20 minutos no máximo.
Entro na minha sala, visto meu jaleco, e começo atender os pacientes.
O primeiro paciente à entra no meu consultório era um adolescente de 16 anos.
-Bom dia, Guilherme. _ digo e ele sorri.
-Bom dia, Dr. Anne. Será que hoje vai doer tanto quanto no dia que eu coloquei o aparelho? _ ele pergunta com uma expressão de preocupação.
-Não, Guilherme. Eu te garanto que você não sentirá tanta dor dessa vez, mas não se esqueça de me fazer uma visita todo mês. _ digo e ele dá uma risada.
Depois de Guilherme, eu atendi mais 17 pacientes e meu expediente chegou ao fim. Meu celular toca, é Brunella.
-Anne? Onde você está? _ ela pergunta com a voz abafada.
-Eu estou saindo do consultório agora, não se preocupe. _ digo tentando acalma-lá.
-Tudo bem, eu vou ficar te esperando. Não demore. _ ela diz e em seguida desliga.
Saio do consultório e vou até meu carro, sento no banco e respiro fundo e começo a chorar compulsivamente. Eu não queria ter que voltar naquele lugar, e a única coisa que eu consigo pensar é como será a reação da minha mãe em nos ver. Seguro no volante com força, e então dou partida no carro.
Você precisa se acalmar, Anne. Você precisa se acalmar. Repito para mim mesma tentando me acalmar, eu não posso aparecer dessa forma na frente de Brunella, ela vai acabar percebendo que estou apavorada e vai ficar assustada com isso. Preciso me recompor.
Espero que tudo fique bem.