Uma vida nada monótona

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A primeiro instante, não sabia o que fazer, foi assustador e estranho, minhas pernas tentaram amolecer, minha mente esvaziou e uma dor de algo que se mexia incessantemente em meu peito me trazia medo e desespero, com minhas mãos suadas e meus membros imóveis, dei o primeiro passo, pra algo que me marcaria pelo resto da minha vida.

- Collin, você tá me ouvindo? Te juro que eu vou rir da sua cara quando vier reclamando que foi mal na prova.

- Claro que tô prestando atenção boba, só me perdi um pouco nos pensamentos.- O que dessa vez era verdade - E você sabe que isso não acontece, minhas notas são sempre maiores que as suas.

- Como sempre né?! Aff... - Ela fecha os livros e os guarda na bolsa, levanta e logo em seguida se joga na cama do meu lado depois de colocar alguma música estranha que só ela conhece - Bom, você já sabe o que faz. Mudando de assunto, sabe aquele cara que sempre tá no canto do refeitório? Então, acho que...

Sem querer desvio minha atenção, de novo, à algumas pessoas com roupa de praia que apareceram do nada no nosso quarto , estavam jogando água um no outro, olho ao meu entorno e a luz do sol queima o meu rosto subitamente, saca só, to na praia só de bermuda indo em direção à uma tenda logo a minha frente, o dia estava estranhamente lindo que mesmo estando no verão, era bem raro. Gostava de aproveitar essas "visões" pelo menos um pouco nesses dias, me revigorava, sentir a brisa fresca e a areia quente nos pés, o barulho do mar e das palmeiras pareciam músicas que se juntava com o barulho das pessoas conversando e se divertindo, queria ficar mais um pouco, mas a Karol me mataria ao perceber que não estou prestando atenção nela. Fecho os olhos e ao abrir estou de novo no quarto deitado na cama, com o tempo frio e nublado lá fora aquecido por uma pessoa quente e interessante bem ao meu lado, apesar de sermos somente amigos, ter ela ao meu lado deixou meus dias imprevisíveis e agradáveis, me fazia esquecer meus problemas em casa e na minha própria cabeça. 

- Você não acha que ele seja tão bobo assim, acha? - ela olha diretamente esperando uma resposta. Não faço a mínima ideia do que responder.

- Existe louco pra tudo nesse mundo, né?! As vezes ele é só mais um... - Chutei, fico esperando uma resposta mas ela me fita com aquele olhar pensador. Até que com um suspiro ela me responde.

- Você deve ter razão, tenho que ter cuidado com o que digo pra ele, posso passar uma ideia errada. Collin, você já teve alguma história de amor?

- Que? Por que isso agora?

- Sei lá, você nunca me fala sobre você. E como você foi sempre legal comigo, acho que alguém já teve uma sorte grande hahaha - Ela dá aquela risada sarcástica dela que amo (sendo irônico).

- Hmmm, ok então, deixa eu pensar. - Tento lembrar de alguma relação amorosa que eu possa ter tido, na minha vida tive algumas namoradas, mas nada muito interessante, mas lembro muito bem de aos treze anos ter "namorado", mas foram somente visões que apesar de ter sido extremamente reais como todas as outras, não fariam sentido eu contar sobre ela, até porque... lembranças invadem minha mente como pesadelo, meu coração se espreme e minha respiração acelera, vejo-a chorando quase morta em meus braços e seu sangue que escorriam sem parar aquecendo meu braço, não importava o quanto apertava continuava sangrando, o cheiro, a visão embaçada, o que havia feito?

- Collin, você tá legal? - Quando ouço a voz da Karol subitamente percebo que meus olhos lacrimejavam, minha respiração acelerada e meus ombros tencionados, tento me acalmar rapidamente, esqueço tudo aquilo e a respondo.

- Ué?! Eu namorei algumas vezes, mas nada muito relevante. Hoje eu nem converso mais com eles.

- Entendo... Foi algo raso né?

- Na maioria dos casos sim, em outros foi porque simplesmente não deu certo.

- Você não tem vontade de namorar de novo né?

- Sei lá... Quem sabe um dia aconteça.

- Collin, muitas pessoas passam por nossa vida, mas somos nós que decidimos a importância de cada uma delas em nosso interior, você deveria prestar mais atenção, as vezes não aconteceu porque você não se entregou o suficiente com medo de se machucar. - Aquelas palavras me cavaram fundo, não sabia como reagir, talvez ela esteja certa, mas o que importa é que eu prefiro que ninguém precise passar comigo o que eu passo.

- Talvez você esteja certa. Não sabia que você era filosofa hahaha. - Ambos rimos até ela me mandar o travesseiro na minha cara. - Eu já vou indo, a gente se vê na escola amanhã. Até, cumprimenta a minha sogra por mim hahaha.

- Claro querido hahaha até amanhã. Ei! Se acontecer alguma coisa, me avisa, beleza?

- Simm, até.

Ligados pela EscuridãoOnde histórias criam vida. Descubra agora