Para Hogwarts... ou não...

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-Mããããe, vamos no atrasar... De novo. - Uma menina de altura mediana, cabelos pretos na altura dos ombros e olhos escuros, descia as escadas de madeira escura, gritando e arrastando um pesado malão pela escada.

O alto barulho da mala chamou a atenção de um homem que estava sentado proximo a uma lareira, lendo um grosso livro de capa vermelha. Ele pousou o livro na mesinha à sua frente e andou na direção das escadas, ao mesmo tempo que retirava uma fina e longa varinha da parte interna das vestes.

- Wingardium Leviosa. - O homem murmurou baixo, girando e sacudindo sua varinha com maestria, fazendo com que o malão voasse pela sala espaçosa e pousasse em frente à uma porta adornada de entalhos de madeira na forma de diabretes. - Alexia, quanto barulho! - O homem reclamou, encarando a filha que sorria, trajando as vestes de Hogwarts nas cores verde e prata.

- É meu 5º ano em Hogwarts e mamãe parece não entender que o trem sai exatamente às 11h. Faltam 20 minutos! - A menina, Alexia, explicava sacudindo suas mãos freneticamente, enquanto o homem a respondia com um sorriso.

- Lexi, você sabe que se não pegar o trem podemos dar um jeito. - Ele respondeu, passando a mão na cabeça da menina, bagunçando seu cabelo. - Lucy, vamos logo! - O homem disse subindo as escadas à procura de sua mulher.

Anthony e Lucy Sinclaire, pais de Alexia, eram um famoso e extremamente rico casal, criadores e pesquisadores de criaturas mágicas, autores de três dos mais famosos livros da área: "Uma criatura na África", "Os demônios da Macedônia" e "O Kappa e eu". A casa em que moravam ficava afastada da cidade e se localizava em um pequeno vilarejo no norte da França. Havia um extenso quintal, protegido com diversos feitiços de ocultação e proteção, onde era possível encontrar algumas criaturas exóticas -que ambos pesquisavam no momento- e três aros de Quadribol já enferrujados, que Alexia amava treinar em seu tempo livre em casa. O interior da residencia era bem iluminado, com moveis espaçados e rústicos, além de abrigar uma vasta coleção de objetos de decoração na forma de criaturas mágicas. Alexia sempre pedia para seus pais esconderem a vergonhosa estátua de um centauro que ficava no meio do corredor do segundo andar.

- Pronto, pronto. - Uma mulher loira, com cabelos extremamente encaracolados, desceu as escadas acompanhada do marido e de uma enorme bolsa laranja. Seu vestido roxo, batia em seus pés e ela quase tropeçava na capa de mesma cor presa no ombro, que arrastava pelos degraus como água escorrendo. O cinto exageradamente largo e laranja, combinava com o acessório que ela segurava em sua mão direita e com a flor presa ao cabelo, enfeitiçada para exalar cheiro de tangerina e margaridas. - Essa roupa é tão deprimente, não é? - A mulher disse encarando Alexia - que trajava o uniforme da Sonserina sob uma calça jeans e uma blusa cinza- enquanto arrumava a lapela das vestes da filha, de forma a fazer com que o verde ficasse perfeitamente simetrico dos dois lados. - Eu odiava as minhas. Azul nunca combinou com minhas roupas! - disse divertida, olhando a filha um pouco de longe. - Se você quiser posso comprar uma bolsa verde para você, vai ficar lindo com seu uniforme...

- Não, mãe. Obrigada. - A menina comentou rindo, olhando para seu pai que também ria da mulher. Ambos concordavam que Lucy tinha um gosto, no mínimo, exótico. - 13 minutos, vamos!

- Onde está Squirrel? - O homem perguntou segurando uma gaiola vazia que estava no pé da escada.

- Só me faltava essa agora... - Alexia disse revirando os olhos irritada e andando na direção da escada, subindo dois degraus por vez. Ela passou rápidamente pela estátua do centauro e parou em frente à porta de seu quarto. - Squirrel... - A menina murmurrou abrindo a porta de seu quarto, assobiando para chamar o animal. A pequena coruja marrom estava pousada em cima da cama bicando pedaços de papel, rasgando-os em pedacinhos. - Squirrel! - A menina chamou alto pela coruja, que pareceu notar a presença de sua dona e logo voou na direção da porta, passando a milimetros de sua cabeça.

Rapidamente, Alexia fechou a porta e desceu as escadas correndo, observando a coruja entrar na gaiola que seu pai segurava no alto. Pronto, estava tudo preparado para irem para Hogwarts. Os três deixaram a casa e andaram pelo pequeno jardim da frente, parando na pequena estrada de terra -que mais servia de enfeite, já que eles não possuiam nenhum carro e normalmente as pessoas que os visitavam usavam a Rede de Flu ou Aparartavam. Anthony segurou a mão da filha e da mulher e, fechando os olhos, aparartou para uma pequeno beco localizado ao lado da estação de King's Cross.

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- Eu disse, eu disse, eu disse! - Alexia reclamava empurrando, em vão, o carrinho com seu malão e a gaiola de Squirrel em direção a uma parede sólida.

- Alexia, vamos aparatar, simples assim. - A mulher disse dando os ombros, observando a filha com atenção. - Não fique nervosa, isso já aconteceu antes.

- Aconteceu antes e, por culpa de vocês, eu levei o maior esporro da vice-diretora. - Alexia falou devagar, encarando a parede -que agora era extremamente sólida- entre as plataformas 9 e 10. - Droga.

- Vou mandar uma coruja agora para o Professor Dumbledore, avisando que você vai chegar por Hogsmeade. - Anthony disse, abrindo a gaiola de Squirrel. Ele retirou um pedaço amassado de pergaminho do bolso e escreveu alguma coisa rapidamente, com sua caligrafia cursiva e embolada. - Pronto. - Ele disse prendendo o pedaço de papel no pezinho da coruja.

- Tony... - A mulher disse o repreendendo. - Os trouxas... - Ela olhou em volta, encarando um casal que os observava de longe.

Tarde demais, o homem já tinha soltado a coruja que fazia um voo rasante no meio da multidão na estação de Kings Cross, em direção à Hogwarts. Anthony observou a coruja por alguns segundos e soltou uma gargalhada, sendo acompanhado de sua esposa, ao ver alguns trouxas comentando sobre o repentino aparecimento do animal. Alexia revirou os olhos irritada. Ela não conseguia entender como eles conseguiam ser tão despreocupados com tudo, afinal, um trouxa poderia descobri-los ali mesmo. Tomando a dianteira na direção da saida da estação de trem, Alexia foi seguida pelo casal que andava com os braços entrelaçados um no outro, comentando sobre como Alexia parecia uma fada mordente quando estava irritada.

- Vamos para casa! Vou fazer um chá enquanto esperamos a resposta de Dumbledore. - Anthony disse, soltando-se da mulher e apressando o passo para alçancar a filha. - Eu levo para você, fadinha. - caçoou, levando as mãos no cabelo negro da menina e bagunçando-o.

Alexia tentou segurar sua expressão irritada, mas soltou um pequeno riso, deixando seu pai levar o carrinho com suas bagagens e parando para esperar sua mãe.

- Eu não pareço uma fada mordente. - Provocou, rindo assim que sua mãe estava ao seu lado.

- Claro que não, querida... Só de vez em quando. - Lucy disse piscando para a filha, enquanto puxava a barra de seu vestido para o pano não se enroscar em seu próprio pé.

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