Capítulo I

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Produtos Eróticos

Vamos combinar, a primeira vez de alguém dificilmente será aquela que terá o título de “a melhor de sua vida”, principalmente para alguém como eu, já na casa dos trinta, num casamento de sete anos que parece estar descendo ladeira abaixo e com dois filhos para criar, porém, a primeira vez que usei um produto erótico com certeza se tornou inesquecível.

Naquela tarde de quarta-feira, quando fui visitar minha amiga, Tânia, não imaginava a surpresa que guardava para mim.

Estávamos sentadas em bancos de madeira pretos, uma de cada lado do balcão de mármore de sua cozinha que, certamente, dava umas três da minha, toda decorada em mármore escuro, armários em preto e branco e eletrodomésticos prateados. 

— Catrina, admita para mim e para si mesma de uma vez: você está infeliz! — ela insistia, referindo-se a atual falta de prazer sexual pela qual meu marido e eu estávamos passando há meses. 

Bem, mais eu do que ele. — reflito. 

Jorge é um bom marido, compreensivo e companheiro, mas acomodado de uma forma extremamente irritante. Não há problema para ele, desde que tenhamos dinheiro suficiente para um churrasco com os amigos no fim do mês. E o sexo? Desde que possamos dar uma rapidinha de vez em quando, me parece que está tudo bem para ele.

— Certo! — exclamo, exasperada. — Não aguento mais essa situação! Fazer sexo com meu marido, sem sentir o prazer de antes, só porque vejo isso como uma obrigação, está acabando comigo! Era hilário como toda noite ele lançava o seu esperma dentro de mim e, totalmente satisfeito, caia ao meu lado na cama, quando eu não sentira nem o mínimo de prazer. As malditas preliminares, das quais eu tanto gostava, se foram, entraram num limbo de onde jamais retornaram. Ele apenas colocava o pênis para fora das calças, se enfiava no meio das minhas pernas e me penetrava, sem nem mesmo se dar ao trabalho de tirar sua roupa ou a minha, ou sequer tocar meu corpo por mais de cinco minutos. Eu estava cansada disso! — gesticulo ininterruptamente, uma mania da qual não consigo me livrar. — Mal lembro a última vez que fiquei realmente satisfeita. Nem mesmo compreendo como ele fica excitado sem nenhuma motivação aparente. — suspiro, demonstrando o cansaço mental que aquela situação estava me trazendo. — Eu já não conseguia esconder o meu estresse, Tânia, às vezes gritava com as crianças sem motivo, tratava-o mal ou o evitava, começava brigas, chorava e ainda choro do nada, sozinha. — desabafo. — Acho que isso começou a afastá-lo de mim, afinal, há algumas noites nem ao menos me toca. Acabei jogando tudo isso na cara dele e com certeza o magoei. — meus olhos já estavam mais uma vez cheios de lágrimas e me castiguei mentalmente por ser tão fraca.

— Trina, por que não conversa com ele? — Tânia me observa, enquanto enche uma chaleira e a coloca para ferver. Parecia tão preocupada quanto arrependida por ter me feito admitir tais coisas. — Ele te ama e você sabe disso, deveria dizer que sente falta das tais preliminares e de todo o resto. Acha que Benedito está sempre afim? Nada no mundo é mais raro que isso. Há anos não nos relacionamos, afinal, ele tem uma porrada de amantes. — arregalo os olhos, horrorizada. — Oh, não precisa ficar tão surpresa, Catrina, sabe muito bem que nos casamos à força e em condições terríveis. Eu tinha quinze, ele dezenove, fizemos uma baita cagada e assumimos Isabelle por meio do matrimônio. Estamos nos aguentando até hoje por essa menina linda e porque um divórcio não ajudaria em nada o cara que precisa estar casado para receber a sua herança. — ela pisca, irônica, virando-se para pegar xícaras no armário.

Realmente, Tânia era a última pessoa para a qual eu deveria reclamar sobre meu casamento, pois o seu jamais fora feliz. Embora Benedito tenha sido seu primeiro amor, ao serem obrigados a se casar, toda a doçura da relação foi substituída por rancor e arrependimento de ambas as partes. Nenhum dos dois se ama, mas sem dúvidas amam a filha, pelo menos ela ama. Tânia é uma linda mulher, no auge dos trinta e um anos, de aguçados olhos verdes, com curtos cabelos negros, pele cor de chocolate e um corpo de dar inveja, modelado por anos de academia, alta e com uma expressão astuta, acentuada pelo nariz empinado, que raramente lhe deixava o rosto. Ela poderia ter vários casos extraconjugais, tantos quanto o marido com certeza conseguia, mas ela se recusava a descer tão baixo quanto ele, queria ser um exemplo para Isabelle, sua filha e clone perfeito, uma verdadeira versão mais jovem de minha amiga, de cabelos longos e tendo do pai, um homem de estatura mediana, branco, de cabelos loiro-escuros, musculoso, barbudo e dono da expressão mais arrogante que conheço, somente os olhos castanhos, mas, por tantos anos, algo sempre me intrigou…

Prazer & Liberdade: Até Onde O Amor Pode Suportar? (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora