CAPÍTULO 2

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- Julie! -Grito ao vê-la.
- Mia! Onde você estava? -Pergunta um pouco alterada.
- Margo estava me dando lição de moral. De novo - Digo dando ênfase no "DE NOVO".
- Deixe-me adivinhar! Você disse que o amor é uma farsa. Margo ficou revoltada e começou com aquele papo de que o amor é mágico.. E blá, blá, blá. Correto? - Pergunta em um tom, meio, irônico.
- Corretíssimo!
- E qual foi o motivo da vez? - Pergunta já caminhando em direção á sala.
- Taylor - Digo fria.
Ela parou, me olhou e arregalou um pouco os olhos.
- Não me diga que..
Acenei positivamente com a cabeça antes mesmo dela terminar de falar.
- Não acredito Mia! Pensei que você tivesse superado - Diz com desgosto.
- Mas não superei! Pelo menos não cem por cento. - Digo triste.
- Desde o começo eu te alertei sobre esse cara, mas você me ouviu? Claro que não - Diz revoltada.
- Vai começar? - Pergunto entediada - Já não basta Margo, agora você.
- A verdade dói minha amiga e se você não quer ouvi-la, aceite-a - Diz calmamente.
Eu apenas revirei os olhos.
- Não vai dizer nada? - Pergunta.
- O que devo dizer?
- Que tal, você estava certa amiga ou eu devia ter te escutado desde o começo, e blá, blá, blá... Essas coisas.
- Você sabe que eu não vou dizer isso - Afirmo.
- É, eu sei. E também sei que você não quer dizer, porque sabe que é a mais pura verdade - Diz com um sorriso vitorioso estalando em seus lábios.
-Qual é Julie! Você não está ajudando - Digo bufando.
-Sinto muito amiga, mas você sabe que ser realista, é minha especialidade - Diz dando de ombros.
Reviro os olhos.
- Você sabe onde a Margo está? - Pergunta olhando em volta.
- Eu não a vi desde que discutimos lá fora.
- Onde foi que ela se meteu. A aula já vai começar e ela não está aqui - Diz um pouco preocupada.
- Liga pra ela - Digo.
- Boa idéia - Diz pegando o celular de sua bolsa.
Enquanto Julie ligava para Margo, eu avistei um garoto. Eu nunca tinha o visto, talvez seja novato. Ele era muito bonito, era alto, magro, os cabelos em um tom de castanho claro. Mas o que mais me chamou a atenção, foram seu olhos. Era um tom de verde água, mas não uma água comum, água cristalina, como aquelas que encontramos no Caribe, tão claras e ao mesmo tempo intensas e brilhantes.
- Mia - Julie quase grita em meu ouvido.
- Ai! O que foi? - Me assusto.
- Eu te chamei três vezes e você nem me ouviu - Diz indignada.
- Desculpa - Digo olhando-a, um pouco distraída ainda.
- O que houve? - Pergunta percebendo minha distração.
- Nada... Aquele garoto já esteve aqui? - Pergunto apontando para o indivíduo que eu descrevi.
Ela olha para ele e o examina.
- Ele é novato. Já veio aqui algumas vezes mas não para fazer faculdade. Ele tem uns amigos na outra sala - Diz dando de ombros.
- Ele é muito bonito. Não acha? - Pergunto analisando-o novamente.
- É mesmo. E aqueles olhos, Deus - Diz com um sorriso malicioso nos lábios.
Julie não sai com muitos caras desde que terminou seu namoro há um ano atrás. Ela é o tipo de garota que faz qualquer um se apaixonar em pouquíssimo tempo. De fato ela é muito bonita, tem o corpo que qualquer garota deseja ter, nem magra nem gorda, digamos que na medida certa. Seus cabelos são compridos e encaracolados em um tom de ruivo escuro, sua pele branca como algodão, seu rosto contém algumas sardas e um par de olhos azulados que a deixam ainda mais atraente. Ao contrário de Margo, que é baixa, magra, tem os cabelos curtos e lisos na cor louro claro, a pele clara e os olhos são verde escuro. Já eu, sou a típica menina sem sal e sem açúcar. Não que eu me ache feia, até porque não sou, digamos que eu não tenho nada que chame a atenção dos garotos. Não sou baixa nem alta, mediana, também não sou nem magra e nem gorda, encorpada, tenho os cabelos um pouco abaixo do ombro, ondulados na cor castanho médio, tenho a pele morena e olhos esverdeados.
Taylor dizia que tudo chamava a atenção em mim, um fato que eu considero falso, até porque, eu uso sarcasmo para quase tudo e  sou grossa até mesmo quando não quero e, na minha opinião, isso não é nada atraente. Enfim, todos os garotos que eu já fiquei, me achavam atraente, mas deve ser pelo jeito mesmo, ou talvez por eu realmente ser bonita, a verdade é que eu não sei lidar com esse papo de "amor próprio".
- Mia! - Margo me chacoalha.
- Ah.. Oi Margo - Digo me despertando.
- Tudo bem? - Pergunta Julie.
- Claro.. Claro. Eu só estava um pouco.. Distraída - Sorri.
Elas riem. Eu não tinha percebido, mas o Sr. Sullivan, professor de Biologia, já estava na sala.
Eu não sou muito fã de Biologia, apesar de ser uma matéria interessante não é algo que prenda minha atenção facilmente.
- Julie - Sussurro.
- Que foi? - Sussurra de volta.
- Você sabe qual o nome daquele garoto novo? - Pergunto, ainda sussurrando, em seu ouvido.
- Acho que é Peter, ou algo assim. Porquê está tão interessada nesse garoto? - Pergunta por cima do ombro.
- Sei lá. Eu gostei dele, parece ser um cara legal. - Digo olhando-o.
O garoto virou para o lado e sorriu simpático em minha direção. Sorri de volta. Deus, eu achava que a parte mais bonita dele era os olhos mas eu me enganei, seu sorriso é de derreter o coração de qualquer garota.
- Acho que ele gostou de você - Diz com um sorriso malicioso nos lábios.
- Não viaja Julie! - Digo revirando os olhos e encostando na cadeira.
Ela se virou para frente, sorriu e deu de ombros.
Peter era um cara muito bonito e parecia ser uma ótima pessoa, mas eu acho que nós dois nunca iria rolar. Talvez possamos ser amigos, até porque, eu só tenho um amigo homem e ele namora minha melhor amiga.
- Você tinha que esquecer o que falar bem na hora da apresentação Mia - Julie quase gritava enquanto saíamos da faculdade.
Eu não sou muito boa no quesito 'lembrar', por isso, na hora da apresentação do seminário, me deu um branco. Beleza, era tudo o que eu não precisava no momento, mas, já me acostumei com isso já a Julie, ainda não.
- Foi mal! Me deu um branco - Digo dando de ombros.
- Você e seu "probleminha" de memória - Disse me olhando.
- Qual é! Nem o Sr. Sullivan reclamou, quem é você pra dizer algo - Digo olhando-a com uma expressão de tédio.
- Você não leva nada a sério né Mia - Diz irritada.
- Eu já pedi desculpas. E outra, o professor nem descontou nota. Para com essa paranóia - Digo quase gritando.
- Na próxima vez, vou me certificar que você decore cada palavra - Diz por fim.
Revirei os olhos. As vezes a Julie consegue ser pior que minha mãe.
- Você não foi trabalhar hoje Mia? - Pergunta Margo.
- Não! Eu liguei para o Sr. Turner e disse que não estava me sentindo bem - Dou de ombros.
- E ele acreditou? - Perguntou confusa.
- O que você acha? - Respondo como se fosse óbvio.
- Credo! Você não precisa ser grossa o tempo todo - Diz fazendo uma careta.
Revirei os olhos.
- Vocês estão sabendo da super festa que vai rolar na casa do Cooper? -Pergunta Margo toda empolgada.
- Que festa? - Pergunto.
- Cooper vai dar uma festa para comemorar o aniversário dele - Diz.
Cooper é o namorado da Margo. Eles estão juntos há uns 5 anos. Ele é um grande amigo, desde a escola. Foi ele que me apresentou ao Taylor, em uma de suas festas, e por isso, não sei se vou nessa festa. Não quero correr o risco de Cooper me apresentar outro "Taylor".
- Quando vai ser? - Pergunta Julie interessada.
- Amanhã á noite. Vocês podem dormir na minha casa - Diz toda sorridente.
- Eu tô dentro - Confirma Julie.
Eu permaneci calada, o que fez com que elas me encarassem a espera de uma resposta, ou melhor dizendo, de um sim.
- O que foi? - Pergunto me fazendo de desentendida.
- Não vai dizer nada? - Pergunta Julie, ainda me encarando.
- O querem que eu diga?
- Sei lá. Um "Eu tô dentro" cairia bem como resposta - Responde ela.
Reviro os olhos.
- Qual é Mia! Você tem que sair, se divertir com suas amigas. Não​ pode ficar se lamentando para o resto da vida - Diz Margo.
- Na verdade eu posso sim - Digo entediada.
- Me poupe do seu sarcasmo Mia Cooper. Você vai nessa festa nem que eu tenha que te arrastar até lá - Diz Julie cheia de si.
- E pode deixar que eu ajudo - Diz Margo. Ridícula.
Eu conheço muito bem minhas amigas e não vai ter outro jeito, eu vou ter que ir na maldita festa.
- Não dá mais tempo de correr e me trancar no quarto né - Digo mais afirmando do que perguntando.
Elas balançam a cabeça negativamente.
- Eu odeio vocês - Digo bufando.
Eu poderia fingir que tinha um compromisso ou apenas dizer que não estava disposta, mas elas sempre me convencem a ir e eu acabo agradecendo a elas. Se eu ficar em casa hoje, vou passar a noite toda assistindo filmes tristes, comendo doces e chorando, não tô afim de passar minha noite assim. Além do mais, é só uma festa, o que pode dar errado?

A CULPA É DO AMOROnde histórias criam vida. Descubra agora