Euzinha com 17 anos, final do ano, meus pais haviam acabado de me buscar no colégio, estávamos a caminho de casa que estava na hora do almoço, e eu resolvi dizer que queria cursar psicologia ao invés de direito (que deixa eu contar pra vocês, é a carreira deles).
- Pai, acho que eu não quero cursar direito, o curso que o senhor me colocou pra fazer eu não me senti muito bem não.- Eu disse
- Yúla, tem certeza disso? Engraçado vocês têm um caminho com pedras quebradas pra seguir a carreira de vocês, e acham de querer ir pro mais difícil! -Respondeu-me meu pai
- Yúla, já conversamos sobre isso gente pobre tem que cursar direito.
Meus olhos já se encheram de lágrimas, só com eles falando isso, deixa eu contar um segredinho para vocês, eu sou BEM chorona, e não era atoa a minha vontade de chorar. Eu queria lá deixá-los felizes comigo, queria lhes dar orgulho de alguma forma.
Meus pais, ambos vieram de famílias pobres, minha mãe tinha 3 irmãos e ela era o caçula, meu avô um racista que ganhava pouco mas dava pra dar de alimento em casa, e minha avó um amor, meu avô também era, minha avó trabalhava pra fora, costurando, limpando casa, muitas vezes tiveram que dividir um pão, o caderno era o saco de pão, e é isso. Meu tio mais velho conseguiu ganhar a vida virando advogado, minha mãe tinha o sonho de ser professora de história, amava história, aliás, ainda ama, e já tinha acabado na formação de professores no ensino médio, porém meu tio resolveu pagar a faculdade de direito lhe dizendo que pobre só tinha essa opção de fazer direito, e foi o que ela fez, fez e se casou com meu pai ( que meu avô não queria de forma alguma, até porque meu pai é negro).
Agora vamos a história do meu pai, meu avô morreu cedo, meu pai tinha um irmão mais novo(é, tinha infelizmente não está mais entre nós), minha bisavó, e minha avó, infelizmente minha avó sofreu um acidente e meu pai teve que assumir o papel de homem da casa, trabalhava e estudava e ainda levava a culpa pelas coisas que o irmão mais novo fazia, normal não é mesmo? Queria muito ser militar, estudou durante um ano inteiro, passou em bastante prova mas sempre Daca ruim quando ia pra visão, ele usava óculos desde novo, ou seja, não passava nesse teste.
Se conheceram na fila da lotérica minha mãe como sempre tagarela, ficou puxando assunto, bem depois que foram ficar, namorar, eu não entendo bem como que era nessa época, e bem se casaram. Um ano depois tiveram minha irmãs gêmeas de cara, sorte né? Eu acho que sim, uma benção, porém passaram sufoco, mas também alegria. Então com essa história toda que eu acho que devo a eles todo orgulho e agradecimento do mundo.
- Mas mãe eu vou ficar pagando uma faculdade que não me chama atenção?! (sim, eu que irei pagar) -Eu falei já com uma lágrima caindo.
- Faz o que você quiser- Disse meu pai com o que me parece uma tristeza ou angústia na fala, não sei dizer muito bem.
- Está bem pai, vou tentar o direito mesmo né.
Passou uns dias, eu havia me inscrito no vestibular. Fui fazer a prova, meu pai me deixou lá, todo feliz, gente o sorriso do meu pai, nunca que eu ia conseguir desistir. Entrei na sala, sentei na cadeira, mais nervosa impossível. Fiz a prova, uma redação gigantesca, e tinha um homem bonitinho na sala, fiquei o olhando e pensando que poderia ser da minha sala, olha, pelo menos algo para eu me distrair, dei uma risada sozinha na prova. Terminei a prova, entreguei para as meninas.
Passado os dias estava na escola, quando um garoto que já fiquei disse que eu, ele e outra amiga minha a Jaqueline, havíamos passado em direito, fui no banheiro, chorei, não sabia se de felicidade ou tristeza, liguei para meu pai e contei o acontecido, a voz dele, transparecia uma felicidade que só, dai descobri que meu choro era de felicidade. Fui fazer a matrícula, e tudo se iniciou...
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Uma mulher, vários amores.
Roman d'amourUma vida nova, com pessoas novas, era tudo o que o ela queria, precisava!