Aquele Open Bar em São Paulo

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O problema é que eu me arrumei rápido demais e saí com a cara quase que limpa, com apenas um batom dando aquele "up". Peguei o metrô com a minha amiga e arrumei uma desculpa qualquer para a minha mãe, que no final acabou ficando sabendo - por mim - sobre a balada. Me desejou uma boa festa e cuidado. Ainda bem, né.

Os recém  feitos 18 anos me perseguiam mais do que imaginei que fariam, e utilizei isso para entrar em baladas. Aliás, por que não? 

Já de início, encontrar a minha terceira amiga não fora fácil. Esperar ela no metrô, na saída certa pra Augusta, era pedir para se desesperar. Grupos enormes indo e vindo, bêbados e sóbrios, gays e héteros,  comprometidos e solteiros. Todos com apenas um único objetivo: curtir a noite na grande São Paulo.

Observar aquilo não me fazia mal, pelo contrário. Mas também não fazia de todo um bem. Entenda, sou ansiosa. 

 A chegada dela fez com que eu e a minha outra amiga ficássemos felizes e nos preparássemos para a longa noite que viria a seguir. 

Segui na frente, como sempre fiz, tomando as rédeas até a escada rolante. Dali, deixei elas seguirem na frente, afinal, não conheço São Paulo tanto quanto deveria. Elas me guiaram pela Augusta na minha primeira vez colocando os pés lá. Passear por ali era ainda mais engraçado do que no metrô.

Os diversos bares e pubs espalhados de ambos os lados daquela bela rua, ditava a diversificação que São Paulo tem. Gays, héteros, trans, pans, amigos, casais, irmãos, primos. Todos com o mesmo objetivo de antes: aproveitar a noite. 

Sexta-feira sempre foi mágica. Há quem diga que é dia de maldade. Mas isso toma um significado muito diferente e muito mais profundo em São Paulo. É dia de paz. E sim, é possível ter paz com o barulho alto da eletrônica ou o sacode do funk. É dia de paz porque você, finalmente, relaxa. Cada um do seu jeito. Saindo pra Augusta, ou permanecendo em casa lendo um livro (mas a verdade é que estamos falando de quem vai se tranquilizar com o álcool dos opens).

Andei igual uma condenada. Eu não sabia que a balada era tão longe, deveria ter pedido um uber. Reclamei de dor, reclamei da distância. Ouvia, a cada 5 metros, alguém berrar que estava vendendo cerveja ou tequila por 5 reais. Minha amiga chegou até a parar no meio do caminho, LOUCA para comprar uma tequila. Impedi ela, ainda não queria beber. E convenhamos que das três eu era a que mais beberia a bendita tequila.

Visualizamos a balada logo à frente, do outro lado da rua. Que tal arriscar sua vida atravessando uma avenida na grande SP fora da faixa de pedestre? É radical, não faça isso. Mas a gente fez. Estamos vivas por um milagre, aquele caminhão não parecia ter freio. 

Chegamos na fila, e ainda bem que chegamos cedo. Vou admitir algo bem baixinho para você: ODEIO FILAS. Sempre chego cedo nos locais, exatamente para evitá-los. Minha amiga, a atrasadinha que encontramos no metrô, já começou fazendo as amizades da vida. E pra noite ser completa, a bolsa dela ainda arrebentou a alça.

Nessa de fazer amizade por uma dúvida - porque não sabíamos se estávamos na fila correta -, ela acabou papeando por um tempo com uma garota na fila. O contra da balada que ela deu foi 
"tem muitos héteros". Não nego, falei amém. Porra, amo minhas amigas e adoro um gay, mas eu adoro o cheio da testosterona (me desculpa, mãe).

O amigo dessa mina tava ali, com a cerveja na mão, dando em cima acho que da minha amiga. Ou de mim. Ou da outra amiga. Quiçá, das três. A verdade é que ele já tava bem animadinho. Ele tava com uma cerveja só na mão, mas sabe-se lá quantas ele bebeu antes da nossa chegada. 

Como se não bastasse, o querido tatuador (porque ao lado da boate tem um lugar para tattoos né) começou a berrar em inglês. Acho que tinha um gringo falando com ele. Mas colega, pra quê expor pra todo mundo? Ele também tava com uma cerveja na mão, o mesmo do gringo, quem sabe já não era a 7 também, né.

Os olhos verdes delaOnde histórias criam vida. Descubra agora