Eu não sirvo para escrever versos bonitos, com rimas e regras seguidas à risca. Não sirvo para falar de flor como se fosse alguém, me referir aos olhos dele como se fossem jabuticabas ou dizer que a pele é tão suave quanto algodão. Mas também, não sirvo pra falar de amor. Acho que já perdi as contas de quantas vezes tentei seguir o padrão. De quanto eu já tentei fazer algo que, no fundo, eu sabia que não era pra mim. Mas a gente se cobra né? Eu cansei também de dividir textos em parágrafos, quem quiser que os leia assim. Um ponto atrás do outro. Sem espaço entre eles. Afinal, meus pensamentos também não tem um tempo para irem de um ao outro. Eles acontecem. Um seguido do outro, com tantas repetições quanto eu já disse "outro" para me referir à eles, e com tantos erros quantos os que já cometi aqui por não ter iniciado outro parágrafo. Mas sabe o que é? Eu cansei. Pra mim já deu, desde a coisa mais simples como elaborar um bom texto quanto a mais complicada coisa que possa ter em minha vida. Acho que pra mim já deu. Talvez eu não sirva só para seguir regras de versos como também não sirvo para seguir as regras impostas à mim pelos outros, seja quem for. Eu estou sozinha na minha jornada, como sempre soube que estaria. Nós nunca admitimos para nós a solidão, até que ela nos ataca ferozmente, sem que possamos fugir. Sinto pena de mim. O sorriso esconde o que as lágrimas expõem ao meu travesseiro à noite. As companhias que tenho escondem a solidão que eu sinto no peito. Eu estou sozinha. E não é errado estar sozinha, mas é chocante parar e perceber isso. É chocante ver que cheguei em um ponto de "não conseguir seguir as regras" que já não há mais regras para seguir. Porque estou sozinha. E gente sozinha não tem um mundo de regras porque não tem quem as crie. Não estou sozinha fisicamente, estou sozinha de alma. E talvez seja assim pelo resto da minha vida. Seja lá por quanto tempo eu ainda terei ela, uma coisa eu sei: não haverão regras.
