Capítulo 2

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Após uma tempestade de areia no deserto as coisas mudavam um pouco, por exemplo: as dunas se deslocavam, as ondas na areia serviam para distrair aqueles que de nada conheciam do deserto. Você se perderia e morreria no deserto, a menos que tivesse um guia que conhecesse o deserto como a palma de sua mão. Que não se guiasse pelas dunas ou pelas marcas no solo. Seu coração estava assim, destruído e prestes a morrer em um deserto que nada conhecia, porque Maxine sempre fora sua guia.

Ela o tirara de uma solidão quando ainda eram crianças. Assim que a mãe dele morreu, Maxine fora a primeira pessoa que o encarou e lhe deu um abraço. Aquela mulher incrível que aprendeu com o pai a como cuidar dos enfermos, que atravessou o deserto em cima de um camelo e entrou em tendas de clãs que não era bem-vinda porque queria salvar vidas. Ela salvara seu coração de tanta dor apenas usando de seu amor.

Jaspar a amava tanto que não conseguia aguentar pensar em viver sem ela, mas ele fora tão estúpido em não imaginar que ela já teria pensado nas obrigações que o Príncipe de A'Madiz carregava nas costas. Maxine era uma mulher muitíssimo inteligente para não notar que o relacionamento proibido deles seria um problema para o seu povo.

- O que foi meu irmão? - Ele sentiu a mão leve e carinhosa da Princesa Jarisa em seu ombro direito - Está olhando para essa janela já faz um bom tempo.

A princesa a qual ele estava predestinado a se casar nada mais era do que uma irmã que ele teve o prazer de ter. Princesa Jarisa representava a esperança da bondade que poderia reinar no deserto. Ela era adorada por todos ao seu redor, bastava ela estar presente que qualquer discussão se esvaia.

Há anos atrás o Reino de A'Madiz e de Emir viveram em guerra, sangue de mais teve que ser derramado até que os rei de cada reino decidissem entrar em um acordo.

Acabaram com suas rixas, trocaram alguns favores e estabeleceram seus territórios. Para estabelecer uma união permanente decidiram que o primeiro homem a nascer no berço da realeza de A'Madiz se casaria com a primeira mulher do berço real de Emir.

Jarisa era dois anos mais nova que Jaspar, mas isso nunca impediu que a camaradagem reinasse entre os dois.

- Acho que deveria parar de me chamar de irmão. - Jaspar indicou com um sorriso carinhoso nos lábios ao afagar a mão de Jarisa que estava repousada em seu ombro.

- Acho que tem razão. - A Princesa concordou dando a volta no divã em que Jaspar estava sentado e se acomodando ao seu lado - Seria um tanto assustador eu lhe chamar de irmão na frente de um visitante após nosso...

Ela suspirou, Jarisa também não aceitava muito bem o casamento, talvez fosse mais difícil para ela e Jaspar nem tinha ideia do por que. Dessa vez foi o Príncipe que se mostrou carinhoso com a irmã de consideração, a envolveu pelos ombros com um braço a trazendo para mais perto.

- Nossos pais já se retiraram para espalharem a reafirmação de nosso casamento. - Ele sussurrou e ela assentiu com a cabeça já deitada em seu peito.

- Temo nosso casamento, irmão. - Admitiu não desistindo por um segundo do modo como o chamava.

- Por quê? - Jaspar tinha algo a temer, perderia o calor do amor de Maxine pelo resto de sua vida, mas será que Jarisa tinha algo a perder em sua vida com esse casamento? Ou pior, ele se recusava a pensar que sua camarada desde a infância o temia como marido.

- Jaspar - Ela pronunciou em um tom mais sério, como de uma verdadeira futura rainha do deserto -, até quando vamos conseguir viver juntos não nos amando, porque eu sei que você ama a outra.

- Desde quando? - Perguntou quando a Princesa se afastou um pouco para encara-lo.

- Desde sempre. - Respondeu segurando o queixo de Jaspar e o direcionando para a janela pela qual ele estava admirando havia horas.

Lá estava Maxine com o rosto muito mais pálido do que o natural sentada ao lado da mãe, também loira e usando um véu sob o cabelo, trançando uma tapeçaria junto com mais duas mulheres, uma delas sua madrasta, no pátio principal do palácio.

- Temo não existir amor em nosso reino por culpa daqueles que o governam. - Jarisa murmurou.

Ela tinha total razão. Em A'Madiz existia justiça e honra, mas amor nunca foi um de seus privilégios, um exemplo foi a má aceitação de Roxanne, mãe de Maxine, assim que se casou com Samir, o médico real. Ela só foi incluída na sociedade porque Samir era um amigo de longa data do pai de Jaspar. E com toda certeza não era por esse caminho que levaria seu reinado, seria muito mais flexível com seu povo, mas com o mesmo senso de justiça de seus antepassados.

- Vamos dar um jeito nisso. - Ele afirmou encarando sua irmã e terminando por dar um beijo em sua testa.

- Como? - Jarisa perguntou com um fio de voz e toda aquela tristeza trouxe uma luz para a mente de Jaspar.

Ele teria que ser tão rápido quanto as ondas do deserto eram para despistar os forasteiros em seu território. Teria que entrar no jogo do atual Rei de A'Madiz por uma última vez até conseguir a guia de seu amor de volta.

-x-

907 palavras

Nota da autora: Uiuiui E aí, o que estão achando do conto? Agora só falta mais um capítulo e nosso querido epílogo :o

Espero de verdade que estejam gostando dos personagens e de tudo mais <3

Um amor em A'MadizOnde histórias criam vida. Descubra agora