Capítulo 2 - Jú

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"Tive razão

Posso falar

Não foi legal, não pegou bem

Que vontade de chorar, dói

(...)

O clima é de partida,

Vou dar sequência na minha vida

E de bobeira é que eu não estou,

E você sabe como é que é, eu vou"

- Seu Jorge

24 de julho de 2013

Minhas primeiras palavras do dia estão mais pra gemidos de preguiça.

Acordo, mas na verdade ainda estou bastante sonolenta.

Uma claridade sutil escapa das cortinas do meu quarto e me forço a abrir mais os olhos. Vou até o banheiro, sigo um ritual breve de ser humano – ducha, dentes, cabelo - e volto pro quarto pra dar inicio ao meu dia.

Aperto o play do iPod  ao lado da minha cama. Uma música suave soa dos auto falantes, é minha playlist pra fazer Yoga. Pego o tapete próprio que está encostado na parede e começo o dia assim, alongando tudo que for possível.

Plim.

É meu notebook, apitando com som de lembrete no segundo seguinte em que acabo de praticar a Yoga. Quando me aproximo da tela vejo uma página branca com corações rabiscados e palavras que dizem:

1 ANO DE NAMORO!!!

AI MEU DEUS! Meus pensamentos gritam em meus ouvidos. Obrigada tecnologia, por não me deixar esquecer. É hoje! Meu aniversário de namoro com o Marcelo. Um ano juntos, passou tão rápido...

As meninas dizem que eu sou muito exagerada, mas é que o Marcelo é o meu primeiro amor de verdade. Nunca senti o que sinto do lado dele. O Marcelo é minha alma gêmea, se é que essas coisas existem.

A gente se conheceu da forma mais inusitada possível.

Eu, Manu e Letí estávamos voltando de uma festa em botafogo. Tivemos que pedir pro taxi deixar a gente alguns quarteirões antes de casa porque o dinheiro tinha acabado, então viemos andando pelo calçadão. O motivo de estarmos sem dinheiro é porque resolvi gastar mais do que devia com algumas bebidas coloridas, só algumas...

— Letíííííí, eu te amoooo — eu disse, com a voz arrastada. Minha língua estava trêmula, e isso me fazia ter vontade de rir.

— Ai Jú, porque você nunca sabe a hora de parar, em? Fica indo do líquido azul, pro rosa, pro colorido... — Reclamou Letí, que me carregava pela orla da praia. Minhas pernas também estavam trêmulas. Porque eu estou rindo disso?E porque não consigo parar de rir? Eu pensava.

Manu, que me sustentava do outro lado, ria junto comigo, mas a risada dela não estava trêmula e alta como a minha.

— Ai Letí, até parece que você não conhece essa daqui. Não pode ver uma bebida colorida, parece que quer que o estômago vire a bandeira gay.

— É e aí sobra pra gente, aturar esse bafo de bêbada na cara. — Letí bufou, mas seu corpo tremendo contra o meu denunciou sua risada reprimida. Letícia e seu jeitinho certinho.

— Aiii Letíííí, não fica braba comigo. Eu promeeeeto que na próxima vez eu vou beber um menos, um pouquinho assim só, bem pouquinho, bem pouquinhosinho, pouquiiinho... — Enquanto arrastava as palavras emboladas, gesticulei com os dedos a quantidade de bebida que me comprometia a beber.

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⏰ Última atualização: Feb 02, 2014 ⏰

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