.2. Até Nos Afundarmos

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[Until We Go Down - Ruelle]

*  *  *  *

Por algum tempo você pareceu se esquecer do mundo dentro de sua bolha de pensamentos: Onde iria ficar? Um motel por ora. Procuraria um emprego? Sem dúvida, seja ele qual for.

Com a cabeça submersa em pensamentos, você não nota quando uma bola bate em sua mochila e um pequeno furacão – com cabelo castanho-claro – se aproximar e sentar do seu lado.

"Oi." você se assusta com a voz, fininha.

Se virando você encontra uma garotinha com traços estranhamente familiares.

"Olá," você responde e a garotinha abre um sorriso com alguns dentes faltando. "Cadê seus pais?" você não deixa de notar que a pequena está sozinha.

"O quê aconteceu com o seu rosto?" a garotinha nem ouviu sua pergunta.

Você engole em seco. O que poderia dizer para uma criança? Que foi espancada até quase desmaiar, pelo seu pai adotivo? É lógico que não.

"É... eu –" você não teve tempo de responder, ainda bem, uma mulher se aproxima de vocês.

"Nina," diz a mulher se ajoelhando na frente da garotinha. "Nunca mais saia correndo desse jeito, ouviu? Você quase me deu um infarto."

"Desculpa Mama," response a garotinha, Nina, "é que a bola saiu rolando e veio parar aqui, perto da minha nova amiga."

De repente o sol se pondo se torna tão interessante, que seus olhos não desviam dele. E mesmo sem à olhar, você sente os olhos da mulher em seu rosto.

"Desculpa se a Nina te incomodou."

"Tudo bem, crianças são apenas, crianças" você termina com um pequeno sorriso. E reparando, agora, no pôr-do-sol você se lembra que tem que achar um lugar pra passar a noite. Pelo mapa você sabe que há um motel não muito longe da praia. Você se levanta, limpa a areia da calça e pega a mochila. "Tenho que ir," você olha para as duas. "Tenho algumas coisas para fazer."

Em um movimento rápido, a mulher é a garotinha também estão de pé. Algo em você chamou a atenção da mais velha, e não é apenas seu rosto machucado.

"Eu sou Ally," a mulher lhe estende uma mão como cumprimento.

Você, com receio, aperta a mão dela.

"Eu sou Zorya" e quando suas mãos se encontraram, algo estranho correu por suas veias. Algo inexplicável.

*  *  *  *
E aqui temos a Ally.

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