.14. Alice

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[Alice - Avril Lavigne].
Este capítulo não foi baseado nesta música. Quando eu o reli, a música se encaixou bem.

*    *    *    *

"Onde nós estamos?" você repetiu a pergunta que Lauren havia ignorado.

Após chorar tudo o que não chorou nos últimos meses – e no ombro de uma 'estranha' –, você está mais calma. Tão calma que o fato de estar sem roupas no colo de Lauren, nem passa por sua cabeça.

Lauren ainda segura você nos braços.

"Nós estamos na casa da Mikaela, minha mãe," você concorda com a cabeça, deixando Lauren saber que você à ouve. "Nós temos que contar à elas, ou minha irmã vai querer casar com você também."

+    +    +

Após trocar de roupa – que não é a sua, mas que estranhamente você se sente confortável nela –, você ouve o som da porta do quarto abrindo. Como você está terminando de abotoar uma camisa xadrez que Lauren lhe deu, você fica de costas para a porta, portanto, não consegue ver quem entra.

Os movimentos de suas mãos paralisam quando um corpo juntá-se ao seu. Braços te trazem para mais perto da pessoa, com suas costas contra à frente dela – você consegue sentir os seios dela.

Seus batimentos começam à acelerarem descontroladamente.

"Senti tanto a sua falta, amor."

E em um instante, você não é mais você.

Se acomoda no meio das cobertas, está confortável agora. Mas a morena de olhos verdes à olha com uma expressão indecifrável.

Michelle está encostada na escrivaninha. Seus braços cruzados, a mandibula travada e seus olhos observando a garota na cama.

A garota engole em seco ao perceber a raiva nos olhos de Michelle. muitas vezes se pega hipnotizada pelas orbes verdes, até mesmo quando elas parecem perfurar sua alma.

"Desculpa ter te tirado de casa" desviou os olhos para as mãos que mexem nervosamente no cobertor. "A Ally não está e" respira fundo, "você é a uma das pessoas que mais confio."

O olhar de Michelle se suaviza com essa pequena confissão. Se aproxima da cama.

"Olha pra mim." a garota nega, então Michelle ergue o rosto dela para que seus olhos se encontrassem. "Você não parece estar bêbada ou drogada, então por quê você estava lá (S/N)?"

"Porque eu quero perder o medo disso."

Michelle não entendeu.

"Disso o quê?"

(S/N) nunca falou para a Dra. Morgado como se sente com o fato de pessoas à tocarem, nem que seja apenas com um abraço, aperto de mão ou beijo no rosto. Essas coisas à assustam.

"Isso" pega a mão de Michelle. "Eu nunca falei sobre isso com você, ou com qualquer pessoa na verdade."

"Contato físico?" recebe como resposta um 'Uhum'. "Por isso você sempre se retesa e fica tensa quando eu toco em você?"

"Exato" dá um sorriso triste, soltando a mão de Michelle.

"Você quer falar sobre isso?"

(S/N) negou com a cabeça.

"Quarta-feira tenho terapia, quem sabe eu fale sobre isso com a minha psicóloga" piscou para Michelle.

Michelle sorri. Com (S/N), ela tem essa facilidade de sorrir, às vezes mesmo sem querer.

"Fica comigo?" pediu (S/N). Michelle arregalou os olhos verdes. "É que não tem ninguém em casa, e eu não quero ficar sozinha."

Por um momento, Michelle pensou que (S/N) queria outra coisa dela. Seus olhos voltam a ficar no tamanho normal.

"É melhor não."

"Por que não?" (S/N) entortou a cabeça em confusão. (S/N) vendo que Michelle demorou a responder, respondeu por ela. "Tudo bem, você não pode ficar." Michelle franze as sobrancelhas, o que para (S/N) é a coisa mais fofa que já viu. "Mas pense que sou apenas uma garota indefesa que está sozinha nesta grande casa," fez seu melhor olhar pidão. "Por favor Mich."

Michelle revirou os olhos.

"Tudo bem, eu fico."

+    +    +

Silêncio, é o que predomina o quarto.

Nenhuma das duas está com sono. Ambas estão olhando para o teto, onde há estrelas pintadas que brilham no escuro. Uma constelação particular.

Michelle está à uma distância segura, mas mesmo assim ela jura sentir o calor de (S/N) contra seu braço esquerdo.

Os batimentos de (S/N) estão no 'teto'. Não sabe o que isso quer dizer. Ela sente um friozinho no estômago. Talvez seja fome.

"(S/N)?"

(S/N) se assusta, um pouco, com a voz rouca e suave de Michelle.

"Sim?"

Michelle isnpira fundo, se virando de lado para olhá-la. A luz da lua, que entra mansamente pela janela, deixa (S/N) bem visível.

"Por quê você estava naquele lugar?" a voz de Michelle saindo em tom de comando.

"Por quê não?" devolveu (S/N).

Michelle suspira alto, fazendo (S/N) olhá-la.

"Não seja evasiva comigo, Claire."

"Você parece a Ally falando desse jeito," (S/N) sorri, "só que você dá mais medo."

Michelle revira os olhos.

"Não mude de assunto." olha bem no fundo dos olhos de (S/N). "Fale comigo" sua voz se tornou suplicante.

Há tantas coisas que ainda rondam o interior de (S/N). Ela não quer só perder o medo de contato físico, quer deixar de ser vulnerável.

"Eu não quero mais ter medo" fechou os olhos, "de nada. Eu não quero ser como eles, que não lutaram pela vida. Que não lutaram por mim" uma única lágrima rola de seu olho direito.

Michelle não sabe o que falar, então fez a única coisa que sua mente mandou: abraçou (S/N).

(S/N) ficou tensa com o contato inesperado, mas ao mesmo tempo, sentiu aquele friozino na barriga se intensificar. O abraço de Michelle é tão reconfortante.

O rosto de (S/N) está escondido no pescoço de Michelle. O ar que sai de seus lábios, fazendo à de olhos verdes ter arrepios.

"Você está com frio, Mich?" (S/N) ergue a cabeça e olha para a morena.

Michelle se perde nos olhos de (S/N). De repente seus olhos descem para os lábios da garota em seus braços. Eles parecem tão convidativos e beijáveis. E sem pensar muito, ela se inclina.

(S/N) não está entendendo o súbito silêncio de Michelle, até ver as orbes verdes foacrem em seus lábios e a morena se inclinar lentamente.

E no instante seguinte, seus ombros estão sendo chacoalhados violentamente.

Que diabos foi isso?

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