Sexta - feira 13

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Era só um dia de verão em Aurores, a cidade em que nasci. Sol e céu azul, combinação perfeita para as pessoas que passeavam pelas avenidas movimentadas com o tempo agradável.

- Pô, mãe, me deixa ir! Toda a galera vai estar lá! Vai ser a noite do ano! - implorei pela décima vez naquele dia. O relógio marcava meio-dia e eu precisava correr se quisesse chegar na hora da aula na Escola Castin. Estou no segundo ano do Ensino Médio. Chegar atrasado era motivo para a Inspetora Dona Marta me colocar de castigo depois das aulas. E isso era algo que eu não queria.

Minha mãe, Ellen, me encarou com "aquele" olhar. É engraçado como somos parecidas quando estamos irritadas. Costumam dizer que eu, Lily, sou a versão mais jovem da mamãe. Loira, alta, com olhos escuros e um tanto lerda. Duvidava disso. Minha mãe tinha todo um jeito gracioso de ser; enquanto eu era a versão fake dela.

- Mas você não é todo mundo...

- Caramba, mãe! O que preciso fazer para você me deixar ir? - ela bufou e cantarolou uma música enquanto tirava a mesa do almoço. Revirei os olhos, tentando não me estressar. Minha mãe conseguia me tirar do sério, definitivamente.

- Que barulheira é essa a essa hora da manhã? - minha avó desceu as escadas um tanto irritada.

Aquela hora do dia e minha avó pensava que ainda era cedo. Pois é, essa é a minha avó, Sônia. Ela não é nada tradicional. Uma senhora um tanto mística para a sua idade. Vovó tem uma loja de floricultura no centro da cidade que também funciona como loja de quadrinhos e RPG. Ela é meio hippie, fã de Agatha Christie e joga vídeo-game com os jovens que frequentam o seu estabelecimento. Meus amigos acham a minha avó irada.

- Poxa, vó, a minha mãe não quer me deixar ir ao cinema com os meus amigos hoje à noite!

- Ué, Ellen, o que tem demais a menina ir ao cinema com os amigos?

- Mãe, a sessão começa à meia-noite.

- Sabe lá que horas e com quem Lily vai voltar. Não confio nesses jovens!

- Poxa, mãe, bem que poderia me dar um voto de confiança e me deixar ir. Garanto que não vai se arrepender. Vamos voltar todos juntos. Não vai dar nada de errado! - confirmei, tentando soar o mais convincente possível, apesar de sentir um calafrio e ter a sensação de que seria o contrário.

Minha mãe me lançou um olhar desconfiado. Ela é um tanto severa e rígida. Ainda assim, é a melhor mãe do mundo.

- Que filme é esse? - minha avó perguntou para a minha mãe curiosa.

- É aquele filme de terror com vampiro...

- Cruzes! Para que ver esses filmes garota, se você pode ver essas coisas diariamente...

Segurei uma risada e minha mãe revirou os olhos sem nem ao menos disfarçar. Vovó, por ser um tanto mística, nos acusa de sermos céticas por não acreditarmos em bruxas, E.T.s e etc. Como se essas coisas pudessem ser verdade.

- Lily... - minha mãe começou.

Meu celular começou a tocar um rock bem alto, o que assustou todo mundo e fez minha mãe me lançar novamente aquele olhar. Devia ser Ivi, a minha melhor amiga, me ligando para saber se eu já estava indo para a escola.

Nosso ponto de encontro era no corredor dos armários, onde costumávamos dizer que era onde tudo acontecia naquele inferno escolar.

- Você pode ir, sim! - senti vontade de pular. - Só preciso que te deixem aqui em casa sã e salva. Nada de atrasar um minuto a mais.

Maratona Do Terror: Perdidos - Contos de ArrepioOnde histórias criam vida. Descubra agora