One.

103 12 4
                                    



A escola Birmingham não era tão boa quanto aparentava. Ou quanto falavam. Quer dizer, é óbvio que o ensino dela é, sem dúvida alguma, ótimo. As pessoas dentro daquele local é que não são tão boas assim. Louis Tomlinson é testemunha disso. Ele não quer reclamar de sua vida ou dar uma de vítima. Não. Até porque sempre foi seu sonho entrar para essa escola.

A questão aqui é: desde que Louis conseguiu a bolsa, não fez amigo nenhum. E não, não foi pelo motivo de não querer. Já faz aproximadamente um ano que está em Birmingham, e acredite, ele tentou. Porém, Tomlinson não pode evitar um bando de alunos de classes socialmente altas se afastarem de um bolsista. Ele não liga, realmente não. Não é sua culpa se as pessoas são desnecessariamente preconceituosas e ridículas. Mas não pode deixar de dizer que talvez isso o deixe um pouco (muito) mal. Eles não fazem questão nem de olhar para Louis ou lhe dar uma resposta quando são questionados.

Em Birmingham existem três grupos: os ricos, os sortudos e os bolsistas.

Os ricos obviamente podem fazer e ter tudo. Sempre vão para casa em carros luxuosos com motoristas sem humor nenhum. Tomlinson imagina que as suas vidas provavelmente são aqueles típicos clichês sobre ter pais milionários, mas que não dão atenção alguma para eles, e então resolvem que o vazio será preenchido com presentes. Ridículo. Embora nunca sejam castigados por nada que fazem de errado naquela escola, Louis acha que estas pessoas já devem sofrer o bastante tendo este tipo de família.

Os sortudos normalmente são as pessoas que conseguiram ter uma sorte profundamente grande de estarem ali. Óbvio. Porém, a melhor explicação para quem são é literalmente apenas isso. Eles vêm de famílias normais, assim como Louis, mas podem ter tido a rara e grande sorte de terem alguém de uma vida economicamente boa em sua família que se deu ao luxo de pagar a mensalidade da escola. Ou eles têm um emprego bom e guardam praticamente todo o salário para gastar com o balé. Na opinião de Tomlinson, isso é esforço demais para uma pessoa só.

Os bolsistas são praticamente a minoria daquele lugar. Eles são realmente a minoria, sério. Apesar de estarem na mesma classe social naquela escola, eles não costumam se comunicar muito com outros bolsistas. Normalmente são pessoas quietas e que treinam muito mais do que o resto dos alunos. É claro que também se apresentam com os outros, mas em geral, ficam no papel secundário ou não aparecem muito. Raramente ganham um dos papéis principais. Eles não falam com ninguém e ninguém fala com eles, a não ser que sejam obrigados a fazerem tal ato.

Birmingham aceita pessoas de seis até vinte e cinco anos de idade, mas é óbvio que ficam em locais separados, do mesmo modo que separam os gêneros. Meninos com meninos e meninas com meninas. As crianças de seis anos ficam junto com outras de até dez anos. Depois dos dez vão para as salas de onze até catorze. Após os catorze vão para as salas de quinze até dezenove anos, e então, quando finalmente fazem vinte, vão para as últimas salas. Lá eles ficam até os vinte e cinco anos. Depois dessa idade, não te aceitam mais como aluno. Ou seja, você pode virar um coreógrafo ou pode desistir de tudo e fazer o que quiser. A escolha sempre é livre em Birmingham. Entretanto, é mais do que óbvio que para ser um professor de dança naquele lugar é preciso realizar testes também.

Louis está junto com as pessoas de quinze até dezenove anos. Ele tem dezoito e seu maior problema não é nem ser totalmente ignorado por quase todos: o seu maior problema é não se encaixar em nenhum grupo. Em nada. Absolutamente nada. Porque por mais que especificamente esteja no grupo dos bolsistas, Tomlinson não se encaixa também. Talvez o garoto seja aquele tipo de pessoa que estereotipam como desajustado ou totalmente excluído (o que, por mais deprimente que seja, Louis é).

séjour. | l.sWhere stories live. Discover now