02 | The g a m e started, baby

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Acordo, e de súbito, um peso em minha garganta me faz abrir os olhos rapidamente. O braço de Matt está sobre meu pescoço, enquanto suas pernas repousam juntamente às minhas.

Céus, que homem folgado!

Sempre que dormimos juntos, um dos dois acaba debaixo do outro. Olhando no despertador disposto na mesa da cabeceira ao lado, vejo que são seis e vinte da manhã. Livro-me do peso carregado pelo ser ao meu lado e ponho-me de pé, espreguiçando-me sem muita demora.

Sonolenta, resolvo caminhar vagarosamente na direção do banheiro, sem sequer atentar os ouvidos ao meu redor. Retornando para o quarto, vejo que Matthew ainda está dormindo e ressona alto, quase um ronco. Depois diz que não ronca! Eu deveria gravar e esfregar na cara dele, mostrando mais uma vez que tenho razão. Meus planos são interrompidos quando escuto um som proveniente de minha barriga. Zarpo em direção à cozinha no primeiro andar e acendo a luz, dando-me a visão de uma cozinha com armários brancos e eletrodomésticos em aço inox.

Para uma casa de homens até que é uma cozinha bonita e organizada, se me permite dizer. Abro a geladeira e... uau! Ela está cheia de coisas que sequer imaginava que poderiam fazer parte de tal geladeira! De certa forma, me admira jovens jogadores serem tão saudáveis.

Procurando por entre o mundo disposto na geladeira, acho um pouco de leite. Dirijo-me na direção do armário, e tomo posse da caixa de sucrilhos açucarados escondidos num canto, o que é totalmente diferente da grande mistura de granola que havia visto primeiro. Acho uma tigela e logo preparo uma para mim. Quando finalmente pus-me a sair da cozinha, ouço passos na escada junto de vozes masculinas arrastadas e sonolentas.

Meu plano de comer e subir correndo vai por água abaixo!

Estico o máximo que consigo a camiseta de hóquei, mas ele fica a um palmo do meu joelho. Guardo o leite na geladeira e jogo a caixa no armário de qualquer jeito, sem sutileza alguma. As vozes se interrompem abruptamente.

Droga!

Viro-me apoiando as mãos no balcão nas minhas costas, já sentindo as pernas a ponto de vacilarem comigo. Meus olhos desenham a visão de dois modelos saídos direto das passarelas de Paris para a cozinha desta casa. Os dois são altos, fortes e de ombros largos. Um que mais se parece saído de um dos catálogos da Abercrombie & Fitch é um pouco bronzeado. Possuí perfeitos olhos claros, simplesmente impressionantes. Os cabelos escuros estão totalmente desgrenhados e seu rosto quadrado é tão atraente que tenho vontade de desenhar a mandíbula dele com a língua. De fato, acontece da mesma forma com seu abdômen definido. O outro ser ostenta uma calça de moletom vermelha caída perfeitamente nos quadris. Seu físico é igual ao do outro, porém seus olhos são escuros.

— É meu aniversário? — A&F pergunta sorrindo de canto e cruzando os braços, que pressionados contra o peito nu, parecem ainda mais robustos.

— Acho que o presente é do Collins — o outro aponta com o queixo e olha para baixo, para a camisa de hóquei de Matt que ostenta seu número. Vejo e sinto os dois pares de belos olhos como mãos ágeis bisbilhotando meu corpo de cima a baixo.

Eu acho que meus pés estão plantados no chão, por que simplesmente não consigo me mover para longe daqui. É como se meu consciente possuísse planos diferentes dos de meu corpo.

— Qual seu nome? — novamente A&F ataca e lança-me aquele sorriso que presumo fazer as meninas arrancarem as calcinhas e se jogarem em seu colo. Felizmente, não tenho vontade alguma de arrancar a minha.

Meus nervos estão à flor da pele e minha respiração fica descompassada. Em seguida, todos os avisos de Michael sobre os perigosos universitários vêm em minha mente. Porém, sinto que esses dois são inofensivos. É claro, tente dizer isso para meu coração que martela no meu peito, como se eu acabasse de correr uma maratona olímpica.

Everything has ChangedOnde histórias criam vida. Descubra agora