Quando Matthew disse que as pessoas iriam me olhar bastante, ele estava certo. Elas me olham como se eu fosse um ser de outro mundo, ou se estivesse com as calças sujas, e estou quase começando a acreditar nisso. Outras dizem oi e me dão bom dia... Só por que sai com Matt e os meninos? Isso é sério?
Enfim acho minha classe e entro rapidamente, querendo fugir dos olhares. Há espelhos pela maior parede, junto de uma barra de apoio. O piso inteiro é em uma madeira clara e já vejo pessoas em alguns cantos conversando e outras apenas sentadas esperando a professora. Sento-me e fico apenas esperando. Não demora muito até que uma mulher entre, se apresente e mande todos montar uma dupla. Ah, que ótimo! Olho ao redor e vejo que muitos já estão de dupla feita. Viro para o outro lado e dou de cara com uma garota já ao meu lado sorrindo para mim. Ela fica fofa com seus olhos óculos grande e quadrado.
— Desculpa se te assustei! — ela sorri — Lily Miller — ela estende a mão para mim.
— Emily Benson — aperto a sua.
— Eu ouvi falar de você — Lily diz e eu franzo o cenho. — Sabe, a garota do Collins — ela franze os lábios, encolhendo os ombros.
Garota do Collins.
Mereço.
A professora é animada, legal e sorridente, o que deixa tudo mais fácil. Começamos a alongar em dupla, e depois nos apresentamos e ela não deixou de comentar que isso é algo do ensino fundamental, mas que ela gosta de fazer para conhecer a turma. Sem dúvidas, a pior parte foi quando ela plugou seu celular no rádio da sala e disse que iria escolher aleatoriamente as pessoas para irem dançar a música que iriam começar em seguida da outra. Conforme as pessoas iam dançando, eu percebia o quão eclética é a senhora Ross. De Lady Gaga a Creed. Juro.
Quando vi sua unha escarlate em minha direção eu gelei. A batida começou e quando vi era Sia, Cheap Thrills. Fiz como todos estavam fazendo: Deixando a batida levar. E foi tranquilo. Usei o piso de madeira a meu favor e fiz bastante solo, e claro, usei bastante os braços e pernas. Terminei cansada e depois sob palmas como em todas as outras apresentações, voltei para meu lugar ao lado de Lily.
Depois da aula e depois da professora conversar mais um pouco conosco, fomos liberados e passei no banheiro com Lily. Vamos caminhando pelo corredor para fora do prédio, quando resolvo pegar meu mapa.
— Onde vai agora? — Ela pergunta quando saímos do prédio.
— Florence Moore Hall — respondo — Sabe para que lado fica? Não estou me achando aqui no mapa... — digo, estreitando os olhos para a folha de papel em minhas mãos. Não tenho culpa, vim de carona com Mia.
— Eu moro lá — ela sorri — Vamos?
Foi uma caminhada de dez minutos até lá, e sinto que irei precisar de uma bicicleta para andar por isso tudo. Ou até melhor, um carro. Ela mora no mesmo andar que eu! Quase de frente para mim. É bom saber que já estou começando a fazer amizades.
Matthew Collins
Não. Eu não tenho a menor vontade em transar com a minha melhor amiga, mas eu amo provocá-la até as suas bochechas atingirem o tom mais lindo de rosa que eu já vi. Ver a forma como ela me olha nos olhos franzindo a testa enquanto pensa em formas absurdas de me torturar quando faço ou falo algo inapropriado.
Sei da beleza exuberante de Emily e todas as suas curvas suntuosas de dar inveja em qualquer mulher e fazer qualquer marmanjo cair aos seus pés. Seus olhos verdes conseguem tirar de mim todas as verdades que tento esconder e me acalmam mais que qualquer coisa. Seu sorriso ilumina por onde passa e me enche de uma coisa boa que não sei explicar. Emily me intriga e me faz querer arrancar os cabelos por não acreditar que um mulherão daqueles em certas situações seja tão pura, tão inocente. Sei também que além de chamar atenção sozinha, ela chama ainda mais quando estou ao seu lado, mas não é querendo me gabar. Sou o capitão do time de hóquei, a universidade inteira me conhece. Sei também que ela chamaria a atenção dos babacas do time desde a primeira vez que me viram abraçado com ela quando chegamos a aquela festa na sexta, e ontem no bar.
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Everything has Changed
Teen FictionAquele gostinho maravilhoso de triângulo amoroso nunca foi tão amargo, confuso e instigante quanto daqueles três jovens. Emily aprendeu desde cedo a mascarar sua dor, deixá-la para si mesma depois que a vida lhe pôs obstáculos que achara ser impossí...