Agosto de 2015...
Meu jatinho acabara de pousar no SEA-TAC e eu já me encaminhava até o enorme carro blindado me esperando, perto da área de embarque. Revirei os olhos com o exagero daquela entrada toda pomposa no país e me senti ainda mais incomodado com os repórteres e suas enormes câmeras, que percebi estarem do lado de fora do aeroporto, me esperando como abutres e apenas com isso, entendi a necessidade de todo aquele esquema de segurança.
Entro do carro, logo ligando meu MacBook e assim que o faço, um e-mail de Mia brilha na tela. Bufo, insatisfeito quando vejo o assunto: "Reuniãozinha Básica" no campo do assunto, sendo que por aquele título, já prevejo todo o incômodo que essa situação de merda me trará.
***
De: Mia Grey.
Para: Christian Grey.
Assunto: Reuniãozinha Básica.
Vou fazer o que o título diz hj, às 19:00hs, na casa do papai. Não se atrase ou vou te arrastar pelas orelhas, contando com a ajuda da Bá.
E tanto eu quanto você, sabemos que falo sério.
Bjos maninho. Amo vc!
Mia.
***
Minha expressão torna-se sem emoção quando noto um certo tom de comando no texto enviado por minha irmã caçula.
Mia é uma criatura particularmente elétrica e adorável e eu a amo, e tenho consciência disto. É que apenas às vezes, não gosto muito dela, principalmente quando vem a tona a sua péssima mania de tentar sempre me incluir em tudo o que tem à ver com esta família, mesmo sabendo as ressalvas que tenho em relação a Carrick, sua postura e suas decisões de vida e de como conduziu o destino de todos nós.
Muitos acreditam que todo esse meu rancor é uma birra sem tamanho, mas acredite quando eu digo que é simplesmente a coisa mais absurda do mundo quando eu comento que meu pai é casado com uma antiga colega de faculdade - ou trepada ocasional, caso prefiram chamar assim - de Elliot, que se tornou, no último ano do curso, secretaria dele.
E sem comentários sobre o fato de que aquela piranha também dava em cima de mim e de um antigo namorado de Mia.
Porém como aquela desgraçada da Leila viu no velho uma forma de subir na vida bem mais rápido, do que apostando suas fichas em Elliot ou em mim, logo jogou todo o charme que tinha pra cima de Carrick, que burro e carente como estava, após a morte de minha mãe, acabou gostando muito de ser bem tratado pela moça gostosona, resolvendo assim aproveitar a oportunidade de afogar aquele pau murcho dele naquela puta.
Agora está ai, agindo como um cachorrinho por quinze anos de sua vida, fazendo todas as vontades daquela mulher maldita.
Carrick fez uma escolha quando casou com Leila. A escolha de manchar a memória e o nome de minha mãe, a escolha de praticamente romper com um dos filhos e todo um passado apenas satisfazer sua carência patética.
Ele estragou tudo casando com aquela vagabunda, e ainda por cima, me pôs como o errado por não aceitar esta união. E eu até poderia vê-lo casado com alguém, afinal nunca foi meu desejo que meu pai ficasse sozinho e deprimido pelo resto de sua vida, por ter perdido mamãe.
Eu gosto da solidão, mas Carrick não. Ella havia morrido, Carrick não.
Eu ficaria muito feliz caso ele se unisse à alguém que o amasse de verdade e o visse além da gorda conta bancária. Era péssimo ele ter gasto tanto tempo com uma interesseira descarada como Leila, que mesmo depois de casada com o Velho, continuou com suas escapadas e dando em cima de mim.
Na época, óbvio que contei para ele, mas Carrick não acreditou. Disse que eu não o deixava seguir em frente. Que eu queria que ele afundasse na mágoa e na dor de ter perdido mamãe. Que eu era um filho cruel e ingrato, pois ele havia feito de tudo por mim e por meus irmãos, para que no final, eu apenas tentasse lhe ver pelas costas.
Na época, minha reação foi a pior possível. Foi quando eu tive minha primeira overdose e me tornei ainda mais revoltado com a vida.
Eu era a personificação do "pobre menino rico", naquela altura da minha vida. Quando Ella morreu, eu tinha apenas dez anos, e foi difícil aceitar ter perdido minha mãe, mas fiz o possível para ser o melhor filho que pude. Mas quando Leila "entrou" na família, por meio de Elliot primeiramente, quando eu tinha quinze e tentava não me emputecer com tudo a minha volta, porém era muito difícil.
Fui então, durante muitos anos, um garoto solitário, problemático e cheio de traumas. Que arranjava briga na escola, usava drogas, bebia e fazia o possível para atormentar um pai que não me notava ou o meu desespero.
Mas daí então, uma mulher apareceu. E ela era tão sensual, dona de si e capaz. E enquanto eu era um fraco e perdido, ela não.
Essa mulher me ajudou. Me tirou do fundo do poço e me encaminhou na vida. Foi com ela e seu pulso firme sobre mim e meus fantasmas mentais, que as coisas começaram a mudar.
Devia muito coisa à ela, pois mesmo depois que fui embora para Londres, nossa amizade continuou. O caso não, mas o laço afetivo sim. E hoje além disto, somos parceiros de negócios. Foi por causa daquela mulher, que consegui me reestabelecer, me tornar um homem firme e controlado e que tentou enterrar os problemas pessoais, para que eles não atrapalhassem a minha busca por sucesso profissional.
Entretanto, este email de Mia, que basicamente me intima a ir até lá, bancar o filho pródigo que a casa torna, desperta em mim aquele garoto confuso e assustado, que não procurava por ajuda, porque se recusava a acreditar que estava se matando, mas que queria desesperadamente a aprovação e apoio de um pai que pouco ligava pra ele.
E Cristo, como era doloroso admitir isso em voz alta! Eu não queria ver Carrick ou retornar a casa de minha família, pelo menos não imediatamente. Já não está sendo doloroso o suficiente eu voltar para Seattle? Mia ainda tinha que me pressionar?
Minha irmã podia fazer o escândalo que quisesse, mas eu só voltaria a por os pés em Boulevard quando aquela desgraçada oportunista saisse de lá.
Eu retornava para meu país, a fim de começar uma nova vida, mas longe do passado. Eu iniciaria minha jornada de definitivamente seguir em frente, tentando não me contaminar com nada dos problemas da minha família, continuando com meus tratamentos para me manter firme e na linha.
Eu apenas tentaria viver um dia de cada vez, antes de enfrentar o que quer que eu tivesse que enfrentar.
E isso não era nada animador.
_____________________________________________________________________________
Oie amores, voltei!
Mais um capítulo! Comentem - até mesmo se leram da primeira vez, pois é importante o feedback.
Nessa versão, as questões de saúde mental, vícios, entre outros pontos dos personagens serão mais bem trabalhados.
Ana é portadora de Depressão, Ansiedade e Síndrome do Pânico.
Christian é um Dependente Químico em tratamento, além de um maníaco Depressivo.
Outras questões de saúde serão abordadas com respeito e responsabilidade, para não criarmos estigmas e preconceitos, certo?
Se tiverem sugestões, estarei aceitando todas! Mas sejam boazinhas hahahahaha
Enfim, até o próximo mores! Bjos e amo vcs <3
VOCÊ ESTÁ LENDO
When Love Happens - Livro 1 (Duologia LOVE)
FanfictionDepois de anos morando em Londres, Christian Grey estava de volta à Seattle. No coração da bucólica Inglaterra, o jovem milionário escreveu seu nome no mundo dos negócios. Prosperou. Cresceu. Amadureceu. E finalmente sentiu-se com forças para...