As luzes voltaram a ser brancas. O calor de um cômodo fechado e o cheiro de um banheiro escolar masculino também voltaram.
Eu tremia, pálido, jogado no chão, tentando entender o que foi tudo aquilo.
A porta se abriu e Anna entrou.
— Okay, isso é estranho até pra mim. Por que você está no chão em posição fetal? Viu uma barata, é? – Ela perguntou em tom de brincadeira, mas era nítido o ar de preocupação em sua voz.
— É-É que... An... Eu, b-bem... – Minhas palavras não saíam, simplesmente. E além do mais, do que adiantaria se elas saíssem? O que eu iria dizer? "Ah, oi! Eu só estava preso em uma espécie de outra dimensão estranha com coelhos chifrudos e dragões assassinos, sabe como é, só curtindo por aí."? Não, obrigado, já sou estranho o suficiente sem isso.
— Lipe, é sério, está tudo bem? Você ficou aqui dentro um tempão... E você está suando cara, todo pálido. Quer me falar? – O tom de brincadeira desapareceu junto com o sorriso. Ela está realmente preocupada...
Me apoiei no joelho dela e levantei. – Tudo bem, eu só estava pensando em você durante a minha sessão rotineira de malhar braços e caí quando estava saindo. Você deixou minhas pernas bambas. – Brinquei para ver se ela melhorava aquela expressão. Sabia que dizer coisas nojentas assim a fazia me achar um idiota, mas em compensação ela sempre ria.
— Ai garoto, você é um nojento! Acho que realmente deve ter batido a cabeça quando caiu, palhação. – Anna respondeu enquanto começava a abrir um sorriso. – Já que você está bem, podemos ir? Quero te mostrar um jogo novo que achei na Central das Cartas.
— Claro, vamos. – Concordei. – E, a propósito, eu não lavei mesmo as mãos. – Joguei enquanto já me preparava para correr.
— É bom você correr mesmo, seu idiota!!! Quando eu te pegar você vai ver só!!! – Ela gritava enquanto corria atrás de mim por aqueles corredores cruzados.
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Depois de ter corrido por uns dez minutos, Anna me alcançou e rolamos pelo chão. Minha orelha ainda arde do "castigo" que ela definiu pra mim, uns quinze segundos da palma da mão dela esfregando minha orelha super rápido, enquanto ela segurava minha cabeça. Cara, isso é bullying.
Depois disso, nos dirigimos até a nossa loja favorita: Central das Cartas.
Entramos na portinha de vidro escuro quase imperceptível no ambiente, que dava para uma escada. Ao subir e virar à direita, você chegava ao grande salão.
Ele era cheio de mesas quadradas com playmats presas embaixo dos vidros, cadeiras ao lado dessas mesas e paredes abarrotadas com quadros enormes cheios de exemplares de cartas dos card games mais vendidos.
Em cada quadro enorme, havia uma coleção inteira de cartas de cada edição, um exemplar de cada. As cartas mais raras, ficavam nos seus próprios quadros menores. Cada uma no seu.
Onde não haviam quadros, ficavam as prateleiras com Decks, Boosters e Box, de praticamente todos os card games que você possa imaginar. As prateleiras com maior destaque sempre eram aquelas dos jogos mais famosos, como Yu-Gi-Oh, Magic, Vanguard, Pokémon TCG e etc...
Eu adorava aquele lugar, e desde que mostrei ele à Anna, ela também enlouquecia toda vez que colocava os pés lá. Era como se fosse a nossa segunda casa, considerando que passávamos tanto tempo ali quanto na casa de verdade.
— Kart! Anna! Meus melhores fregueses! Vieram ver as novas Pendulums que chegaram? – Gritou Jhonny, o vendedor, lá do caixa no fundo da loja, enquanto vinha em nossa direção com os braços abertos.
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Supreme Lord - A Fusão dos Mundos
AdventureQuando o último Senhor Supremo da linhagem Nortenfar chega à metade do prazo correspondente ao seu domínio, ele decide se sacrificar para realizar um feitiço forte o suficiente mudar um pouco as regras. Agora, o maior título de governo existente no...