O Novo Testamento é a principal fonte deinformação histórica a respeito de Jesus. Por causa disso,muitos críticos, dos séculos XIX e XX atacaram aprobidade dos documentos bíblicos. Parece que estásempre havendo um fogo cerrado de acusações, que afinalnão contêm fundamento histórico, ou que atualmente jáforam superadas por causa de descobertas e pesquisasarqueológicas.Certa ocasião, quando eu proferia uma série depalestras na Universidade Estadual do Arizona, umprofessor que se fazia acompanhar de sua turma deliteratura, aproximou-se de mim ao final de uma aula aoar-livre. Disse-me ele: "Sr. McDowell, o senhor estábaseando suas asserções a respeito de Cristo em umdocumento que data do segundo século, e que étotalmente obsoleto. Demonstrei em classe hoje que oNovo Testamento foi escrito tanto tempo depois de Cristoque não poderia absolutamente ser acurado em seusrelatos.""Suas opiniões e conclusões acerca do NovoTestamento é que foram ultrapassadas há vinte e cincoanos", respondi.O conceito daquele homem com relação aosregistros neotestamentários concernentes a Jesus tinhamsua origem nas conclusões de um crítico alemão, F. C.Baur. Baur acreditava que a maioria dos escritos do Novo Testamento foram produzidos no fim do século II A. D. Econcluiu que estes escritos provinham essencialmente demitos e lendas que haviam surgido durante este intervalode tempo que ia da morte de Jesus até a época em que osrelatos foram postos em forma escrita.Entretanto, no século XX, descobertas arqueológicasjá confirmaram a precisão dos fatos expostos nosmanuscritos do Novo Testamento. A descoberta dosprimeiros papiros (o John Ryland, que data de 130 A.D.; oChester Beatty, de 155 A.D.: e o Bodmer, do ano 200),cerrou o lapso de tempo que havia entre os dias de Cristo eos manuscritos de data posterior.Millan Burrows, da Universidade de Yale, diz:"Outro resultado da comparação do Novo Testamentogrego com a linguagem dos papiros (descoberta) é umaumento de confiança com relação a fidelidade datransmissão do texto do Novo Testamento."1 Descobertascomo estas têm aumentado a confiança dos eruditos naautenticidade bíblica.William Allbright, que foi um dos mais eminentesarqueólogos bíblicos, escreveu: "Já podemos afirmar, comtoda a certeza, que não existem mais bases sólidas para sefixar a data de qualquer livro do Novo Testamento paradepois do ano 80 A.D.; o que representa duas geraçõesinteiras antes da data suposta, isto é, entre 130 e 150,fornecidas pelos mais radicais críticos do NovoTestamento, na atualidade."2 E ele reitera este ponto devista numa entrevista que concedeu a Christianity Today:"Em minha opinião, todos os livros do Novo Testamentoforam escritos por judeus batizados entre os anos 40 e 80do primeiro século A.D. (provavelmente entre os anos 50 e75)."3Sir William Ramsay é considerado um dos maioresarqueólogos que já existiram. Ele foi adepto da escola histórica alemã que afirmava que o livro de Atos dosApóstolos foi escrito na metade do segundo século, e nãono primeiro, como propõe seu autor. Após ter lido oscríticos modernos acerca do livro de Atos, ele se tornouconvencido de que a obra não era um relato fiel dos fatosocorridos naquele tempo (50 A.D.), e portanto não mereciaconsideração por parte de um historiador. Por causa disso,ao efetuar sua pesquisa histórica na Ásia Menor, Ramsaydeu pouca atenção ao Novo Testamento. Sua investigação,contudo, eventualmente, levou-o a considerar os escritosde Lucas. Ele notou a exatidão meticulosa dos detalheshistóricos, e, aos poucos, sua opinião com relação ao livrofoi-se modificando. E ele viu-se forçado a concluir que"Lucas é historiador de primeira qualidade... este escritordeve ser colocado entre os maiores historiadores."4 Porcausa da exatidão da maioria dos detalhes, Ramsayfinalmente concordou em que Atos não poderia ser umdocumento produzido no século II, mas antes um relatoescrito na metade do primeiro século.Muitos dos estudiosos mais liberais estão sendoobrigados a fixar datas mais antigas para o NovoTestamento. As conclusões do Dr. John A. T. Robinson emseu mais recente livro Redating the New Testament (Aredatação do Novo Testamento) são incrivelmenteradicais. Suas pesquisas levaram-no a concluir que todo oNovo Testamento foi escrito antes da queda de Jerusalémocorrida no ano 70 A.D.5Atualmente, alguns críticos afirmam que seuconteúdo foi transmitido oralmente até que foi colocadoem forma escrita, nos Evangelhos. Embora este lapso detempo tenha sido bem mais curto do que anteriormente sepensava, eles concluíram que os relatos evangélicostomaram a forma de literatura popular (lendas, contos,mitos e parábolas). Uma das maiores contestações a esta idéia doscríticos quanto a uma tradição oral é que o período destatradição oral (definido pelos críticos) não ésuficientemente longo para permitir as alterações natradição, que esses críticos alegam terem ocorrido. Falandosobre a brevidade do elemento tempo empregado naprodução do Novo Testamento, Simon Kistemaker,professor de teologia do Dordt College, escreve:"Normalmente, a sedimentação do folclore entre povos decultura primitiva leva muitas gerações; é um processogradual que leva séculos e séculos. Mas, de acordo com opensamento da crítica formal, temos que concluir que ashistórias do Evangelho foram produzidas e coligidas noâmbito de uma geração ou pouco mais. Em termos deabordagem crítica, a formação de cada unidade dosEvangelhos deve ser atendida como sendo um projetocondensado, com um curso de ação acelerado."6A. H. McNeile, antigo catedrático de Divindades naUniversidade de Dublin, contesta o conceito da tradiçãooral formulado pela crítica formal. Ele afirma que a críticaformal não examina a tradição das palavras de Jesus com ocuidado com que devia. Um exame atento de 1 Coríntios7.10, 12, 25, mostra a cuidadosa preservação e a existênciade uma tradição genuína do registro destas palavras. Nareligião judaica era costume que os alunos memorizassemos ensinos de seu mestre. O bom aluno era como uma"cisterna internamente revestida que não desperdiça umagota sequer" (Mishna Abot 2.8). Se quisermos crer nateoria de C. F. Bumey (expressa em "The Poetry of OurLord" — a poesia de nosso Senhor), podemos concluir quegrande parte do ensino do Senhor foi dado em formapoética aramaica, tornando-o mais fácil de ser lembrado.7Paul L. Maier, professor de História da Civilização,na Universidade de Western Michigan, escreve: "Os argumentos de que o cristianismo teria incubado o mito daPáscoa durante um longo período de tempo, ou de que asformas escritas surgiram muitos anos depois dos eventos,simplesmente não correspondem à realidade."8 Eanalisando a crítica formal. Allbright escreveu: "Somenteestes eruditos modernos, que não empregam o métodohistórico e não têm perspectiva, poderiam ter tecido umateia de especulações como essa com a qual a crítica formaltem cercado a tradição do evangelho." A conclusão deAllbright é que "um período de vinte a cinqüenta anos éinsignificante para permitir a tese de uma deterioraçãoapreciável do conteúdo essencial, a até mesmo dos termosempregados por Cristo."9Muitas vezes, quando converso com alguém sobre aBíblia, a pessoa replica sarcasticamente que não se podeconfiar no que ela diz, pois foi escrita há dois mil anos.Está crivada de erros e discrepâncias. Respondo que creioque posso acreditar nas Escrituras. E depois descrevo umincidente ocorrido em certa ocasião, numa aula deHistória. Declarei que acreditava existir mais evidênciasda veracidade do Novo Testamento do que de obras daliteratura clássica reunidas. O professor assentou-se numcanto, com um sorriso irônico, como se quisesse dizer:"Ah, não!" E eu indaguei: "O que o senhor estáresmungando?" Ele replicou: "Que audácia a sua. declararnuma classe de História que o Novo Testamento émerecedor de crédito. Isso é ridículo." Bem, fico muitosatisfeito quando alguém faz uma afirmação destas, poisme dá oportunidade de fazer uma pergunta de que gosto(e para a qual nunca recebi uma resposta afirmativa). E eudisse: "Diga-me, professor, sendo historiador, quais são ostestes a que o senhor submete qualquer peça de literaturapara determinar sua autenticidade ou verificar se émerecedora de crédito?" O que me espantou é que ele não aplicava nenhum tipo de teste. Então eu disse: "Pois eutenho alguns." Creio que a veracidade das Escriturasdeveria ser testada pelos mesmo critérios com que sãojulgados todos os documentos históricos. O historiadormilitar C. Sanders aponta e explica os três princípiosbásicos de historiografia. São eles: o teste bibliográfico, oteste da evidência interna e o teste da evidência externa.10O TESTE BIBLIOGRÁFICOO teste bibliográfico consiste num exame datransmissão textual pela qual os documentos chegaram aténós. Em outras palavras, não existindo o documentooriginal, qual é o índice de fidelidade das cópias de quedispomos, em relação ao número de manuscritos e ointervalo de tempo decorrido entre o original e a cópiaexistente?É possível examinarmos o enorme peso daautoridade dos manuscritos do Novo Testamento,comparando-os com a matéria textual de outras notáveisfontes da antigüidade.A História de Tucididas (460-400 A.C.) chegou aténós com apenas oito manuscritos datados de 900 A.D.,quase 1300 anos depois que ele a escreveu. Os manuscritoshistóricos de Heródoto são, da mesma forma, mais antigose escassos, e apesar disso, como comenta F.F. Bruce:"Nenhum sábio clássico daria atenção a qualquerargumento que pusesse em dúvida a autenticidade deHeródoto ou Tucididas, só porque os manuscritos maisantigos de suas obras, que são de utilidade para nós, têmum atraso de 1300 anos sobre o manuscrito original."11Aristóteles escreveu suas obras cerca de 343 A.C.,entretanto a cópia mais antiga que temos delas é datada de1100 A.D., mostrando portanto um lapso de 1400 anos, eexistem somente cinco manuscritos. César escreveu sua história das guerras gaulesasentre os anos 58 e 50 A.C., mas sua autoridade históricabaseia-se em nove ou dez cópias que datam de 1000 anosapós sua morte.Quando examinamos a autoridade dos manuscritosdo Novo Testamento, a abundância de material é quaseconstrangedora em contraste com outras obras. Após asprimeiras descobertas dos papiros que vieram preencher alacuna que havia entre o tempo de Cristo e as cópias doséculo II, surgiu uma grande abundância de outrosmanuscritos. Atualmente existem mais de 20.000 cópias doNovo Testamento. A Ilíada tem apenas 643 manuscritos, evem em segundo lugar em evidência manuscrítica após oNovo Testamento.Sir Frederic Kenyon, que foi diretor e bibliotecáriochefe do Museu Britânico e principal na liberação dedeclarações de manuscritos dá a seguinte conclusão:"Portanto, o intervalo entre as datas da composição originale da cópia mais antiga existente tornou-se tãopequeno que pode ser desprezado, e assim são removidosos últimos argumentos para se duvidar de que asEscrituras tenham chegado até nós com o mesmo texto dooriginal. Tanto a autenticidade quanto a integridade doslivros do Novo Testamento podem ser consideradas comoestando agora plenamente estabelecidas."12O grande entendido em grego neo-testamentário, J.Harold Greenlee, acrescenta o seguinte: "lá que osconhecedores do assunto aceitam como sendo geralmentedignos de fé os escritos dos velhos clássicos, muito emboraos manuscritos mais antigos tenham sido produzidoslongo tempo depois dos originais, e apesar de, em muitoscasos, o número deles ser bem reduzido, está claro que aautenticidade do Novo Testamento pode ser, pelo mesmocritério, garantida."13 Aplicando o teste bibliográfico ao Novo Testamento,veremos que ele possui maior base manuscrítica quequalquer outra peça literária da antigüidade. Juntando-sea isto o volume de crítica textual do Livro que já se faz hámais de cem anos, pode-se concluir que está estabelecida aautenticidade do texto do Novo Testamento.O TESTE DA EVIDÊNCIA INTERNAO teste bibliográfico determina apenas que o textoque possuímos é o mesmo que foi originalmenteregistrado. Temos ainda que verificar se aquele registroescrito é merecedor de crédito, e até que ponto. Essa é afunção da evidência interna, que constitui o segundo testede historicidade relacionado por Sanders.Neste ponto, a crítica literária ainda segue aprescrição de Aristóteles: "O benefício da dúvida deve seraplicado ao documento; nunca deve o crítico arrogá-la a simesmo."Em outras palavras, como diz John W. Montgomery:"Precisamos ouvir as alegações do documento analisado, enão assumir a hipótese de fraude ou erro, a não ser que opróprio autor se desacredite, caindo em contradições oucometendo erros sobre fatos conhecidos. "14O Dr. Louis Gottschalk, antigo professor de Históriada Universidade de Chicago, ex-cia. o judeu aprendia que.quando o Messias utilizado por muitos para efetuarinvestigação histórica. Gottschalk afirma que a capacidadedo escritor ou testemunha para contar a verdade é muitovaliosa para o historiador, que se propõe a determinar acredibilidade do texto "mesmo se estiver contido em umdocumento obtido pela força ou pela fraude, ou ainda que seja contestado de outro modo. ou baseado em evidências de terceiros, ou então provenha de uma testemunha com segundos interesses."15 Essa "capacidade de dizer a verdade" está intimamente associada à proximidade tanto geográfica quanto cronológica da testemunha com os eventos registrados. As narrativas neo-testamentárias da vida e ensinos de Jesus foram registradas por homens que haviam sido, eles próprios, testemunhas oculares dos fatos ou que relataram as observações das testemunhas oculares dos eventos ou dos ensinos de Cristo.Lucas 1.1-3 — "Visto que muitos houve que empreenderam uma narração coordenada dos fatos que entre nós se realizaram, conforme nos transmitiram os que desde o princípio foram deles testemunhas oculares, e ministros da palavra, igualmente a mim me pareceu bem,depois de acurada investigação de tudo desde sua origem, dar-te por escrito, excelentíssimo Teófilo,uma exposição em ordem." (Lc 1.1-3.)2 Pedro 1.16 — "Porque não vos demos aconhecer o poder e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, seguindo fábulas engenhosamente inventadas,mas nós mesmos fomos testemunhas da sua majestade."1 João 1.3 — "O que temos visto e ouvido anunciamos também a vós outros, para que vós igualmente mantenhais comunhão conosco. Ora, a nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho Jesus Cristo."João 19.35 — "Aquele que isto viu, testificou,sendo verdadeiro o seu testemunho; e ele sabe que diza verdade, para que também vós creiais."Lucas 3.1 — "No décimo quinto ano do reinadode Tibério César, sendo Pôncio Pilatos governador da Judéia. Herodes tetrarca da Galiléia, seu irmão Felipe tetrarca da região da Ituréia e Traconites. e Lisâniastetrarca de Abilene..." Esta proximidade dos eventos registrados é um meio extremamente efetivo de garantir-se a exatidão do que é fixado pela testemunha. Contudo, o historiador também tem que levar em conta a testemunha que, consciente ou inconscientemente,pode narrar inverdades, embora esteja bem próxima do evento, e portanto abalizada a relatar a verdade.Os relatos acerca de Cristo encontrados no Novo Testamento estavam sendo circulados nos limites do tempo de vida daqueles que foram contemporâneos dele. Essas pessoas poderiam, portanto, confirmar ou negara exatidão dos relatos. Os próprios apóstolos, ao defenderem sua apresentação da mensagem evangélica,haviam apelado (mesmo quando confrontados por seus ferrenhos opositores) ao conhecimento público geral a respeito de Jesus. Eles não diziam apenas: "Olhe, presenciamos isto", ou "Ouvimos aquilo...", mas eles confundiam inteiramente os críticos adversos pois afirmavam: "Vocês também têm conhecimento destas coisas. Vocês presenciaram tudo; vocês próprios sabem disso." Um contendor tem que ser muito cauteloso quando diz ao seu oponente: "Você também sabe disso", pois senão estiver com a razão até nos mínimos detalhes, seu argumento será derrotado.Atos 2.22 — "Varões israelitas, atendei a estas palavras: Jesus, o Nazareno, varão aprovado por Deus diante de vós, com milagres, prodígios e sinais, os quais o próprio Deus realizou por intermédio dele entre vós com vós mesmos sabeis."Atos 26.24-26 — "Dizendo ele estas cousas em sua defesa. Festo o interrompeu em alta voz: Estás louco,Paulo; as muitas letras te fazem delirar. Paulo, porém,respondeu: Não estou louco, ó excelentíssimo Festo; pelo contrário, digo palavras de verdade e de bom senso.Porque tudo isto é do conhecimento do rei. a quem me dirijo com franqueza, pois estou persuadido de que nenhuma destas cousas lhe é oculta; porquanto nada se passou aí, nalgum recanto."Com relação ao valor da fonte original dos escritos do Novo Testamento, F. F. Bruce, professor de críticabíblica e exegese, da Universidade de Manchester, afirma:"E não foi somente testemunhas favoráveis que osprimeiros pregadores tiveram de considerar; havia outras,menos interessadas, e que também estavam inteiradas dosfatos principais do ministério e morte de Jesus. Osdiscípulos não poderiam arriscar-se a cometer erros (semfalar em consciente malversação dos fatos), pois seriamimediatamente postos a descoberto por gente que ficariamuito feliz de poder fazê-lo. Mas, pelo contrário, um dospontos principais da pregação apostólica original era umapelo confiante ao conhecimento de seus ouvintes; elesnão somente diziam: "Nós somos testemunhas destascoisas", mas também afirmavam: "Como vós mesmossabeis" (At 2.22). Se houvesse ocorrido qualquer inclinaçãopara se desviarem da realidade, em qualquer aspectomaterial, a possível presença de testemunhas hostis noauditório teria funcionado como fator corretivo."Lawrence J. McGinley, do Saint Peter College,comenta o seguinte a respeito do valor da testemunhahostil em relação aos eventos registrados: "Primeiramente,havia várias testemunhas oculares dos eventos emquestão, que ainda estavam vivas, quando a tradição foiencerrada; e entre estas contavam-se alguns inimigosferrenhos do novo movimento religioso. Entretanto, atradição proclamava difundir uma série de feitos amplamenteconhecidos e doutrinas ensinadas publicamente,numa ocasião em que declarações falsas poderiam ser, eefetivamente o seriam, contestadas."16 Robert Grant, especialista em assuntos do NovoTestamento, da Universidade de Chicago, chegou àseguinte conclusão: "Na época em que eles (Evangelhossinópticos) foram escritos ou se supõe que foram escritos,havia testemunhas oculares, e sua palavra não foicompletamente desprezada. Isto significa que osEvangelhos devem ser considerados como testemunhosmerecedores de todo crédito, da vida, morte e ressurreiçãode Jesus."17O filósofo Will Durant, pessoa acostumada àdisciplina da investigação histórica, que passou a vidaanalisando escritos antigos, escreve: "Apesar de todos ospreconceitos dos autores dos Evangelhos e de suas idéiasteológicas, eles registraram muitos incidentes que, seestivessem a inventar os fatos, teriam procurado amenizar— como por exemplo, a competição dos apóstolos pelasposições de proeminência no Reino, a negação de Pedro, ofracasso de Cristo ao tentar operar milagres na Galiléia, asreferências de alguns auditores à sua possível insanidade,sua inicial incerteza com relação à sua missão, suasconfissões de ignorância quanto ao futuro, seus momentosde amargura, seu clamor de desespero na cruz; ninguémque leia tais descrições pode duvidar da realidade dafigura que as inspirou. Pensar que alguns homenspudessem criar, em uma geração, uma personalidade tãomarcante, tão poderosa, uma ética tão elevada, e umavisão tão inspiradora da fraternidade humana, seria ummilagre mais extraordinário que os registrados nosEvangelhos. Após dois séculos de Alta Crítica, os traços davida, caráter e os ensinos de Cristo continuam bastanteclaros, e constituem a mais fascinante característica nahistoriado homem ocidental."18 O TESTE DA EVIDÊNCIA EXTERNAO terceiro teste de historicidade é o da evidênciaexterna. A questão neste caso é saber se a matéria históricaconfirma ou nega o testemunho interno dos própriosdocumentos. Em outras palavras, que outras fontesexistem, além da literatura em foco, que apóiam suaexatidão, credibilidade e autenticidade?Gottschalk argumenta que "'a conformidade ouharmonia com outros fatos históricos ou científicos, muitasvezes, é um teste decisivo da evidência, seja de uma oumais testemunhas."Dois amigos do apóstolo João confirmaram aevidência interna do relato dele. O historiador Eusébiopreservou escritos de Papias, bispo de Hierápolis (130A.D.): "O ancião (apóstolo João) costumava dizer tambémo seguinte: "Marcos, tendo sido o intérprete de Pedro,anotou acuradamente o que ele (Pedro) relatou, sejam aspalavras ou feitos de Cristo, embora não em ordem. Poisele não fora ouvinte nem acompanhante do Senhor, masmais tarde acompanhou a Pedro, que ministrava o ensinode acordo com a necessidade do momento, mas não comose estivesse fazendo uma compilação das palavras doSenhor. Portanto, Marcos não errou, ao escrever do modocomo fez, anotando as coisas à medida que ele asmencionava, pois tinha em mente uma coisa: não omitirnada que tivesse ouvido, nem introduzir qualquerinformação falsa entre as outras."19Irineu, o Bispo de Lion. (180 A.D. Irineu foidiscípulo de Policarpo, Bispo de Esmirna, que fora cristãodurante 86 anos, e que também fora discípulo de João)escreveu: "Mateus publicou o seu Evangelho entre oshebreus (isto é judeus) em sua própria língua, quandoPedro e Paulo pregavam o evangelho em Roma, fundandoa igreja ali. Após a partida deles, (isto é, sua morte, que algumas tradições situam em 64 A.D., durante aperseguição de Nero), Marcos, o discípulo e intérprete dePedro, ele próprio nos entregou, em forma escrita, aessência da pregação de Pedro. Lucas, o acompanhante dePaulo, colocou em um livro o evangelho pregado pelo seumestre. Depois João, o discípulo do Senhor, o qual tambémse reclinou sobre seu peito, (isto é referência a João 13.25 e21.10), produziu seu evangelho quando vivia em Éfeso, naÁsia."20A arqueologia, por vezes, fornece fortes evidênciasexternas também. Ela contribui para a crítica bíblica, nãono que tange à sua inspiração e revelação, mas oferecendoprovas que evidenciam a exatidão dos eventos registrados.O arqueólogo Joseph Free escreve: "A arqueologia temconfirmado inúmeros textos que haviam sido rejeitadospelos críticos, dados como não históricos ou contraditórios."21Já vimos como a arqueologia levou Sir WilliamRamsay a modificar sua convicção inicial contrária àvitalidade histórica do livro de Lucas, e como ele chegou àconclusão de que o livro de Atos era perfeitamente exatoem sua descrição da geografia, antigüidades e sociedadeda Ásia Menor.F. F. Bruce observa que: "Nos pontos em que Lucastem sido acusado de inexatidão, e sua exatidão tem sidoprovada por evidências não escriturísticas (externas), serácorreto dizer que a arqueologia confirmou o NovoTestamento."22A. N. Sherwin-White, um historiador clássico,escreveu que: "Para o livro de Atos, a confirmação darealidade histórica é extraordinária." E continua dizendoque "qualquer tentativa para se rejeitar uma realidadehistórica básica, mesmo em questões de detalhes, agora deve parecer absurda. Os historiadores romanos há muitoque a aceitaram."23Após haver tentado destruir a realidade histórica e avalidade das Escrituras, eu próprio cheguei à conclusão deque, historicamente, elas são merecedoras de fé. Se alguémrejeita a Bíblia por não considerá-la autêntica nestesentido, então tal pessoa deve abandonar quase toda aliteratura da antigüidade. Um problema que encontroconstantemente é o desejo que muitas pessoas têm deaplicar à Bíblia um teste ou avaliação diferente do queaplicam a outras peças da literatura antiga. Precisamosaplicar o mesmo teste a toda literatura que estiver sendosubmetida a investigação, seja ela secular ou religiosa.Havendo feito isso. creio podermos dizer: "A Bíblia émerecedora de crédito e historicamente autêntica em seutestemunho acerca de Jesus."O Dr. Clark H. Pinnock. professor de teologiasistemática do Regent College, afirma: "Não existenenhum outro documento do mundo antigo apoiado porum conjunto de testemunhas textuais e históricas com amesma excelência, e oferecendo um mais soberboagrupamento de informação histórica sobre o qual umadecisão consciente possa ser feita. Uma pessoa honesta nãopode ignorar uma fonte deste calibre. O ceticismo comrelação às credenciais históricas do cristianismo é baseadonuma parcialidade absurda (isto é, anti-sobrenatural)."24
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Mais que um carpinteiro
SpiritualPara Dick e Charlotte Day, cujas vidas sempre espelharam a verdade de que Jesus não foi apenas um simples carpinteiro.