"Gosto do contraste", ele pensou.
Noite fria, café quente. Coração mole, baque duro. Pessoas de vidro numa selva de pedra, muitas vezes apressadas pra um trabalho ao qual a exigiam calma.Andando na rua, ele parou, observou.
Ele, um homem que sempre amou os detalhes, amava aquela cidade cinza com pequenas faíscas do sol, cidade doce e amarga, salgada mas com leve toque açucarado de nostalgia. Ele a amava, apesar de tantas vezes ser rejeitado pela mesma. A amava mesmo com todos os obstáculos e dificuldades de se viver nela, e por esse mesmo motivo insistia e continuava a andar por suas esquinas e ruas sem saída.Então, ele, que até entao havia perdido toda sua essência, por cidades passadas, pelo medo do desconhecido, ou ate mesmo por não conseguir se adequar tao bem a outras cidades, se permitiu ama-la como um todo, e não apenas seus pequenos fragmentos, que separados eram bonitos e poéticos - mas juntos, as rachaduras se tornavam visíveis junto ao caos e a loucura da mesma.
Decidiu amar, mas não percebeu ser tarde demais.
Se viu estatelado sobre o chão. Com o olhar turvo viu pessoas ao redor meio espantadas mas ainda assim com julgamento no semblante. Seu corpo esquentou e esfriou, o asfalto antes quente da metrópole agora o anestesiava."E ela que eu tanto amei, me matou"
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."E ela que tanto amei, me permitiu morrer em seus braços" - camuflou a mentira, pois essa parecia mais confortável ao som doce, e amargo, de sua despedida.
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Tormenta
RandomMeus textos e poemas autorais, minha alma, meu coração, minha dor, minha tormenta.