O Motel Onde Tu Bates

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"Mas que droga, tinha que secar logo agora?" - pensei. Maldito pneu. Já era noite, meu celular quase descarregando e ali à beira da estrada estava um motel aparentemente abandonado, que mais parecia o cenário de um pesadelo.

Fui logo procurar ajuda numa casa que ficava nos fundos do motel. Mas não era uma simples casa. Era tipo a casa da Família Addams. Pequena por fora mas gigante por dentro - onde eu só esperava não encontrar pessoas tão estranhas quanto aquele lugar.

Decidi ir bater na porta da casa quando avistei um homem aparentemente bêbado próximo à escada de entrada. Ele era meio gordinho, barbudo, vestia uma camisa de botão xadrez e jaqueta sem manga, e tinha uma cinta de couro daquelas de faroeste.  Sinalizando pra ele, falei:

- Amigo, o pneu da minha bicicleta secou ali na frente, será que você podia...

O homem me olhou assustado, como se não me quisesse por ali e indagou:

- O que faz aqui? Eu não conheço você... Saia agora mesmo da propriedade da minha família, fora da minha casa!

Puta que pariu. Já não bastava não ter ninguém naquele bendito motel, o cara tinha que surtar do nada e me expulsar?

"Melhor sair logo daqui antes que esse maluco faça algo comigo..."

O cara ficou me olhando torto, desconfiado, e foi ali que eu acelerei o passo e fui descendo as escadas até conseguir me despistar dele e me esconder na mata. Pra dizer a verdade, para o dono da propriedade, ele estava muito desconfiado. Não falava muito alto, parecia um intruso querendo passar despercebido. Era como um serial killer de filme de terror, pronto para atacar.

Foi quando ouvi um estrondo de vidro quebrando, como se alguma porta ou janela tivesse sido arrombada. E mesmo escondido ao longe, ouvi a voz de uma mulher que gritava por ajuda, como se chamasse alguém de dentro da casa. Os gritos pioraram quando ela parecia estar sendo brutalmente abusada. Eu me tremia todo. Não sabia o que fazer.

Até que aparece um garoto magrinho e esquisitão, meio desnorteado ao ouvir os gritos vindos da casa (que aparentemente seriam de sua mãe), e sai correndo disparado em direção à casa.

Fui atrás dele. Senti que podia ajudar. E quando estava subindo as escadas, avistei uma caminhonete vermelha estacionada ao longe e acabei escorregando sem querer. Levantei rapidamente e ao me aproximar da janela da cozinha, avistei a mulher esfaqueando o cara que eu havia encontrado do lado de fora da casa. Ele mesmo, o gordinho desconfiado, levando uma sequência de facadas no abdômen, que serial killer nenhum jamais daria com tanto gosto como aquela moça. O filho avista toda a cena do homem sendo esfaqueado na cozinha e friamente diz à mãe:

- A gente tem que ligar pra emergência!!!

- NÃO, não vamos ligar pra eles, não faz isso...

- Mãe, ele te atacou, foi legítima defesa! - rebateu o garoto. No que a mãe emendou:

- Norman, seja como for, isso vai se tornar público e... vai estar em todos os jornais, todos na cidade vão saber. Quem vai alugar um quarto num motel de estupro/assassinato?

Foi o suficiente pra eu dar o fora dali. Enquanto eles dois discutiam como abafar o assassinato e esconder o corpo, eu só conseguia correr pela mata e pensar como uma simples parada num motel a procura de ajuda, me renderia uma noite tão macabra.

E de repente eu estava sozinho de novo, no meio do mato, com a lua iluminando a minha visão. Sabe quando você quer acordar de um pesadelo e não consegue? Era como se eu estivesse delirando. Não só enquanto me debatia na cama, mas também por presenciar toda aquela insanidade.

Então os vi descendo as escadas com o corpo enrolado em um enorme edredom. Eles cochichavam entre si, enquanto eu ouvia um bip do WhatsApp. Alguém havia falado comigo. Eu já estava acordado quando vi a mensagem de um amigo, dizendo que eu não poderia deixar de assistir uma série que todo mundo já vinha comentando há algum tempo. Quando eu estava digitando que "Sim, pode deixar que vou ver, qual é o nome dela mesmo?" Ele já havia enviado. Seu nome era: Motel Bates.

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*Capa: Adaptação 

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⏰ Última atualização: Feb 28, 2017 ⏰

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