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Domingo

-Sera que ela vai ficar bem? - pergunto ao meu pai pela milésima vez.

É assim, ontem quando minha mãe caiu no chão ela desmaiou por causa da diabete dela, ela passou muito tempo sem comer açúcar e a glicose dela baixou e isso fez com que ela desmaiasse, mas o pior é que o médico falou que com o tombo ela bateu a cabeça muito forte no chão e agora eles estão esperando os resultados dos exames.

-Vai sim meu amor. - meu pai diz e deixa um beijo na minha testa.

-Assim espero. - falo e sento na cadeira que fica no corredor branco do hospital.

Um casal à uns três metros de mim estão abraçados chorando, enquanto uma enfermeira passa por eles e nem se preocupa em falar algo. Uma das portas do corredor é aberta e dela sai uma garotinha em uma cadeira de rodas, ela é bem branca e parece estar muito doente, o médico que está junto com ela à leva até o casal, quando eles a veem à abraçam. O médico fala algo e percebo que eles choram mais.

-Comovente não é? - ouço a voz do Harry ao meu lado, nem tinha reparado que ele estava aqui, ele tinha ido comprar um café.

-Nao irei te responder. - falo e viro o rosto, e nisso vejo o médico que nos atendeu caminhando em nossa direção.

-Sr. Parker? - o médico chama meu pai e ele levanta e eu o sigo.

-Como está minha mãe? - pergunto nervosa pela resposta do médico.

-Bom, eu não tenho uma boa notícia. - ele diz.

-Fale logo! - meu pai exige.

-A Sra. Parker está em um estado grave, a batida foi muito forte, não sabemos se ela sobreviverá, mas prometo que faremos o possível.

-Eu.. eu posso ve-la? - pergunto e uma lágrima cai do meu olho e em seguida outra e outra.

-Sim, mas apenas um por vez.

-Vai você primeiro Mel. - meu pai diz e eu sigo o médico.

Caminhamos pelo hospital e quando chegamos a uma porta branca com o número 145 em preto o médico para e abre a porta para mim, eu agradeço e entro. O que vejo é uma cena horrível, minha mãe, aquela mulher animada e cheia de vida em cima de uma cama com tubos em sua boca, agulhas em seus braços, seu cabelo antes brilhante e longo foi cortado, e agora tem apenas um pano em sua cabeça. Seus belos olhos escuros estão fechados e talvez nunca mais irão ser abertos. Pego em sua mão esquerda e aperto.

-Vo-lta pra mim mãe. - choro. -Eu te amo tanto, você não pode me deixar. - minhas lágrimas estão piores, começo a soluçar. -VOLTA MÃE!!! - grito, mas ela não abre os olhos, ela não faz nada e é nesse momento é que eu questiono sobre a existência de Deus, se ele existe por que ele deixa as pessoas passarem por esse sofrimento?

Olho para a sala e percebo que tem remédios em cima de uma mesa, pego em todos eles e guardo em meu sutiã, já sei o que irei fazer.

Tudo isso é culpa daquele desgraçado do Harry, se ele não tivesse entrado na minha vida nada disso teria acontecido.

Eu vou matar ele.





Saio do quarto e vejo meu pai e Harry e vou na direção deles.

-Estou cansada. - reclamo.

-Pode ir embora filha, eu fico aqui e qualquer coisa eu te ligo. - meu pai diz me abraçando.

-Tudo bem, muito obrigado! - o abraço apertado.

Harry se despede dele e saimos do hospital.

***

Quando chego em casa Harry me leva para o meu quarto e tranca a porta; espero passar um tempo e tento abrir a porta porém como eu esperava ela está trancada.

-Droga! - praguejo baixinho.

Caminho de um lado para o outro olhando os remédios em minhas mãos, pensando em como irei os dar ao Harry. Olho para a janela, mas ela está trancada, caminho até a cômoda ao lado da cama e reviro as gavetas, sei que a cópia da chave do meu quarto deve estar por aqui, ela sempre esteve por aqui.

Quando abro a segunda e última gaveta, tiro uns papéis e voilà, sorrio abertamente, porém me arrependo por conta da minha bochecha machucada.

Levanto e vou até a porta, coloco à chave e a giro lentamente para não fazer nenhum barulho, abro a porta com o maior cuidado e espio no corredor, nenhum sinal daquele filho da puta, ando pelo corredor lentamente, quando chego nas escadas me abaixo para ver se tem alguém na sala e ela está vazia, desço lentamente as escadas e olho para todos os lados, mas minha preocupação diminui ao reparar que o casaco que ele tirou e colocou logo na entrada quando chegamos não está mais lá.

Decido fazer tudo rápido antes que ele chegue, corro até a cozinha e me pergunto onde colocar os remédios; abro a geladeira e vejo uma garrafa de cerveja pela metade aberta e decido colocar algumas das cartelas de comprimidos ali (peguei várias cartelas e quatro potinhos de remédios líquidos), por a garrafa de cerveja ser totalmente escura decido colocar dois dos potinhos ali e o resto eu esmaguei e coloquei no meio de um sanduíche. Fechei a geladeira e peguei todas as cartelas de remédios, quando estava subindo as escadas ouço o barulho da porta de um carro sendo fechada, corro até meu quarto e me tranco escondendo a chave, e rezando para que tudo dê certo.

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