"Lucy, escute ... Não precisa se apavorar! " , uma voz estridente soava atrás de meu guarda-roupa. Eu estava na cama e não conseguia me mexer, queria fazer algo, gritar, correr, mas a voz queria terminar sua mensagem.
"As promessas de Deus vão se cumprir não sua vida e ... " , sinto meu corpo tremer de medo, uma sensação de arrepio percorre minha coluna e minha cabeça dói, o meu medo me fez acordar e eu não deixei a pessoa terminar de falar. Quando abro os olhos estou na mesma posição do sonho, nada mudou em meu quarto. Começo a desconfiar que não foi um sonho, mas impossível, acabei de acordar. Não entendo nada do que aconteceu mas só penso em uma coisa. Ligar para Dan. Ele vai me acalmar. Viro de lado da cama e pego meu celular que estar no chão, imediatamente disco o número dele.
"Oi amor!", Dan fala tranquilamente, sua voz é como um sonífero para minha alma. "Oi Dan, acabei de ter um sonho estranho, acho que foi Deus ou alguma coisa que tentou falar comigo, eu ainda estou toda me tremendo. " , Falo um pouco rápido , o que faz Dan aproximar-se mais do celular e perguntar como foi. Após explicar tudo, ele finaliza "Tudo bem, é estranho mesmo, amanhã vamos falar tudo para o Nikael, pode ser que ele nos ajude. "
Nikael era o novo amigo do Dan que o tinha levado para uma reunião na casa dele . Desde esse dia, ele grudou no meu namorado como se já fossem melhores amigos há tempos.
"Certo, estou com sono, obrigada por me acalmar, amanhã a gente se vê! Te amo! " , minha voz aparenta estar cansada mas sei que não vou conseguir dormir nem tão cedo. "Certo, dorme bem , te amo" . Ele desliga o celular e eu viro de lado. Mas quando penso bem, viro de bruços para cima, tenho que manter minha visão bem atenta. Vai que alguma coisa aparece e eu não vejo.
"Muito estranho tudo isso, será que tive esse sonho só porque não quero participar desse grupo!?" , quase não percebo que meu pensamento saiu um pouco mais alto do que eu esperava. Melhor tentar dormir, antes que minha mãe bata na porta reclamando que ainda estou acordada.
...
"Lucy! Eu e sua mãe estamos indo merendar na casa de sua avó, quer vir com a gente?" , meu pai me chama abrindo a porta de meu quarto e acendendo a luz. "Nossa! Apaga isso! Não, vocês trazem meu lanche! Ainda quero ficar deitava" reclamo com meu pai, enquanto cubro meu rosto com o lençol. "Tudo bem, sua preguiçosa. " , ele se despede ironicamente apagando a luz do quarto e me deixando sozinha em casa. Acho graça da forma como falou comigo. Meu pai é muito carinhoso. Se fosse mainha quem tivesse vindo me chamar, teria sido aos gritos.
Falar com meu pai me deixou acordada e volto a lembrar do sonho estranho que tive. Ainda lembro como era a voz da pessoa que falou comigo. Se realmente for Deus, então ele deve estar me chamando. Acho que devo ceder um pouco e tentar conhecer esse grupo dos amigos do Dan. Decido me levantar da cama e ir vestir alguma coisa. Depois com certeza vou passar o dia assistindo. A tardinha combino com o Dan para onde vamos sair a noite. Preciso pensar em qual roupa vou vestir.
Meu celular começa a vibrar em cima da cama e corro para ver o que é. Uma mensagem do Daniel , "Amor, o Nikael e o Bruno chamaram a gente para conhecer a igreja em que eles congregam. Você quer ir? Começa às 19h." . "Nossa! Daniel acordado uma hora dessas? Que milagre é esse?" Penso alto e decido mandar uma mensagem também. "Caiu da cama foi? Rs. Pensei que primeiro eu tinha que ir para a reunião de grupo , mas já que chamaram para a igreja, tudo bem! Vamos sim!" , aperto enviar e espero não me arrepender dessa decisão. "Os meninos vinheram me acordar, fui obrigado. Estamos merendando. Quer vir para cá?" , Dan responde. " Não, pode aproveitar. Vou passar o dia em casa. Te amo! " . Respondo e coloco o celular de lado. Será que estou sendo implicante ou esses meninos estão na cola do Dan?! Acho que estou sendo só chata mesmo. Não deve ser nada demais. Vou para a sala e ligo a TV, e ali passo todo o meu dia.
...
"Droga, falta meia hora e ainda nem me vesti! Mãe, me empresta aquela blusa vermelha! " Resmungo e vou em direção ao quarto dos meus pais. " A blusa vermelha? Ela vai ficar grande para você Lucy." , minha mãe fala enquanto abre o guarda-roupa. "Essa é a intenção, vou para uma igreja de crentes, tem que se vestir comportada." Rio de mim mesma por dizer isso, mas não quero nenhuma irmã lá me olhando com tom de reprovação. "Não tô acreditando que vai para uma igreja evangélica! Não Lucy, por favor! Você não tem mais o que inventar? " , Pela cara dá minha mãe ela não gostou muito dá ideia.
"Mãe mulher, é só para conhecer. Vou com Dan. Uns amigos dele chamaram a gente." , falo saindo de perto dela mesmo sabendo que está vindo atrás de mim. "Lucy, não sei se é o melhor. Vocês não estão gostando da igreja católica? " Affz! Quando começo uma conversa com minha mãe nunca termina bem. "Mãe, eu vou só conhecer, já falei. Não vou virar crentinha." Falo isso para minha mãe mas ao mesmo tempo para mim também. Não quero sair dá minha religião. Mas conhecer não custa nada.
Visto a blusa apressada, e ajeito meus cabelos . Como maquiagem não é meu forte, decido ir sem. Dan gosta de mim assim, natural. Assim que termino me olho no espelho, realmente estou irreconhecível por estar tão coberta. Não que eu me vista igual uma piriguete, mas roupa comprida não é meu forte.
Assim que termino escuto a buzina do carro do Dan. Corro até o quarto dá minha mãe e me despesso. "Tô indo. Beijos. " , "Seu pai quando chegar em casa não vai gostar nada de saber para onde você foi!" , minha mãe fala levantando de sua cama. "Então não conte pra ele!". Fecho o portão e entro no carro. Dan cumprimenta minha mãe e enquanto o carro sai, fico olhando quando nos afastamos de minha casa. Preciso falar direito com minha mãe.
"Tudo bem?" , Dan me pergunta olhando pra frente e alisando uma mão sua em minhas pernas. "Tudo sim, estou curiosa e ao mesmo tempo ansiosa pelo que vai acontecer." Tento falar de forma tranquila o que não o convence. "Relaxa, os meninos disseram que o pessoal de lá é legal, acho que vamos gostar. ". Assinto ao que Dan diz e fico escutando ele falar como foi o seu dia.
Chegamos tão rápido a igreja que nem dar tempo ensaiar como vou agir. Droga! Nao sei nem o que dizer para as pessoas, ou, e se elas tentarem puxar um papo comigo? O que vou dizer? . "Ei, relaxa e fica do meu lado! Vai ser ótimo! " Dan me acalma mais uma vez segurando minha mão, como se lesse meus pensamentos.
Enquanto o acompanho fico observando o quão simpático ele é, as pessoas nem o conhece mas já gostam com facilidade dele. Enquanto a mim, ah! Só aceno com a cabeça e repito o que as pessoas dizem quando nos recebem na igreja "Graça e paz!".Dan e eu sentamos numas cadeiras próximas a parede, um pouco no final da igreja para não ficarmos tão expostos. Sinto um alívio por ele ter pensando em mim. O pastor se apresenta no púlpito da igreja e convida o ministro de louvor juntamente com sua banda para iniciar os cânticos. As músicas são lindas, as palavras tocam no mais profundo da minha alma e chegam até meu coração. Falam de Jesus, de Seu amor por nós. Mas o que me incomodou é que enquanto cantava, o ministro ficava o tempo todo pedindo para que nós fechássemos nossos olhos. Eu olhava ao redor e via todos concentrados, até o Dan. Mas eu não conseguia. Tinha medo, tinha receio e cada vez que o rapaz do altar pedia mais eu ficava chateada, por que comecei a perceber que era para mim. Não fecho e pronto!
Passado alguns segundos, o pastor sobe no altar, cita o livro, o capítulo e o versículo da bíblia para que todos procurem e acompanhem enquanto ele lê. Em seguida começa a ministrar em cima daquela palavra. O tema é Amor. Ele cita vários exemplos até chegar no sacrifício de Deus por nós. Sinto como se um professor tivesse diante de mim explicando uma matéria e eu conseguisse entender. Peraí, eu estou entendo um pouco da bíblia? E quando chega no final todos aplaudem e elogiam a Jesus dizendo que Ele é Santo, Lindo, Maravilhoso. Começam a gritar dizendo Aleluia. Bem , nada demais do que eu já esperava, mas só não entendiam porque gritavam e nem ainda entendo. O culto finaliza, e o Nikael e o Bruno vem em nossa direção trazendo uma menina para me apresentar.
"E aí Lucy, gostou? Essa é a Marina. Ela é a líder das mulheres aqui da igreja, você vai para reunião de grupo dela!" , diz Bruno com um sorrido no rosto meio exagerado. "Oi! Tudo bom! Gostei sim, mas eu pensava que eu ia participar da reunião de vocês juntamente com o Dan.", digo meio confusa diante da situação em que fui colocada. "Ah! É que homens discipulam homens e mulheres discipulam mulheres. ", explica atentamente o Nikael. "Ta certo! Legal. " respondo logo para me livrar deles e aperto a mão do Dan. "Bom, então durante a semana a gente vai conversando, aí qualquer coisa entramos em contato." , Dan fala meio perdido também mas disposto a me tirar desse beco sem saída. Nem ele esperava por isso. Ele me puxa e saímos dali rapidamente. Nos despedimos do pessoal e eu entro no carro enquanto Dan fala com o Nikael e o Bruno.
"Amor, vamos comer um pizza , tudo bem? Os meninos vão acompanhando a gente atrás!" Confirmo com a cabeça e nego com o coração. Queria ficar sozinha com o Dan. Será que não vamos ter mais tempo para nós depois dessa igreja. Prefiro acreditar que não. Chegamos a pizzaria que fica próxima a igreja e nos sentamos todos em uma mesa só. Os meninos estão interagindo bem, conversando sobre diversos assuntos enquanto eu só observo. Quando percebo que estão falando sobre experiências espirituais lembro do meu sonho e conto para eles. Mas percebo que ja estavam por dentro, talvez o Dan ja tenha contado, talvez não né, com certeza.
"Lucy, eu ja tive várias experiências como essas, mas acredite, nem sempre são de Deus, ás vezes são demônios querendo nos enganar." explica Nikael enquanto divide os pratos entre nós. "Mas, você está querendo dizer que eu não devo acreditar no que sonhei?"pergunto um pouco sem graça. "Não, só que você deve estar um pouco atenta." Atenta, como assim? Até antes do sonho eu nunca tinha tido nenhuma experiência como essa. Então como saber? Olho para ele confusa enquanto penso sobre suas respostas mas logo desvio o olhar e tento me concentrar no Dan. Estou com saudades dele. Percebo que o tempo segurava minha mão enquanto conversava com seu amigo. Dan é um cavalheiro. É um presente de Deus em minha vida, se ele estar empolgado com tudo isso preciso me esforçar para estar também e seguir ele, a ele.
A noite termina rápido e quando vejo ja estamos em frente a minha casa. Descemos do carro e ficamos encostados no carro. Dan me puxa pela cintura para ficar a sua frente. Enlaço meus braços ao redor de seu pescoço e ele me puxa para mais perto. "Obrigado por ter ido comigo hoje. Foi bom estar la com você." agradece ele enquanto fala baixinho, bem perto de meus ouvidos. "Eu gostei, mas não quero ir para outro grupo, se for para participar quero ficar no mesmo que você. " falo olhando em seus olhos. Falo por que não quero ficar longe dele em nenhuma circunstância, principalmente diante das qual será me reunir com pessoas que não conheço, nunca vi na vida. "Certo, vou falar com os meninos. Mas vem cá, me dá um beijo. " ele toca em meus lábios e me rouba um beijo. Ou eu me deixo ser roubada? (continua)
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Amém? Que assim seja!
FanfictionO que poderia ser uma bela e inspiradora história de transformação e libertação, acaba tornando-se uma prisão. "Amém? " narra sobre a vida de dois jovens namorados, Daniel e Lucy, que decidiram abandonar sua vida mundana e entregar seu coração para...