Capítulo 1: Boom-box

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Em menos de dez saltos Imogen chegou até a porte do galpão, seguido de Axel recuperando fôlego com as mãos nos joelhos.

Para celebrar, Imogen triplicou o som do Boom-box com um novo mix de música eletrônica. Em meios aos pancadões das baterias de pontapé e terremotos do baixo, Imogen agacha e encaixa os dedos entre o chão e os portões do galpão. O estômago de Imogen apertou ao puxar a porta de metal gigante. - Eeeei! Axeeeeeel! Me arruma uma marreta! Eu acho que têm um cadeado entre uma das portas!

- Eu não sei onde têm marreta! Imogeeen! Saia da frente, vou tentar uma coisa! - Disse Axel avançando de voadora no portão. O galpão balançou com o golpe e Axel lamuriou com a dor. De costas no chão com um tornozelo torcido choraminguando entre gemidos de dor Axel se arrastou até os pés da Imogen. - Acho que basta por hoje Imogen. Boa noite.

- Queeee!? Fala mais alto! Ai desisto. - Resmungou a Imogen dando um pequeno pontapé na barriga de Axel. Imogen abaixou o Boom-box e estendeu a mão ao Axel. - O que você disse Axel?

Entre um estralo do pescoço Axel respondeu. - Eu não acho que dá pra abrir com marreta. Bora tentar fazer um pé de cabra grandão?

Imogen aumentou o som do Boom-box após concordar e mergulhou numa pilha sucata. Vagando por ambos lados do galpão os dois colheram os materiais para criar o pé de cabra. O Axel se destraiu enchendo as bolsas de canos e vasilhas até Imogen lançar uma chave inglêsa do tamanho do braço dela em direção á ele. - Pra quê! A bolsa já tá cheia de fogos de artifício, se você encher demais eu não vou carregar até a praça central!

Axel soltou uma risada e encontrou Imogen no portão do galpão com um longo e fino cano de chumbo. Imogen rodou um pneu de trator entre o cano e o portão. Axel subiu no pneu e apendurou na ponta fazendo levantamentos pra fazer o portão subir. Imogen agarrou nos pés de Axel e caiu de cara no chão com a calça de Axel enrolada na sua cara. Depois de um gemido de dor ela sacudiu as pedrinhas fora do cabelo dela e olhou para cima. Ela deu um pequeno sorriso e mordeu os lábios ao ver Axel sem as suas calças, vermelho como um tomate. Axel perdeu a força nas mãos e dedos e malou a calça de volta.

O cano de chumbo ainda reto como uma lança, apontada diretamente em frente de dois altos montanhas de sucata deu Imogen uma ideia. - Onde está o motor da cortadora de grama? - Dentro da bolsa de Axel estava. Com uma puxada da corda, o motor engasgou e latiu, até rosnar num tom constante vibrando para lá e para cá. Em cima de um monte em frente de mais outro monte de sucata estava os dois soldando um pequeno ferro ao chassi do motor. Axel alinhou um pneu com a borracha cheio até a boca de areia, terra e ferros aleatórios. O pneu rodou que a borracha queimou contra a pilha de sucata, lacerando-o e atirando sucata para trás. O braços e dedos de Axel ardiam de tanto pressionar o pneu contra o pedaço de ferro ligado no motor. O ombro de Imogen ficou dormente no mesmo instante que o motor da cortadora de grama lançou um pequeno jato de combustível na cara dela ao quebrar e mandar o pneu para o além. Como um raio de trovão, o pneu desceu o monte e subiu a outra deixando um rastro perceptível no seu caminho. O pneu cantou ao se dispersar sucata enquanto subia. O pneu mergulhou atrás do monte de sucata e uma colisão gigantesca ecoou pelo sucatão fazendo o som petrificante do Boom-box parecer o grito agudo de um manso rato.

Axel pegou uma ponta do seu cachecol e limpo a gasolina da bochecha de Imogen. - Será que o portão abriu?

Imogen coçou a parte inferior do queixo de Axel e deu um bicão no resto do motor da cortadora de grama. - Não sei. Talvez o galpão todo caiu e o portão permaneceu. - Respondeu Imogen num tom sarcástica após uma risada aguda. - Lá vai o nosso velho amigo... Uma motor morrer num ferro velho é uma premonição né?

A cortadora de grama rolou, roulou e rolou até chegar ao chão do sucatão. Axel coloca uma mão sobre a cabeça. - Será? Talvez pode ser um sinal de que -

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