alive?

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A u r o r a

Depois do suposto fim, da suposta despedida, do "eu te amo" engasgado na garganta enquanto assistia Zayn ir embora com a cabeça quente, depois de receber uma ligação desesperada de Trisha me informando sobre o suposto acidente de carro, acabei por achar que aos poucos eu acabaria por morrer de amor. Mas aprendi que não, ninguém morre.

Foram horas que pareciam dias e dias que pareciam anos, nunca nada estava suficiente, desde o clima agradável até todo o dinheiro que tinha em minha conta bancária. Pela primeira vez na vida, meu coração e meu cérebro se uniram em um só sentimento: tristeza. Tristeza por ter deixado Zayn sair tão revoltado, por saber que ele tinha partido sem estar de bem comigo, por não ter sido boa o suficiente pra fazer ele ficar. Eu nunca seria, de qualquer forma.

Se me perguntassem o que se passava pela minha cabeça nos primeiros dois meses em que eu tentava de qualquer forma não aceitar o fato de Zayn Malik ter morrido, eu responderia que tudo se baseava na culpa, culpa pelo não dito e pelos sentimentos que eu nunca deixei transparecer mas que eram tão vivos em mim.

Foi cruel a forma na qual descobri o amor da minha vida, foi extremamente cruel descobrir que o homem que eu amava estava a sete palmos do chão e eu não podia fazer nada a respeito disso, não mais.

Com o tempo, a dor foi ficando mais intensa, e quanto mais intensa ficava, mais era fácil de lidar, era como algo cotidiano, eu levava a dor comigo pra qualquer lugar que fosse, já era um hábito. Todas as dores, as feridas, as noites em claro, a angústia que persistia em ficar, tudo se acomodou em um lugar específico do meu coração, e decidi seguir o mínimo de dignidade que me servia pra tentar seguir em frente. Me encarava no espelho todas as manhãs e como um mantra, repetia várias e várias vezes: "Você é a vadia da Aurora, você tem tudo o que quer, sempre".

Decidi que não podia ficar observando a tempestade cair, eu tinha que me molhar.

Por um motivo óbvio, parei com os trabalhos pra facção que Zayn tinha criado, me desliguei de tudo e deixei tudo nas mãos de Andrew, que por algum motivo muito idiota passou pra mão de Ed, um babaca qualquer. Minha vida tinha tomado um rumo que eu não fazia ideia que tomaria depois de aceitar alguns trabalhos de modelo que tinham sido oferecidos quando Zayn era ainda vivo e me obrigava a recusar.

Eu tinha dinheiro suficiente pra viver, assim como Andrew disse, três vidas de luxo, tinha carros de todos os tipos e um apartamento gigante que caberia cerca de três mil pessoas dentro, mas isso não era o suficiente pra mim. Eu não tinha mais Zayn, e isso me fazia pensar que não tinha nada.

Depois da primeira mensagem recebia com um número anônimo se dando a entender que era Zayn, a esperança de tê-lo vivo me consumia por inteiro, aos poucos, a dor foi se fazendo mais presente novamente e mais incômoda, e foi esse o motivo de ter aceitado fazer o trabalho que Ed propôs, eu precisava estar próxima de Zayn novamente, e precisava entender quem me mandava aquelas mensagens que atormentavam tanto a minha cabeça.

E então ele volta.

Volta como se nada tivesse acontecido, como se a porra dos dois anos em que vivi num inferno tivessem sido uma diversão, parte de um plano que não sou capaz de entender. E pior de tudo, volta como se sentisse tudo aquilo que eu sempre fiz tanto esforço pra esconder dele, era impossível, Zayn não amava ninguém além dele mesmo.

Enquanto Malik estava sentado no sofá assistindo um episódio de Game of Thrones, me peguei o observando da cozinha e pensando nas coisas que aconteceram em dois dias, ou melhor dizendo, em dois anos. Como um banho de água fria, as coisas iam ficando cada vez mais claras na minha cabeça, coisas que não conseguia enxergar por estar completamente cega de culpa e tristeza pela sua suposta morte.

Zayn tinha me enganado esse tempo todo, tinha conseguido me manipular de tal forma que eu não era capaz de perceber. E agora estava de volta, fingindo sentir algo que não sente, só pra me ter em suas mãos novamente. Encarei suas costas por longos minutos enquanto pensava sobre isso, eu sabia que ele sabia que eu estava ali, o observando, era como se meu olhar queimasse suas costas de uma forma intensa.

Ele não se mexia, entretanto, continuava a fingir que assistia a série que costumava ser a nossa preferida. Como ele podia ser tão cruel a ponto de ir embora e me deixar pensando que o tinha perdido pra sempre? E como podia ser tão cruel a ponto de voltar como se nada tivesse acontecido?

Subi silenciosamente pro quarto e peguei as malas pretas que eu usava pra uma viagem longa, peguei com cuidado minhas peças de roupa do closet e coloquei tudo dentro da mala. Ajeitei as necessaires com todas as minhas maquiagens e afins, arrumei também meus sapatos e quando observei, ainda tinha muita roupa minha ali, mas a maioria eram de Zayn, eu tinha pegado o suficiente. Cheguei até a sala com as malas e observei Malik levantar do sofá me olhando como se tivesse visto um alien

- Que merda é essa Aurora? Vai fazer doação?- ele riu e começou a vir em minha direção enquanto eu caminhava até o elevador

- Na verdade não, eu não vou fazer nenhuma doação- apertei o botão do elevador e ele continuava a me encarar- estou indo embora

- Como assim embora? Ficou louca?- Malik aumentou seu tom de voz e eu dei uma risada abafada- Aurora você não tem pra onde ir, aqui é sua casa

- Talvez você não esteja tão por dentro do que está acontecendo aqui no mundo real não é? Achei que tinha mandado seguranças atrás de mim- ouvi o elevador chegar e coloquei minhas malas dentro do mesmo enquanto Zayn observava tudo sem conseguir se mexer- acho que não existe revistas de fofocas a sete palmos do chão, interessante

- Cala a porra da boca e para com esse teatro todo, volta pra dentro, agora- ameaçou e eu dei mais uma risada vendo ele travar o maxilar com força

- Estou saindo do SEU apartamento Zayn, isso é tudo

- Não é MEU, é NOSSO, que porra ta acontecendo? Pelo amor de Deus me explica isso, tava tudo bem, a gente até...

- Fodemos, como sempre fizemos desde os nossos 16 anos, não há novidade nenhuma nisso

- Não Rora, você sabe que foi mais que isso, ontem foi- ele suspirou e colocou o cabelo pra trás- foi diferente

Merda. Merda. Merda.

Eu não podia me deixar levar por essa conversa, não agora

- Tchau Zayn- me aproximei dele com toda força que me restava e deixei um beijo em sua bochecha, se ficasse um minuto a mais próxima dele, seria capaz de desistir de tudo que estava prestes a fazer

Entrei no elevador e vi Malik com a cabeça baixa, tudo o que queria agora era sair de onde eu estava e o abraçar, mas eu não podia fazer isso. Enquanto a porta do elevador fechava, Zayn ergueu seu olhar pra mim e pude ver que seus olhos estavam vermelhos e cheios de lágrimas, QUE MERDA É ESSA? O encarei assustada e ele piscou deixando as lágrimas rolarem em seu rosto

- Rora

Sua voz sumiu pois eu já estava sendo levada pra baixo. Meu coração batia com força no peito, parecia que a qualquer momento ele pularia pra fora ou algo assim. Zayn. Chorando.

Isso nunca aconteceu antes, que merda estava acontecendo?

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⏰ Última atualização: Feb 24 ⏰

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Aurora » Z.MOnde histórias criam vida. Descubra agora