Capítulo 3

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Anastasia

Passavam das 09h15min quando a Mercedes prateada de Victor estaciona em frente ao meu prédio. Agradeço a carona e caminho em direção ao meu apartamento, localizado no oitavo andar. Pego o elevador, que por sorte estava vazio, e minutos depois já estava parada em frente a minha porta. Com agilidade, encontro a chave dentro da bolsa e a abro. Jogo a bolsa em cima do sofá e vou até a cozinha. Meus olhos percorrem o local perplexos com a bagunça. Respiro fundo e prendo o cabelo num coque. Começo guardando a comida que estava sobre a mesa e organizando os armários. Em seguida, parto para a louça.

A conversa com Victor não sai da minha cabeça. E se eu não estiver delirando? E se meus sonhos estiverem tentando me dizer alguma coisa? Não sei porque, mas sinto que algo ruim está para acontecer.

Através do vidro do armário, vejo um vulto na sala. Viro-me imediatamente, mas não encontro nada. Apenas a cortina da sala balançava. O prato que eu estava segurando cai no chão, assustando-me. O que era aquilo? Espero uns segundos até me acalmar e depois me agacho para juntar os cacos. Com cuidado, enrolo-os numa folha de jornal e os deixo sobre a mesa. Mais tarde eu os levaria até o lixo. Meus olhos pousam novamente na janela e eu decido ir até lá. Afasto a cortina, que ainda balançava um pouco, e noto que o vidro está aberto. Mas eu o havia deixado fechada a noite passada e, hoje de manhã, ao que parece, estava tudo em ordem. Se não foi nem eu nem Sarah... Ah, não. Fecho a janela e saio em busca de algo que talvez tivesse sumido. Procuro em todos os quartos e até mesmo no banheiro. Tudo estava normal, exceto por uma fotografia de família, tirada quando meus pais ainda eram vivos, que estava deitada sobre a mesinha em que costuma ficar.

Ligo para a portaria e Antônio, o senhor que me atendeu, não demora a chegar.

- Oi. Pode entrar- digo, dando passagem para que ele pudesse adentrar no apartamento.

- Olá, senhorita. O que houve aqui?

- Bem, eu cheguei em casa a pouco e encontrei a janela aberta. Então, gostaria de saber se você viu alguém estranho ou que não conhecesse entrar no prédio?- ele dá uma risada.

- Moça, isso aqui é um prédio. Centenas de pessoas circulam por aqui todos os dias. Bandidos, drogados, prostitutas... Se eu desconfiasse de cada um com uma cara suspeita, seria despedido, entende? Mas, se você quer saber, essa manhã foi tranquila. Não tivemos muita movimentação. O único rosto desconhecido que passou pela porta foi o do jovem Evans, que estava de visita a senhora do 301. Aquela garota, sim, tem uma vida agitada. Todo o dia é um cara diferente. Enfim, eles ainda estão no apartamento e eu posso confirmar para você se quiser.

- Não é necessário.

- Por que acha que alguém entrou aqui? Alguma coisa sumiu? Não há sinais de arrombamento pelo que vi...

-Não, mas uma foto antiga estava deitada e eu tenho certeza de tê-la visto em pé.

- Mas por que alguém entraria na sua casa e não levaria nada?

- Não sei...

- Dona Campbell, na correria do dia a dia, esquecemos coisas idiotas como onde deixamos a carteira ou de tirar a roupa do varal, mesmo sabendo que a previsão é de chuva.

- Mas eu juro que...

- Todos juram, Ana, até perceberem que estavam errados. Quem sabe você não senta um pouco, relaxa e tenta se lembrar do que realmente aconteceu.

- Eu sei o que vi.

- Certo. Bem, se a senhora insiste... Caso aconteça de novo, é só me chamar.

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⏰ Última atualização: Dec 12, 2017 ⏰

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