Uma gravidez. Duas crianças. Quem será o dono do Trono? Mesmo tendo nascido primeiro, Mayla não será a Rainha. O Trono será de seu irmão gêmeo, afinal é a tradição no Reino de Lucélia que só homens reinem. Mas, ao observar Derick sem ter ao menos me...
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Eu estou no trono. Sim, sou a Rainha do Reino de Lucélia, onde a magia é presente na vida de quase todos, inclusive na minha. Governo todos os tipos de criaturas mágicas ou não mágicas que se possa imaginar: ogros, fadas, magos, trolls, duendes, gnomos... Neste momento estou sentada no centro de um palco montado em frente ao palácio. E observo uma multidão dessas e de outras criaturas bradando meu nome:
_ Rainha Mayla! Rainha Mayla!
Sim, Rainha! Afinal, é o que fui predestinada a ser. Pois, sou a filha mais velha do Rei Darlan e da Rainha Amélia. Nasci primeiro que meu irmão gêmeo, Derick. E minha magia é elogiada desde quando posso me lembrar, enquanto a dele é simples, e mesmo com oito anos de aulas diárias comigo como sua "Tutora de magia" ele não teve grandes avanços além de algumas bolas de fogo. Tudo isso deve ter sido suficiente para que a lei de Lucélia fosse alterada. Essa maldita lei que diz que só homens podem governar. Mesmo que meus pais não tivessem filhos homens, meu primo mais velho assumiria o trono...
Mas, Derick perdeu. E quando olho para esquerda e vejo-o sentado em uma cadeira ao meu lado com seu rosto impassível e olhos fixos na multidão, observo que ele está com seu olhar de derrota, embora esteja vestido como um verdadeiro príncipe, com seu topete dourado arrumado perfeitamente sob a coroa que realça ainda mais sua beleza. Ao observá-lo bem, vejo nossa semelhança: Olhos cor de esmeralda, rosto fino assim como a boca e nariz. E força. Mesmo estando derrotado, vejo força em meu irmão. Sim, somos parecidos. Conheço-o, até demais. E odeio o fato dele me desvendar também. Gosto de ser um mistério. Porém, Derick não me causa mais medo. Hoje eu sei que sou muito poderosa, não preciso temê-lo. Mas, não foi sempre assim. Eu amava meu irmão, até o momento que ele me desafiou. Ele esquece que sempre venço os desafios.
Quando me volto para direita, quem está sentado ao meu lado me faz abrir o sorriso mais sincero. E quando Nathan sorri de volta para mim, me faz estremecer com tamanha beleza. Ele é realmente lindo, também está vestido como o príncipe que é, seus cabelos pretos cobrem um pouco sua testa de lado, e sua coroa brilha quase como seu sorriso, mas não tanto como seus olhos cor de mar. Ao olhar para ele começo a pensar nos preparativos de nosso casamento, jantar de noivado... Até que o rosto dele fica impassível e cruel e ele diz:
_Princesa Mayla!
Uma luz forte de repente toma minha frente e abro os olhos. Estou no meu quarto e Anne chama meu nome para que eu me acorde. Nada fora do habitual, mas o fato dela me chamar pelo simples título de princesa, ter me tirado de meu sonho, além da traição de ontem à noite... Encho meu coração de raiva e grito contra ela:
_Como se atreve me acordar desse jeito, criada!
Anne fica claramente assustada e a expressão em seus olhos negros é de pura confusão: não sabe o que fez de errado e está com medo de mim, e isso me deixa ainda mais irada. Ela se afasta, encostando-se a parede do quarto. É quando uso minha magia para lançar a bandeja de café da manhã contra a parede, ao lado dela. O horror em sua expressão é tão grande quanto minha raiva, e ela diz entre lagrimas e soluços:
_Princesa, me desculpe... Eu realmente não sei o que fiz de errado... Por favor...
Princesa... Até o dia anterior ser chamada dessa maneira não me causava nenhum efeito. Era o normal. Mas, depois do que meu irmão me disse ontem eu farei de tudo para ter o título que mereço: Rainha Mayla! Igual meu sonho...
