Capítulo 5 - Tensão

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Faltava dois meses para o início das aulas e eu me sentia entediada.

Durante o dia assistia televisão ou saía com Rebecca e durante a noite saía com Mike. E isso já durava uma semana.

Antony quase não dirigia a palavra a mim e eu nem fazia questão de iniciar uma conversa. Estávamos ainda constrangidos com a última discussão.

Becky saía com Michael e estava adorando. Por incrível que pareça, eles ainda não tinham ido para a cama. Michael era todo certinho e estava em busca de algo sério e Rebecca estava encantada com esse lado romântico dele, embora frustrada sexualmente.

Quanto a mim, quase todas as noites acabavam em sexo e eu estava curtindo.

- Bárbara?!

- Sim?

- Quer ir à pizzaria comigo?

Fiquei muito surpresa com seu pedido, considerando que quase não nos falávamos.

- Ah, tudo bem! Não tenho planos para hoje.

Me arrumei em 10 minutos e saímos para o jantar.

Enquanto comia um pedaço de pizza de pepperoni, Antony me olhava como se estivesse pensando no que dizer.

- Olha, me desculpa pela semana passada. Sei que não tenho direito de me intrometer na sua vida sexual - ele fez uma pausa - é que não aguento mais esse clima no ar.

Concordei com ele enquanto tomava um gole de refrigerante.

- Além do mais, - começou - parece burrice da minha parte, mas achava que você ainda era virgem.

Quase me engasguei com o refrigerante.

- Por quê?

- Não sei! Talvez porque uma vez você me disse que só iria com quem gostasse de verdade. E você tem uma cara inocente.

Ri com aquele comentário.

O silêncio durou dois minutos.

- Foi a dois anos atrás - ele me encarou - estava quase me formando no ensino médio, sabe. Foi com um garoto chamado Brad e ele me magoou de forma irreparável - ele pareceu muito surpreso - não me olhe assim! Eu era uma otária, burra e inocente! Eu gostava muito dele e nunca havia notado sua safadeza. Então começamos a namorar e depois de duas semanas, ele me chantageou emocionalmente dizendo que se não transasse com ele, acabaria tudo entre nós - fiz uma pausa para respirar - e então eu fui! Foi o pior dia da minha vida! Ele não me machucou apenas fisicamente mas também na alma. Foi um bruto comigo e no dia seguinte, ainda na cama, ele me dispensou. Disse que não daria mais certo comigo.

- Sinto muito! - havia sinceridade em sua voz.

- Enfim - suspirei - me senti um lixo naquele dia. Fiquei o tempo todo chorando e me perguntando o que havia feito de errado, me culpando e achando que era ruim de cama - ri com ironia.

Ele encarava o prato.

- Demorei um ano para voltar a ter intimidades com outro homem. Foi com Augusto, um estrangeiro que fez estágio com minha mãe. Ele foi maravilhoso comigo - afirmei tristemente - namoramos por dois meses no ano passado. Ele me curou. Me dizia o tempo todo que era maravilhosa e que era perfeita na cama e fora dela. Mas ele teve que voltar para o país de onde veio, pois sua mãe estava muito doente. Meu coração se partiu novamente.

Ele segurou minha mão e acariciou.

- Não tive muitas experiências sexuais até hoje. Mike é meu terceiro e ele é perfeito em tudo.

Ele soltou minha mão e continuou a comer.

- Poupe-me dos detalhes sórdidos.

Ignorei seu comentário.

- Mas e você? Conte-me.

- Ah sabe como é! Estava com 16 anos e sendo pressionado pela sociedade a estrear na vida sexual. Foi com uma garota um ano mais velha do meu antigo colégio. Nada de especial e nem foi tão bom assim.

Dei risada. Sua história era melhor que a minha.

- Mas desde então não parei de sair com mulheres. É um passatempo. A única vez que me apaixonei, a 3 anos atrás, Bianca fingiu que me amava e me consolou por tudo. Meu pai que morreu naquele ano, minha mãe que havia se tornado uma alcoólatra e até por você. Ainda estava magoado com sua partida. - ele olhou para mim e continuou - ela me segurou a mão mas soltou na primeira oportunidade. Foi embora com um mauricinho da Flórida e nunca mais tive notícias.

Olhei para ele tristemente, pensando que a vida não tinha sido legal com nenhum de nós dois. Pelo menos não no quesito relacionamento e família.

Terminamos de comer e fomos embora em silêncio.

- Bárbara.

Ele me chamou decidido. Dentro do elevador.

- Sim?

- Fica comigo!

O encarei perplexa.

- O que?

- Fica comigo esta noite. Por favor!

Eu estava assustada com seu pedido então consegui reagir de imediato.

Ele se aproximou e me beijou. No início, foi um beijo leve e delicado mas então foi ganhando intensidade. Enrosquei minha perna na sua cintura e pressionei meu corpo no seu.

Sua mão estava uma pressionada em um dos meus seios e a outra estava no meu cabelo.

Eu não sabia o que era um beijo até aquele momento. Aquilo era um beijo.

Parecia que eu ia explodir de excitação.

Não podia fazer aquilo. Me sentia a pior pessoa desse mundo. Com dificuldade empurrei seu peito.

- Não podemos!

- Barb! - ele fechou os olhos e gemeu.

- Não! Não faça isso! Vamos nos arrepender.

- Barb, podemos até nos arrepender pela manhã seguinte, mas hoje só quero ter você! Hoje, pelo menos hoje, quero que sejamos um do outro!

E toda hesitação que tinha, desapareceu.

Desejo Entre AmigosOnde histórias criam vida. Descubra agora