Prólogo

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Corro.

Eu estou cansada e o medo está me deixando pior. O caminho está muito escuro para encontrarmos um local para descansar, mas estamos caminhando ha horas e não encontramos nada, nenhuma pista, nenhum local e ainda não a encontramos. Onde ela está? Será que ela foi capturada? Não podemos cruzar a fronteira sem ela.

— Você está ouvindo esse barulho? Vamos! - Helena segura a minha mão e me puxa em direção ao som da água.

— Eu não acho que isso seria uma escolha sensata, lena.

— Nós precisamos disso, Li. Estamos caminhando faz um bom tempo e nossa água já acabou. Eu prometo que é só por um momento. - Helena sussurra.

Aperto um pouco sua mão consentindo. O solo abaixo de nossos pés está cada vez mais fofo e nossos pés afundam a cada passo, o que dificulta a nossa velocidade.

Um barulho.

Eles nos acharam, penso. Helena, no entanto, acaricia a minha mão e me explica que pisou em um galho.

— Se estivessem nos encontrado, já estaríamos presas, você não acha? - Ela me indaga.

Eu não sei o que responder, apenas continuo a caminhar ao seu lado. Eu o conheço, sei muito bem do que ele é capaz de fazer nessa situação. Provavelmente esperaria até ficarmos desprevenidas e assim nos prenderia. No entanto, por Helena, preciso manter a calma. O problema é que há muitas coisas acontecendo na minha cabeça que está me deixando inquieta. Estou preocupada por ainda não ter a encontrado, o que me faz pensar que ela foi capturada e se isso realmente aconteceu, imagino que seremos as próximas, também continuo preocupada com o fato de estarmos tão cansadas que estamos dando passos cada vez mais lentos e certamente logo nos encontrarão.

— Olha! - Helena falou apontando para a direção ao rio. - Deveríamos aproveitar e nos lavarmos. Não sabemos quando vamos ter essa oportunidade novamente.

— Você acha seguro? - Pergunto - Não acha melhor nos apressarmos? Não me sinto muito à vontade aqui, não conhecemos a água, não sabemos...

— Lilith, olhe para o céu. - Helena falou isso de uma forma bem calma de uma forma que só ela poderia fazer nesse momento.

O céu está limpo e iluminado. Ao olhar para ele, logo entendi o que ela está falando. A lua cheia estava sobre nós.

— A Deusa está conosco, Lilith. Ela vai nos proteger. Eu sei que vai. Não se preocupe.

— Eu realmente espero que isso aconteça.

— Li, você o conhece melhor que ninguém, sabe o que ele irá fazer nessa situação. Sei também que está preocupada porque não a encontramos, sei que está achando que ela foi capturada. Mas fique calma, eu acredito que ela está bem.

— Eu espero que sim. Eu espero.

É doloroso para mim pensar nela. Ela nos ajuda todo momento e agora a única coisa que preciso é dela ao nosso lado para nos guiar, nos mostrar que está tudo bem e que tudo irá dar certo. Mas ela não está e a única coisa que temos são algumas instruções que nos foi dada. "Se eu não estiver lá, alguém vai", ela nos falou. E eu só espero que se não for ela, seja alguém que realmente nos ajude.

— Lilith! - Helena estava me convidando para entrar na água.

— Só um momento.

Helena ao entrar no rio passa a ser iluminada pela lua e no momento se torna a imagem mais bonita que vi em minha vida. Eu poderia ficar horas e horas admirando a cena, acredito que se houvesse alguma possibilidade de crer em anjos, eu associaria a imagem dela a um.

— A gente não tem muito tempo, Li. Vem! – Helena gritou.

— Se eu fosse você eu falaria mais baixo. Ou você esqueceu que estamos fugindo? – Disse colocando meu pé na água – Esta água... está bem gelada... Eu... an... vou dar uma olhada pra ver se encontro algo pra nos aquecermos depois.

Lena, além de estar linda, estava vindo em minha direção e minha respiração estava um pouco mais lenta. Me apresso para sair da água e pude notar a frustração em seu rosto. No mesmo instante, começo a procurar um local não tão longe dali para nos aquecermos e relaxarmos. A brisa fresca me deixa um pouco com frio e os meus pés, agora molhados, estão cada vez mais gelados. Eu me distancio cada vez mais do rio e as árvores começam a ficar densas novamente, dificultando novamente a iluminação. Acredito que se houvesse alguma emboscada por aqui, não haveria como fugir, até porque a única coisa que consigo ver agora são sombras. Em outras circunstancias poderíamos brincar entre essas árvores, no entanto, estamos fugindo e qualquer mudança de rota pode nos causar um enorme dano.

Um grito.

Meu coração começou a acelerar, fazia alguns minutos que havia me afastado do local e não havia sinal de perigo. Eu preciso saber o que aconteceu, eu não deveria ter a deixado só. O problema é que nesse momento a única coisa que posso imaginar é que nos encontraram, mas provavelmente não deve ser algo a mais. Corro em direção ao o rio procurando por Helena e ela não está mais lá. Eu começo a sentir frio na barriga como uma reação do meu corpo para me avisa que algo está para acontecer. Minha cabeça agora está doendo e eu caio. Fui atingida por algo. Agora a única coisa que consigo ver são sapatos próximos ao meu rosto, estou ao chão tentando ainda entender o que está acontecendo.

Uma voz.

— Você achou que conseguiria fugir tão fácil? - Eu conhecia esta voz.


Ele nos encontrou.

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