Capítulo 1

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― Desculpe ter demorado tanto, foi um pouco difícil encontrar essas amoras - o pai disse calmo enquanto entrava pela janela.

Sasuke estava tenso. Mais do que tenso. Ele apertava seus longos cabelos castanhos escuros e forçava um sorriso para o pai, se colocando em frente do armário à todo segundo. O homem pareceu cansado demais para perceber a cadeira que travava o armário, ou quatro dedos que estavam saindo de lá. Quando Sasuke viu os dedos de Kurama escapando do armário ele tratou de escondê-los o mais rápido possível e sem ser visto.

― Então papai... Para que são essas amoras mesmo?! - Sasuke perguntou franzindo o cenho fingindo estar curioso.

― Esqueceu que você pediu algumas amoras essa manhã querido? - o pai riu.

― Oh, verdade! - Sasuke riu nervoso colocando a mão na nuca.

― Tão jovem e tão esquecido - o pai brincou.

― Ahn... Papai, eu queria falar com o senhor - Sasuke disse enrolando uma de suas madeixas em seus dedos longos e finos. Ele olhou para o armário por um segundo, tentando imaginar a reação do pai se visse que Kurama havia descoberto sua torre.

― Sasuke, nós já conversamos...

― Não papai, eu...

― Sasuke...

― É diferente de...

― SASUKE, EU JÁ DISSE, NADA DE SAIR DA TORRE PARA VER AS LUZES IDIOTAS! - o pai disse furioso, exausto da mesma história todos os anos.

Sasuke se encolheu. O pai nunca havia falado com ele daquele modo e o garoto se sentiu com um pouco de medo. Seus grandes olhos ônix se arregalaram para o homem enquanto ele abraçava seus cabelos.

― Eu... Eu só queria dizer que já escolhi outra coisa para o meu aniversário - Sasuke murmurou baixinho, quase um sussurro.

― E o que seria? - o pai disse tentando voltar a sua postura.

Sasuke olhou hesitante mais uma vez em direção ao armário.

― Tinta! Minhas tintas acabaram, e eu queria fazer um novo desenho - Sasuke disse brincando com seus dedos.

― Eu só encontro tinta à uns cinco dias daqui - o pai pensou alto andando pela casa. ― Mas é seu aniversário não? - ele abriu um sorriso. ― Então vale o esforço. Afinal, você já é um rapaz, e ninguém se atreveria a entrar nessa torre e te fazer mal.

"Você quem pensa" Sasuke pensou pra si mesmo, mas não falou.

x x

No final da tarde, Sasuke sentia que sua pressão poderia cair à qualquer momento. Ele suava frio enquanto via seu pai arrumar uma cesta com alguns mantimentos para a viagem. O homem não desconfiava de nada, porque o garoto havia dado uma desculpa que o armário não estava mais fechando, e que seus potes de tintas que sobravam acabariam caindo e se espalhando pelo chão. O pai, um tanto preocupado disse que compraria algo para arrumar o armário, o que faria com que ele ficasse mais dois dias fora.

Assim que o pai desceu pelos cabelos de Sasuke, o garoto ficou na janela, até que o homem sumisse de vista. Quando o garoto teve certeza que não tinha mais sinais do homem ele correu de volta para o interior da torre.

― Tem alguém no meu guarda-roupa - Sasuke sussurrou para si mesmo baixinho. ― Tem alguém... No meu guarda-roupa! - ele abriu um sorriso. ― Eu sou frágil né papai?! Ao menos eu tenho uma frigideira - ele disse balançando a frigideira na mão, antes de quase atingir seu rosto com a mesma.

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