hypophrenia // l.s

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Capítulo 1

"Fala, Tommo!", a voz de Zayn soou animada do outro lado da linha, fazendo Louis sorrir de lado "Tá afim de ir em uma festa hoje, garanhão?"

Louis riu, rodando o objeto metálico em seus dedos até que sua face estivesse refletida na lâmina ensanguentada.

"Claro, Zee. Sabe como eu nunca dispenso uma festa" Louis observou seus olhos vermelhos e inchados pelo choro e pela maconha lhe encararem de volta friamente, sentindo o nó em sua garganta diminuir minimamente ao falar com o amigo. Pigarreou, forçando sua voz em um tom animado "Quer saber, você me passa o horário e endereço por mensagem? Eu estou um pouco ocupado aqui".

Zayn gargalhou e Louis sentiu seu estômago embrulhar "Bem que eu percebi o eco do banheiro, seu safado".

O garoto de olhos azuis forçou uma risada, se despedindo alegremente do amigo. Antes eu estivesse fazendo isso, Zayn.

Louis olhou para a navalha entre seus dedos, sentindo seu estômago revirar novamente ao ver seu sangue e seus pulsos cortados expostos. Não sentiu mais a necessidade de continuar rasgando sua carne, então se levantou do chão branco do banheiro com cuidado e arremessou a toalha suja de sangue no cesto que ficava ao lado da pia.

Soltou água corrente em seus pulsos, chiando contra o choque térmico e a ardência que o líquido causava. Levantou seus olhos até o espelho, puxando o cigarro da ponta da pia para dar uma longa tragada. Sua aparência estava devastada.

Seu olhar era cansado, suas íris estonteantes estavam contornadas por manchas cor de sangue, seus lábios estavam vermelhos e inchados pelas mordidas que Louis ali depositava ao se cortar. Seus cabelos castanhos caiam em seu rosto como um ninho de ratos. Seu peitoral estava marcado por hematomas amarelados da noite que passara com algum menino aleatório alguns dias atrás.

Ao tomar banho, Louis fez questão de esfregar bem todas as partes de seu corpo, tentando remover com a água e fortes esfregões uma sujeira que ele jamais conseguiria tirar de si.

:(:

Louis arrumou novamente as mangas longas de sua camisa, puxando-as até os pulsos para esconder seu serviço anterior. Bufou frustrado, observando como a camiseta modelava seu tronco excessivamente feminino. Forçou um sorriso, fazendo com que ruguinhas se formassem em volta de seus olhos.

Sua pele já não estava mais pálida e seus olhos haviam voltado ao normal. Talvez se se mantivesse sóbrio hoje à noite, conseguisse fazer com que ninguém percebesse o quão quebrado ele estava.

Mandou uma mensagem para Zayn avisando que em breve chegaria à festa. Aparentemente seria uma hp na casa de um dos amigos de colégio do Zayn. O que hps tem de tão especial para esses otários?

Louis borrifou perfume em sua nuca, saindo de casa e deixando um bilhete para Lily avisando que só voltaria pela manhã. Sua mãe, Lilian, era uma cirurgiã extremamente bem sucedida que sempre trabalhou duro em plantões até tarde no hospital para sustentar Louis e lhe dar tudo o que o menino queria. Bem, tudo menos a atenção da qual Louis tanto precisava.

Percorreu rapidamente o trajeto de sua casa até a hp, apertando seus dedos em torno do volante até os nós de seus dedos ficarem brancos. Seu carro deslizava com rapidez pelas ruas e Louis pisava mais fundo, levando o motor ao seu limite.

Dirigir em alta velocidade era uma das coisas que faziam Louis se sentir bem e realizado. O perigo corria por suas veias, fazendo-o se sentir vivo. Eram raros os momentos em que ele sentia seu coração pulsando no peito. Apesar de todas as drogas que usava, baladas que frequentava e pessoas com quem fodia, nada lhe causava sentimento algum. Havia algumas risadas, alguns gemidos, algum luxo, mas tudo acabava rápido, logo se convertendo em um arrastado sentimento de tristeza que parecia coagular toda a sua alma.