Apenas mais uma de amor

Unha quebrada, coração partido

Na maioria das vezes que quebramos alguma parte do nosso corpo, sentimos uma dor física imensa. Seja o braço, a perna, o pulso, o pé, as mais variadas partes do corpo. É como se sentíssemos os ossos se deslocando dentro de nós, podemos até ouvir. Mas você já viu uma mulher quebrando uma unha? Ela esta lá: cortada, limpa, pintada e brilhante e de repente, quebra-se. Não é a dor física que sentimos ao vê-la quebrada, mas sim uma dor emocional, uma frustração enorme. Passamos tanto tempo esperando que ela cresça bonita e firme e nos entristecemos ao vê-la destruída. Pode parecer uma analogia tosca, mas é igual ao nosso coração. Entristecemos-nos da mesma forma ao vê-lo quebrado.

Ao longo da nossa vida, nos apaixonamos inúmeras vezes, mas sempre ouvimos conselhos de todos sobre não entregar nosso coração tão rápido nas mãos de alguém. Mas será que podemos evitar? Somos tão carentes, precisamos tanto de alguém para preencher o vazio em nós que nem nos importamos. Entregamos nosso coração, junto com sonhos e todas as nossas expectativas em uma bandeja para alguém. Esperamos que esse alguém faça o mesmo conosco, estamos totalmente doadas e de braços abertos para recebê-lo. Mas isso não acontece. Vemos nossos sonhos sendo picotados por uma fragmentadora de papel, nossas expectativas sendo jogadas ralo abaixo e nosso coração quebrado em mil pedaços.

Oh, o quanto sofremos. Mas nunca aprendemos. Basta aparecer um novo alguém para que criemos novas expectativas, para incluirmos ele em nossos novos sonhos e para mais uma vez, entregar-lhe o nosso coração recém consertado. "Ele pode ser diferente dos outros", pensamos, mas no fundo sabemos que a história vai se repetir, temos essa certeza ali, mas nos deixamos enganar novamente, por ele e por nós mesmos.

O fato é que: precisamos dessa dor para nos sentir vivos. Precisamos sentir as lágrimas descendo pelo nosso rosto, precisamos sentir nosso peito nos esmagando por dentro, precisamos culpar alguém por algo que apenas nós temos culpa, e sabemos disso. Precisamos disso para sermos nós mesmos.

A unha cresce novamente, o coração é consertado, ambos prontos para outra rodada. Os deixamos brilhantes, refletindo a esperança que temos de que a unha, pintada com um esmalte vermelho sangue e o coração, bombeando amor pelo nosso organismo, passem mais tempo intactos dessa vez.

Minhas unhas não quebraram esse mês, nem meu coração.

E o seu?