I - Tempestade

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Ano de 5017

Solaris

Dionísio Luminos

Todos estavam loucos.

O palácio de Âmbar – sede do governo da bela Solaris – estava uma loucura. Damas de companhia de todas as partes do palácio corriam para o quarto onde Domitila – minha esposa e rainha de solaris – estava dando a luz nossa segunda filha, a que cumpriria a profecia, a 100º princesa de Solaris. Logo que o dia nasceu cinzento e escuro – como fora dito na profecia – sabíamos que seria o nascimento de nossa criança e agradecemos a bondosa deusa Aine por isso.

Parei de andar pelos corredores longos e sinuosos do castelo quando vi o pequeno Calixto – meu filho mais velho de 3 anos e príncipe herdeiro de Solaris – parado tremendo de frio e olhando para a porta. Seus cabelos loiros hoje adquiriram uma coloração bem mais clara e seus olhos verdes estavam maiores – de modo a captar mais luz. Sua pele, levemente bronzeada em vista ao verão praticamente eterno de Solaris, parecia destoante do dia frio e cinzento que estávamos tendo. Olhei para ele, que me olhava com um medo no olhar e sorri.

- "Papá" – ele falou com sua voz de criança – a maninha tá nascendo?

- Sim meu amor – falei o pegando no colo – hoje a sua maninha está nascendo. Ela é muito importante, sabia?

- "Poquê" "papa"?

- Porque ela vai cumprir a profecia da Deusa Aine – ele me olhou com seus grandes olhos verdes, e eu comecei a falar – sua irmã se unirá com o príncipe de Invernia e juntos eles acabarão com uma guerra que poderá destruir os reinos. Eles juntos darão vida a um novo mundo, nós não sabemos como.

Calixto me olhava com seus grandes olhos e no momento que questionaria mais, um longo e agudo grito foi ouvido a longas distâncias e logo uma mulher chegou perto de mim.

- Meu rei, precisamos do senhor junto com a rainha – ela falava nervosamente – este frio, este frio dificulta o nascimento da princesa.

- Sei disso, dama Nançar – deixei meu filho no chão e a entreguei – fique com o príncipe que irei ajudar a rainha – dito isto, sai correndo até o quarto de onde o grito havia saído. Ao chegar lá encontrei minha mulher pálida e suando frio e três parteiras ao seu redor, todas pedindo para a mulher na cama empurrar.

- Meu rei – elas falaram logo que entrei, fiz um sinal com a mão despistando formalidades e logo cheguei para minha mulher.

- Como está iubar? - falei o apelido que usava para minha mulher desde que a conheci, significava "meu raio de sol" em Latim - justamente na aula em que nos conhecemos. 

Por sermos nobres, havia uma escola própria para nós, onde aprendíamos tudo o que um nobre deveria aprender, haviam alguns - mais precisamente eu no caso - que tinham uma disciplina própria já que seria o futuro líder da nação - . Otto e eu sempre falávamos que casaríamos com mulheres que nos fizessem questionar a nós mesmos e foi exatamente isso que aconteceu quando aceitei fazer aquele trabalho de Latim com aquela garota doce, com minha iubar e ganhar o apelido de Sol meum que significa meu sol radiante.

- Ah Sol meum como dói, como dói – ela me olhou com uma única lágrima vacilante saindo de seu olho direito – e esse frio... Eu sabia que nossa doce Áurea seria a princesa prometida, a princesa da doce profecia – ela respirou fundo – então, me ajude Sol Meum?

Segurei a mão de minha mulher e a ajudei a empurrar, ela respirava com dificuldade, lágrimas caiam de seus olhos, e logo percebi que ela não era a única que chorava, meu rosto assim como o rosto de todas as mulheres presentes no quarto estava deveras marejado, até que – no pico do frio – Áurea nasceu, no primeiro momento ela não chorou o que deixou todos nós apreensivos, mas depois de longos 5 minutos seu choro poderia ser ouvido em todos os cantos e logo todos ao redor do Castelo de Âmbar e não tanto tempo depois todos na Cidadela Dourada – a capital do reino de Solaris – comemoravam o nascimento de nossa pequena princesa que salvaria a todos. 

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