Epílogo

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Arrumar as coisas que estão dentro das caixas é algo que eu adio a cada segundo da minha vida. Minha mãe ficou morando no apartamento que eu morava e eu me mudei para outro que Felipe comprou para nós, próximo de nossos pais, para não haver briga alguma.

Mas desde que nos casamos, há seis meses, o pensamento de mexer nas coisas para organizar e ao mesmo tempo, voltar à rotina, me deixou muito preguiçosa, mas hoje não teve jeito. Não há forma de organizar a casa dessa maneira e eu tive que mexer.

Para ajudar, não há somente as minhas coisas, o Felipe está tão empolgado quanto eu para arrumar suas coisas e na nossa pressa em empacotar tudo, nem eu e nem ele, nos lembramos de colocar alguma identificação nas caixas, tanto que eu acabei abrindo uma caixa que é dele, mas acabou me distraindo.

Há tantas fotos de sua infância que em vez de arrumar alguma coisa eu só estou fazendo mais bagunças. Tinha esquecido o quanto é divertido sentar e ver as fotos. Com essa coisa de tirar fotografias e colocar no computador, perdemos a essência que é tudo: lembrar dos bons momentos.

Passando de foto em foto, rindo em como Felipe era diferente quando era criança quando me deparei com uma foto que me fez congelar: o menino que brincava no parque comigo quando eu era criança.

Comecei a procurar em todas as fotos comparando o menino e não pude acreditar: era o Felipe.

— Mãe, pode falar? — Liguei para minha mãe, ainda vasculhando todas as fotos. Era como se eu visse tudo novamente pela primeira vez.

— Sim filha, aconteceu alguma coisa?

— Lembra quando eu era bem criança e a senhora me levava no parquinho escondido do pai?

— Sim.

— E lembra que tinha um menino que sempre brincava comigo?

— Lembro vagamente.

— O Felipe é este menino. — Ouvi a risada dela no telefone.

— Carol, você era muito pequena. Como lembrar dele?

— Não sei como, só sei que lembro. É o Felipe mãe, não acredito. — Eu estava eufórica. A ideia de ter encontrado o menino que rodeou meus pensamentos logo que meu pai morreu me deixou empolgada.

— E como você descobriu isso?

Contei para minha mãe como descobri, mas não conseguia me conter de tanta felicidade, euforia. Como podia, depois de tanto tempo, eu não somente encontrar com o menino que fez parte do meu passado, mas me casar com ele.

Felipe tinha ido para Salvador numa reunião de negócios, mas deve chegar esta noite. Mesmo assim, tudo que eu mais queria era poder ligar para ele para contar o que eu havia descoberto.

Estava ainda na bagunça das fotos, juntando quais eu iria mostrar para o Felipe. Não tinha certeza se ele lembraria de mim, mas eu estava empolgada quando o Pedro chegou em casa.

— Oi menina, como você está?

— Bem seu Pedro, e o senhor?

— Estava me sentindo sozinho naquela casa, acho que eu preciso de netos para preencher meus dias.

— Lá vem o senhor com suas ideias.

— Você vai ver menina, eu sempre tenho razão. — Eu ri, levando ele até a sala, aonde estava toda minha bagunça. — Parece que tem alguém que está empolgada hoje. — Ele se sentou no sofá e eu voltei a me sentar no chão, junto com a minha bagunça.

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