Criminal

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" Fui chamado rapidamente a um hospital próximo. Me disseram que Josh estava lá, baleado. No primeiro momento eu não acreditei no que me disseram, mas depois, não pude conter minhas lágrimas. Estávamos juntos a muito tempo e isso terminou em questão de horas. O choque para mim foi imenso, era capaz de fazer alguma loucura se Josh não estivesse vivo.
Estava trêmulo, dirigi como um furacão, quase bati meu carro, mas não estava ligando mais, se Josh não estivesse nele comigo não havia importância de poupar essa máquina desprezível.
Quando entrei na emergência do hospital, as enfermeiras já estavam a minha espera na porta, eu só pedi o número do quarto dele, ninguém ousou me dizer mais nada. Subi as escadas um pouco tonto, mas não ligo se eu cair dessa escada suja, meu sangue não vale metade do Josh.
A porta do quarto estava aberta, eu não acreditei quando vi Josh chegando da sala de emergência desmaiado na cama do quarto. Esperei até a hora que ele acordasse, não havia cadeiras no quarto, então esperei no chão mesmo. O chão era frio, mas não tão frio ao nível do que eu estava sentindo. Se eu adoecer? Que o frio tome o calor de meu corpo e que a terra coma estes trapos que alguns chamariam de corpo.
Josh acabou de acordar depois de três horas. Nem sei o que dizer a ele, eu queria estapear aquele rosto, mas também queria beijá-lo e dizer que está tudo bem, mas não está. Estava perdendo sangue aos poucos, eu sentia isso, sentia uma parte de mim morrer, sentia tudo que era vivo em mim morrer.
Josh me disse que o 'assalto' tinha dado errado. PORQUÊ JOSH, PORQUÊ?  EU TE AMO E VOCÊ FAZ ISSO COMIGO? Tentei dizer sem chorar, mas já era tarde. Ver Josh naquela situação era a pior coisa. E agora ele ia me deixar ali, naquele jeito. Mas não importava, qual era o sentido da vida se Josh não estava lá para fazê-la amável?
Josh falava baixo, quase em gemidos, eu sabia que já estava na hora, a hora de dizer adeus.
Eu ofereci meu sangue ao doutor para salvá-lo, tentei pedir o melhor médico de todos fosse até lá, eu me virava para pagar depois, mas nada adiantava. Era o fim.
Dei um último beijo nos lábios rosados daquele que um dia me amou mais do que qualquer outra pessoa, mas já estavam frios, era o último suspiro.
Fiquei paralisado por um tempo, mas logo andei até a porta, todos as enfermeiras estavam me olhando sair do quarto. Enquanto eu pegava a escada me veio uma música na cabeça, a última música que eu poderia pensar. Criminal.
Josh era um vagabundo. Mentia, blefava, ninguém confiava nele. Todos me falavam para ficar, mas eu não ouvi, criei um amor irracional, mas real. Minha mãe chorava quando eu falava dele.
Todos faziam comentários maldosos sobre ele, mas ninguém conheceu Josh como eu.
Eu tinha um futuro brilhante, mas preferi foder minha vida com um criminoso, mas fodi minha vida por amor, amor ao que era desprezível aos olhos dos outros, assim como eu sou agora. Coisas desprezíveis devem ser jogadas fora, por isso as escadas me levavam ao terraço do hospital, a borda se parecia com uma grande lata de lixo. Eu estava a beira entrar na lixeira, o lugar onde meu corpo agora pertencia. Mas também estava a beira de me unir aquele que me amou de verdade.
'Decifra-me ou devoro-te' dizia a vida em minha frente. Eu encontrei as chaves para decifrá-la, mas não decifrei, preferi me afundar em seus detalhes, minha perdição.
A lata de lixo não podia esperar mais. Queria me engolir aos poucos, mas não fazia mal, a vida me digeria de um lado, a lixeira, com os olhos, do outro. Já não restava mais nada que pudesse servir de matéria para a vida digerir, somente os restos, mais desprezíveis do que antes, e dessa vez ninguém iria querer aquilo, nem mesmo a grande lixeira, somente o vazio, que não me libertara por um só segundo. Era sem razão, mas eu o amava".
-Memórias perdidas de uma mente perturbada.

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⏰ Última atualização: Mar 10, 2017 ⏰

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Criminal // Oneshot JoshlerOnde histórias criam vida. Descubra agora