Joey
De três coisas eu estava convicto. Primeira: Travis estava muito estranho naquela manhã. Segunda: eu não sirvo para dar uma de Bella Swan. E terceira: eu vou fazer ele abrir o bico.
E para deixar claro desde agora, o uso da força não será comedido. Bem, talvez um pouquinho, posso lascar uma unha por bobagem e isso é uma das coisas que pretendo evitar.
Talvez eu peça para meu irmão utilizar a força, parece uma ótima opção se eu não tiver que explicar nada porque é óbvio que eu não quero falar daquela conversa que tive com Travis, nem morto. Ok, talvez não seja a melhor ideia envolver meu irmão nisso, já que ele me ajudou a escolher a minha roupa e ficou todo desconfiado achando que eu estava mais arrumado que o normal.
— 'Cê não acha que é demais, não? — John perguntou pela milésima vez ao perceber que além da roupa eu estava passando uma sombra de leve nos olhos.
— É que fica lindo com esse blusão — expliquei. — E nem dá 'pra ver, me deixa.
— Falando nesse blusão, se não acha fino demais? E se nem dá 'pra ver porque 'tá colocando?
— Vai catar coquinho — disse em um resmungo baixo.
John riu e então se aproximou de mim me balançando pelos ombros.
— Ei! Minha maquiagem! Eu quase borrei — reclamei.
— Não precisa ficar triste e fazer biquinho, irmão preferido.
— Não 'tô fazendo bico.
— E o que é isso aqui? — perguntou apontando para minha boca. Avancei para morder seu dedo, mas ele foi mais rápido. — Olha que eu não te ajudo dá próxima vez.
— Ilhi qui ni ti ajidi da priximi viz.
— Se colocou uns as no meio.
Bufei.
— Sai daqui, deixa eu terminar minha sombra em paz.
— Só se tu pegar um casaco.
— Eu pego, agora xô. — Espantei ele com a mão.
Para meu desespero, meu irmão e minha mãe não foram a parte mais complicada, se bem que meu irmão ficou em segundo lugar assim que entramos em seu carro e ele tentou descobrir quem eu estava tentando impressionar.
— Então... — ele começou. — Quem é?
— O que?
— Que 'cê quer pegar 'pra 'tá se arrumando todo.
Rolei os olhos.
— Não quero pegar ninguém, só quero ser lindo — disse enquanto me olhava no espelho do carro para ajeitar o cabelo, apenas como uma desculpa para fingir que ele não estava no caminho certo em suas pressuposições.
— Hmm, sei.
John não disse mais nada e não sou eu quem vai reclamar, mesmo percebendo que ele não comprou meu peixe.
Ao chegarmos no pátio com nossos amigos, fiz questão de sentar na mesa onde Joane não estava, ela que sente com o melhor amigo dela, pois eu já vendi o tema de casa por um hamburgão. Percebi que John me observava para ver se eu, sem perceber, entregava quem era o suposto cara que eu queria, mas não sou bobo não (eu espero). Eu até achei estranho que Pat veio sentar do meu lado e não ao lado de Joane, mas eles sempre brigam e ficam se dando gelo por um tempinho, deveria ser o caso de novo.
Não era como se eu esperasse que assim que Travis pisasse na escola nós iríamos conversar sobre o que aconteceu no domingo, mas não deixei de ficar um pouco decepcionado ao perceber que ele nem olhou na minha direção ao sentar ao lado de Joane e pedir as respostas do exercício de geografia. Travis parecia estranho e não digo isso apenas porque ele nem me olhou (e eu estou um pitélzinho), mas porque parecia ter outra vibe nele, como se algo tivesse acontecido. A única coisa que passou pela minha mente nessa hora foi o que aconteceu entre nós dois, mas nunca imaginei que ele pudesse surtar depois do que fizemos como alguns outros caras por ai, mas a gente nunca realmente conhece alguém, não é mesmo?
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Amigos, amigos, jogos à parte [em revisão]
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