Os últimos dias de Zachary

Último dia

  Zachary estava chegando em seu destino final, a montanha, em seu pé havia uma caverna e queria entrar nela.
  Ao ficar de frente para a caverna ouviu um rosnado. Zachary apertou seus olhos para ver o que era, um filhote de lobo saiu da escuridão da caverna e continuou rosnando como se fosse um lobo grande e assustador, Zachary achou aquilo bonitinho.
  - Você puxou em muito seu pai sabia. - Falou Zachary com um sorriso terno em seu rosto.
  Logo se ouviu mais rosnados, dessa vez eram muitos e mais ferozes, varias luzes amareladas como se fossem olhos apareceram na escuridão da caverna. Saiu dela lobos do tamanho de cavalos, com sua pelagem preta e dentes enormes.
  - Vocês andaram diminuindo de tamanho sabia? - Falou Zachary coçando a cabeça com uma expressão pensativa no rosto.
  Os lobos cercaram o velho lentamente, não tinha como escapar dali, se bem que Zachary não queria mesmo. Um lobo três vezes maior que os outros saiu da caverna, ele tinha uma cicatriz em seu olho direito, tinha uma expressão de extrema raiva estampada em seu rosto. Zachary sorriu ao vê-lo.
  - Rockwell! Como você cresceu! - Exclamou com alegria o velho.
  O lobo imenso parou e ficou encarando o idoso por um momento, depois latiu para os seus companheiros de matilha, que pararam imediatamente. Zachary não se conteve e foi correndo em direção ao lobo conhecido como Rockwell com os braços abertos, pulou em seu peito e deu um enorme abraço.
  - Faz tempo que não te vejo amigão! Vejo que se tornou! o alfa de uma matilha. - Zachary olhou para os outros lobos. - Pensei que eles seriam maiores.
  Rockwell latiu três vezes a enormes criaturas abriram caminho, Zachary e o alfa entraram na escura caverna.
  Zachary conseguia enxergar muito bem dentro dela, já esteve ali em algumas ocasiões, a primeira vez com Rockwell, antes dele virar lobo.
  - Você andou muito ocupado? - Perguntou Zachary ao grande lobo que andava ao seu lado, Rockwell respondeu com um latido.
  - Te entendo, ensinar a esses lobos não deve ser nada fácil.
  O lobo deu mais um latido como resposta.
  - Sério? Todos eles?
  Mais um latido.
  - Você mudou mesmo.
  Ao adentrar cada vez mais fundo da caverna, podia se ver pinturas nas paredes, uma delas de duas pessoas entrando em um buraco, era uma historia que Zachary conhecia muito bem.
  - Vejo que você se adaptou bem com sua...- Zachary procurou uma palavra. - situação.
  O lobo latiu, mal humorado.
  - Hey! Não me culpe pelo ocorrido, foi você quem roubou deles! - Falou Zachary irritado.
  O lobo latiu mal humorado de novo.
  - Sim! Mas eu roubei algo diferente! - Falou Zachary tentando se defender.
  O lobo latiu animado.
  - Sim! Por muitos anos! - Zachary deu uma enorme gargalhada, o lobo também teria dado, se conseguisse. - No fim nossas maldições foram diferentes. O meu doeu mais. - Zachary fez uma expressão triste. O lobo nada falou.
  Ao fim da caverna podia se ver a luz, ao sair dela podia se ver a última pintura humana da caverna, um homem se casando e outro se transformando em lobo.
  O final da caverna não era do outro lado da montanha, e sim no centro dela. Ali havia o que parecia ser um enorme jardim, com flores de todas as cores e espécies. Zachary estava boquiaberto, o lugar era sempre lindo.
  - Obrigado Rockwell, você cuidou do lugar por mim, e não posso retribuir o favor.
  O lobo latiu de forma consoladora.
  O velho sorriu e seguiu andando, não precisava se despedir de seu companheiro lobo, não iria mais para lugar nenhum. Rockwell ficou observando seu amigo caminhar por um tempo, depois voltou para a escuridão da caverna.
  No centro do jardim havia uma lápide, mas não tinha nada escrito nela, era tradição do povo dela ser enterrado com lápides vazias.
  Zachary deu um sorriso terno ao ver a lápide.
  - Voltei meu amor.
  Se sentou junto a lápide, retirou uma garrafa de vinho do bolso, abriu a tampa, e despejou o conteúdo em cima da lápide.
  - É o seu preferido.
  Tomou um pouco do vinho e se encostou na lápide.
  - Senti sua falta sabia, você foi a melhor esposa que eu já tive. A única na verdade.
  Zachary ficou observando o lugar por mais tempo, sem pressa enquanto conversava com o túmulo de sua esposa.
  Contou sobre seus filhos, netos e bisnetos, sobre as outras aventuras que teve em outra vila, sobre como não suportava mais ficar sozinho, mesmo nunca mais estando sozinho.
  Conversou sobre muitas coisas até se cansar e ficar observando o jardim silenciosamente, depois caiu no sono.
  - Você continua sendo um despreocupado como sempre.
  Zachary acordou e viu uma mulher jovem e bonita, loira com os olhos verdes e orelhas pontudas, vestia um vestido verde como se fosse uma princesa. Ela tinha uma expressão de alguém da alta realeza, sem sorriso.
  - Você esta linda como sempre meu amor. - Falou Zachary dm tom cansado.
  A mulher se desmanchou em um a prisão terno e cheio de amor.
  - Vim te levar meu querido. - Falou a mulher, e estendeu a mão para Zachary, que aceitou a oferta.
  Os dois saíram para dar seu longo passeio para o jardim, e desapareceram entre as árvores.
(...)
  Rockwell andava pelo jardim como de costume, e parou ao se deparar com duas lápides, uma não estava escrita nada, a outra continha o nome de Zachary.