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              Malia Stewart P.O.V

Acordo com o cheiro de umidade do meu quarto no apartamento da minha mãe. Não via a hora de sair daquele lugar, era o único que eu queria. Tudo aqui me trazia lembranças dela. Olhava para o sofá e me lembrava do jeito que ela fazia cosquinhas em mim até chorar de rir nele, ou da cafeteira velha que sempre nos fazia tomar um choque quando ligava. Eu escutava sua risada ecoando por aqueles cômodos, eu tinha que ir embora.

Além do mais, minha mãe já tinha cuidado da venda do apartamento antes de.. bom, antes daquilo acontecer. Então eu tinha até sábado para resolver onde morar.

Termino de arrumar minhas malas e as deixo do lado da cama. Pego minha bolsa e as chaves do meu carro, e lá estava eu, indo para a fraternidade Venu em busca de um quarto para ficar.

O dia estava um nublado cinza, e meu carro estava cheirando a alecrim e chiclete de uva. Fico alguns minutos enrolando para ligá-lo, e pensando se era o certo a se fazer. Afinal, minha cabeça estava á mil. Acho que um mês sem ir para a faculdade me ajudaria, pensar nas coisas, mais bem organizá-las.

Não entendo a minha vontade repentina de ir me inscrever tão cedo na Venu, afinal, eu odiava aquele lugar. Eles estavam o tempo todo dando festas e fingindo que ainda estavam no colegial. Era irritante.
Mas também tem aquela questão...
Aquele garoto não saía da minha cabeça.

É no mínimo estranho eu querer morar lá e tê-lo de vizinho mesmo depois de tanta informação que ele obtinha de mim. Eu não queria tocar naquele assunto, tentar tirar minha vida foi um erro assustador. Não consegui dormir pensando no "E se ele não tivesse chegado." Não que aquele Justin seja um herói, longe disso. Mas devo reconhecer que ele chegou na hora certa, eu deveria agradecer.

Reviro os olhos com esse pensamento.

O que eu poderia dizer? "Ei, obrigado por ter me impedido de quebrar a cabeça no asfalto, te vejo depois."
Eu não diria isso nem fodendo.

Ligo o carro e começo a dirigir. Eram duas e meia, tinha combinado falar com a garota que se responsabilizava pela fraternidade ás três. Eu demorei vinte minutos para chegar lá sem o transito, e pelos meus cálculos, demoraria mais dez para chegar na NYU todos os dias se eu morasse lá, por isso era uma vantagem.

Estaciono na frente da enorme casa, que estava estranhamente silenciosa pela fama que tinha no campus. Bom, eu nunca vim a uma festa da Venu. Motivos? Eu não era muito sociável na faculdade.

A Venu fazia parte de um condomínio de casas enormes, claro que não eram todas fraternidades, mas havia uma ou duas. Porém, só esta era financiada pela NYU.

Toco a campainha, e ajeito sutilmente a barra do meu vestido para baixo, tentando não ficar nervosa.
Uma garota baixinha abre a porta vermelha em minha frente, e logo esboça um sorriso.

— Você é a Talia, não é? Veio falar sobre a mudança... — Ela ajeita os cabelos, e percebo que ela estava de pijama.

— Hã... Malia, sim.

— Ah, claro desculpa. Entra. — Ela faz um gesto de referência.

A sala da casa estava totalmente bagunçada, o sofá estava com uma mancha escura enorme no forro, acompanhada de farelos de algum salgado espalhados por ele. Tentei desviar a atenção daquele sofá, mas só consegui reparar no resto da casa quando a garota me chamou.

— Você quer que eu te mostre o lugar ou já quer ir assinando os papeis? — Ela diz de uma forma direta.

— Hã... – Copos jogados no balcão da cozinha me atordoam de novo. — Você se importaria de me mostrar?

Kill your DemonsOnde histórias criam vida. Descubra agora