Eu caminhava cada vez mais devagar, gostaria de poder parar e virar as costas desta vez, mas de repente eu já estava ali, em frente ao Rio Han, assistindo ao pôr do sol e pensando nele. Pensando na forma que algumas mechas de sua franja caíam sobre os olhos, o deixando tão lindo enquanto sorria quadrado para mim, daquele jeito único que aquecia meu peito; pensando em quando ele usava aquele casaco marrom pesado e um cachecol claro nos dias mais frios e como se encolhia de uma forma adorável quando algum vento gelado passava por si; pensando no som inconfundível e gostoso de sua risada quando alguém fazia qualquer piada; pensando no brilho que sempre vi em seus olhos, no modo como sempre parecia feliz e contagiava a todos.
Ah, como tem sido frequente pensar nele. E eu estava adiando ao máximo encontrar-me com ele para lhe dizer ao menos uma parte da ridícula história "hipotética" que eu criei divida em tópicos ridiculamente detalhados com um monte de confissões ridículas sobre o quanto eu - hipoteticamente - estou ridiculamente apaixonado pelo garoto mais bonito que eu já havia visto e o quão ridículo eu estava sendo guardando aqueles sentimentos - que também eram ridículos. Soa tão humilhante, tão clichê e apaixonado que só de pensar já quero desistir.
E mais uma vez sobressaltei-me quando alguém chegou enquanto eu pensava nele. Normalmente meu coração se acalmaria após o breve susto, porém ele pulou ainda mais rápido dentro do meu peito ao constatar que quem chegara fora ele. Kim Taehyung.
- Olá, hyung. - sorriu.
- Oi, Taehyunggie-ah. - desviei o olhar tentando controlar meus batimentos. Eu realmente espero que ele não me cause nenhum problema cardíaco até, ao menos, o final desta noite.
- É bonito, não é? - ele seguiu meu olhar ao pôr do sol.
- Sim, muito. - suspirei.
- Ele parece tímido, como você, hyung. - riu soprado.
- Eu? - ele balançou a cabeça afirmando de um modo infantil e adorável. - Ah, pois ele é incrivelmente bonito como você, TaeTae.
- Yah! Não diga essas coisas. - sorriu envergonhado.
- Você não gosta de ser elogiado?
- Gosto, eu só...-
- Já vai anoitecer, o que acha de irmos até alguma cafeteria? - perguntei, mesmo já sabendo a resposta.
- Vamos esperar o pôr do sol terminar. - sorri, feliz saber sua resposta. Queria saber todas as outras também.
*
Naquele dia eu não consegui dizer o que desejava. Nem mesmo nas outras duas tentativas. Sempre acabava arranjando qualquer desculpa para vê-lo, mas sem dizer absolutamente nada do que passava. E aquilo estava me deixando louco. Louco de amor.
Eu amava Kim Taehyung, não restavam dúvidas. Se é que elas realmente existiam.
Precisava arranjar o lugar e o momento certo para contar tudo, estava a quase um mês planejando as coisas, mas tudo deu errado - ou talvez devesse dizer, estranhamente certo. Nós iríamos ao parque e na roda gigante, lá em cima, eu iria dizer tudo. Ele não fugiria de mim e se desse sorte, roubaria um beijo - palavras de Jimin.
Mas para minha horrível desgraça e burrice, eu sequer lembrei que tinha medo de altura, xinguei Park Jimin mentalmente com todas palavras pejorativas que me lembrei quando o brinquedo havia parado lá, a metros do chão. Ficou ainda melhor quando Taehyung riu da minha cara assustada, ou talvez quando descemos e ele vomitou numa lata de lixo qualquer por ali.
Ótimo, fiz o cara que eu tô' afim passar mal. Parabéns, Jung Hoseok.
- Compra uma água para mim? - ele perguntou rindo. Ok, ele está rindo, talvez a ideia não tenha sido tão ruim.
Não, foi péssima.
- Você está bem?
- Só compra uma água, bobo.
Compramos uma água e um bala de menta qualquer, Taehyung disse que odiava o gosto amargo em sua boca. Só melhora. Nos sentamos em um banco, um pouco afastado dos brinquedos do parque, aonde tinha apenas grama e algumas árvores. Era bem agradável e confortante.
- Me desculpa por isso, TaeTae.
- O quê? - ele parecia confuso. Taehyung era uma criança, balançava suas pernas para trás e para frente, e apesar de elas alcançarem o chão, ele não as parava em momento algum.
- Por feito você vomitar. - mais uma vez sua risada gostosa soou, mas desta vez era rindo de mim, então de certa forma não consegui apreciar o quão bonito era aquele som.
- Você não me fez vomitar, hyung, e também, não tem problema. - deu de ombros - Compra um algodão-doce pra mim. - pediu batendo seu ombro no meu. O olhei de relance.
- Você é um aproveitador barato, usando à mim e meu dinheiro. - acusei brincalhão.
- Sou mesmo. - ri alto.
- Por que eu gosto de você mesmo? - soltei quase que sem querer. Arregalei os olhos logo no final na frase, rezando para que passasse despercebido.
- Eu também gosto de você, Hoseok hyung. - sorriu aberto, segurando minha mão animado. Engasguei com minha própria saliva. Mas que droga.
- O-o q-que? E-eu não... não foi isso que..- - respirei fundo antes de tentar falar novamente. - Não foi isso que eu quis dizer. - ditei com toda convicção que eu encontrei.
- Mesmo? - eu podia sentir a falsa ingenuidade ali, ele estava brincando comigo? - É realmente uma pena, porque eu realmente gosto de você, Seokkie hyung. - um beiço absurdamente fofo e adorável surgiu em seus lábios e eu não pude evitar encará-los. Passei alguns segundos perdido ali, provavelmente parecia um idiota, mas eu sequer liguei desta vez.
- Quando você vai me beijar, hyung? Eu venho esperando à um tempo... - ele soava extremamente manhoso e provocativo, eu não sei o que aconteceu, nem onde eu ou minha cabeça foi parar, o que pensei. Apenas sei que olhei em seus olhos e Taehyung abriu aquele sorriso que me fazia ter sede de beijá-lo, e foi exatamente o que eu fiz.
Tomei seus lábios com os meus, e nem me importei se eu meu plano inicial era contar meus sentimentos, começar a falar sobre aquele tópico ridículo que eu havia criado, ou me desculpar por sentir esse tipo de coisa por ele - sim, eu havia pensado nessa possibilidade.
Eu não faço ideia de quanto tempo passamos ali, com os lábios grudados, me pareceu muito tempo, e eu agradeço, pois foi o melhor encostar de lábios que eu poderia provar. Eu também não sei em qual momento sua língua passou pelos meus lábios, e sinceramente, eu não ligo, porque era absurdamente bom. E na verdade, eu não prestei atenção em nada verdadeiramente, apenas naqueles lábios macios e o gosto de menta que se misturava com o meu de pasta de dente.
Ah, ali eu percebi que era egoísta. Fiquei tão cego pela minha insegurança e preocupado se iria levar um fora que sequer percebi que Taehyung que correspondia. Eu deveria ter aberto os olhos mais cedo.
Uma coisa que eu me lembro muito bem, foi quando nos separamos. Me lembro do pequeno sentimento de frustração que floresceu em mim no início, mas que foi tomado pela felicidade e satisfação logo depois de ver Taehyung sorrindo para mim novamente.
- E o meu algodão-doce?
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cotton candy;; vhope
FanfictionOnde Hoseok aprendeu a parar de pensar em suas próprias inseguranças para observar mais as pessoas ao seu redor e o que elas sentiam. Especialmente aquele garoto do sorriso quadrado. [vhope!fluffy] [oneshot]